metropoles.com

Superlotado e com falhas, metrô do DF está longe de entrar nos trilhos

Trens abarrotados, problemas em escadas rolantes, elevadores quebrados e cartões com falhas são alguns problemas apontados por passageiros

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Hugo Barreto/Metrópoles
Brasília (DF), 11/10/2018 DF NA REAL  Metrô Local:  Metrô Foto: Hugo Barreto/Metrópoles
1 de 1 Brasília (DF), 11/10/2018 DF NA REAL Metrô Local: Metrô Foto: Hugo Barreto/Metrópoles - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

A população do Distrito Federal tem utilizado cada vez mais o metrô. O turbulento cenário econômico do Brasil, as sucessivas altas nos preços dos combustíveis e recorrentes paralisações de funcionários do combalido sistema rodoviário, entre outros fatores, segundo especialistas, explicam o aumento de 12,9% no número de passageiros, desde 2015. Apesar disso, não houve, no período, melhorias capazes de acompanhar a curva de crescimento da demanda.

Em média, 162,5 mil pessoas usam o transporte de trilhos na capital do país diariamente, de acordo com dados da Companhia do Metropolitano (Metrô-DF). No dia de maior movimento do ano, que aconteceu em setembro, o número atingiu 175,5 mil usuários. Em 2015, 144 mil utilizavam esse meio para se locomover. Os investimentos em manutenção também apresentaram incremento: cinco vezes em 2017 comparado às aplicações de 2013 a 2016. O aporte saltou de R$ 4,5 milhões anuais para R$ 22,2 milhões. Entretanto, problemas como superlotação e falhas estruturais ainda dão o tom das reclamações dos usuários.

6 imagens
Superlotação no metrô às 7h
O problema ocorre em horários de pico
Há superlotação também nas primeiras horas da noite
Multidão desembarca na estação Central (Rodoviária do Plano Piloto)
População reclama de antigos problemas no transporte metroviário
1 de 6

Embarque na Estação Ceilândia

Hugo Barreto/Metrópoles
2 de 6

Superlotação no metrô às 7h

Hugo Barreto/Metrópoles
3 de 6

O problema ocorre em horários de pico

Igo Estrela/Metrópoles
4 de 6

Há superlotação também nas primeiras horas da noite

Hugo Barreto/Metrópoles
5 de 6

Multidão desembarca na estação Central (Rodoviária do Plano Piloto)

Hugo Barreto/Metrópoles
6 de 6

População reclama de antigos problemas no transporte metroviário

Hugo Barreto/Metrópoles

Nesta reportagem da série DF na Real — na qual os candidatos ao Governo do DF expõem propostas (confira no fim do texto) de solução para os problemas apontados pelos brasilienses —, o Metrópoles aborda as adversidades enfrentadas por passageiros do metrô.

“Quando a escada rolante e o elevador não funcionam, tenho de descer com minha filha de 1 ano e o carrinho dela pelos degraus comuns. É um risco. Às vezes, aparece alguém do metrô para me ajudar. Às vezes, não”, reclama a monitora Franciele Camelo, 28 anos. Moradora da Ceilândia, ela usa o transporte de segunda a sexta para ir e voltar da creche onde trabalha, em Águas Claras, cujo terminal só não é mais movimentado que o Central, na Rodoviária do Plano Piloto. Percorre esse trajeto sempre acompanhada da filha Isabella Carneiro, de apenas 1 ano.

 

Após superar os desafios enfrentados logo na chegada da Estação Ceilândia, Franciele e o bebê adentram na multidão de passageiros dentro do vagão. A superlotação faz parte da rotina das duas. O incômodo ocorre principalmente quando não há alguém que, caridosamente, cede assento à mulher. “Nunca nos machucamos por causa disso. Mas já vi muita gente passando mal quando está muito cheio. Fica abafado, quase insuportável”, lamentou.

Joseir Rodrigues Bezerra, 49, engrossa o coro. “Há quem embarque na Estação Ceilândia, vá até a próxima [Ceilândia Norte] e volte a essa para viajar sentado. Mas, para isso, é preciso chegar muito mais cedo”, relatou. Ele trabalha em um shopping ao lado da estação.

6 imagens
Passageiros aguardam embarque
Multidão desembarca na Estação Central
Além de superlotação, passageiros se queixam de falha no sistema de bilhetagem
O problema causa constrangimento aos usuários
Quando há esse tipo de entrave, eles são obrigados a comprar bilhete
1 de 6

Franciele Camelo e a filha Isabella Carneiro enfrentam problemas no metrô diariamente

Hugo Barreto/Metrópoles
2 de 6

Passageiros aguardam embarque

Hugo Barreto/Metrópoles
3 de 6

Multidão desembarca na Estação Central

Igo Estrela/Metrópoles
4 de 6

Além de superlotação, passageiros se queixam de falha no sistema de bilhetagem

Igo Estrela/Metrópoles
5 de 6

O problema causa constrangimento aos usuários

Igo Estrela/Metrópoles
6 de 6

Quando há esse tipo de entrave, eles são obrigados a comprar bilhete

Igo Estrela/Metrópoles

Além da superlotação e do mau funcionamento de escadas rolantes e dos elevadores, os passageiros se queixam de falhas no sistema de bilhetagem. Joseir é usuário do Bilhete Único, cartão pelo qual pessoas podem utilizar ônibus e metrô, integradamente. Ele conta que passou por constrangimentos devido a erros ocorridos nas catracas de acesso. Além das situações embaraçosas, esses imprevistos geram longas filas e, consequentemente, atrasos nos embarques.

“A gente passa vergonha, tenta cinco, seis vezes, e o cartão não passa. Somos forçados a comprar um bilhete ou outro cartão. Mas nem sempre temos dinheiro para isso

Joseir Bezerra, passageiro
Hugo Barreto/Metrópoles
Joseir Bezerra contou que seu cartão do Bilhete Único apresentou falhas por cerca de três meses

 

Aumento da demanda
Especialista em mobilidade urbana, Luis Roberto Paganini projeta um cenário ainda mais desafiador para a população do DF que depende de metrô. Principalmente, se o cenário socioeconômico não melhorar nos próximos anos.

“A população tem crescido em ritmo acelerado. O aumento de 12,9% no número de passageiros do metrô em três anos é elevado. E há um conjunto de fatores que não contribuem para as pessoas utilizarem outros meios de locomoção, como bicicletas e ônibus, por exemplo. O alto desemprego e o preço elevado do combustível atrapalha quem quer ter carro. Isso preocupa”, explicou.

Sob promessa de facilitar o transporte de Samambaia, terceira cidade mais populosa do DF, o governo local lançou em setembro edital de licitação para expansão e modernização do metrô na região administrativa. A medida deve possibilitar acesso de 9,8 mil novos passageiros por dia na cidade onde vivem 252 mil pessoas, de acordo com a última Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios, de 2015/2016, da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan). Apesar disso, o pesquisador avalia a ação como insuficiente.

“Há centenas de milhares de pessoas na parte norte do DF que nem sequer têm acesso ao metrô. Sobradinho, Planaltina e Asa Norte são exemplos. Essa população merece atenção prioritária”, criticou. A diarista Janilda Oliveira, 46, vive no Paranoá e reclama da falta de estação de metrô na cidade. “A maior parte dos meus clientes vive na Asa Sul. Todos os dias, preciso sair de casa às 6h, no máximo, para conseguir chegar lá por volta das 7h20. Se houvesse metrô, eu gastaria muito menos tempo no trajeto”, lamentou.

Investimento
Para ter sistema de transporte metroviário eficiente, moderno e livre de problemas, o DF precisaria investir R$ 26 bilhões em melhorias e construções de ferrovias e terminais. É o que mostra pesquisa da Confederação Nacional de Transporte (CNT) divulgada em agosto. O investimento traria ampliação de 300km no sistema.

3 imagens
Para o especialista, há mudanças prioritárias
Passageiros apontam longos intervalos entre trens como uma das causas da superlotação
1 de 3

Felipe Menezes/Metrópoles
2 de 3

Para o especialista, há mudanças prioritárias

Felipe Menezes/Metrópoles
3 de 3

Passageiros apontam longos intervalos entre trens como uma das causas da superlotação

Felipe Menezes/Metrópoles

O outro lado
O Metrô-DF informou que o sistema de bilhetagem envolve, além da companhia, a Secretaria de Mobilidade (Semob-DF) e o DFTrans. “Como se trata de um novo sistema, alguns ajustes vêm sendo realizados. A contratação de empresa para dar manutenção dos validadores do sistema gerido pelo DFTrans tem previsão de conclusão para a próxima semana”, acrescentou.

A companhia disse também que a decisão do governo federal em liberar os recursos para melhorias do Metrô-DF em Samambaia ocorreu em função da cidade possuir grande expansão populacional em relação às demais regiões do DF.

O Metrô-DF não comentou o problema de superlotação.

Veja o que os candidatos ao GDF propõem para solucionar os problemas no metrô:

2 imagens
Rodrigo Rollemberg (PSB): "Graças a uma gestão responsável, economizamos R$ 70 milhões de custeio no metrô. Instalamos painéis informativos nas estações, rampas e estruturas, garantindo a acessibilidade. Modernizamos o sistema de transmissão de dados, telefonia, sonorização. Transformamos a Estação Guariroba na primeira unidade da América Latina a ser sustentável, com energia solar. Compramos computadores para o parque de máquinas, peças de reposição e rodas especiais. Mesmo em um ambiente de dificuldade, nomeamos servidores e vamos entregar as estações 110 Sul e Cine Brasília. Nosso compromisso é entregar na próxima gestão a primeira estação da Asa Norte. Também estamos em processo de expansão do metrô em Samambaia e vamos expandir ainda o de Ceilândia"
1 de 2

Ibaneis Rocha (MDB): "O metrô precisa ser recuperado e encarado como o principal modal do transporte público do DF. Hoje, presta um péssimo serviço à população. Para melhorar, o sistema tem de ser alimentado permanentemente, durante toda a extensão da linha, com passageiros que virão de ônibus e vans em novas linhas integradas ao trajeto do metrô. Com isso, poderemos dobrar o número de usuários rapidamente, aumentando a lucratividade do sistema e incentivando as pessoas a deixarem o carro em casa, melhorando o fluxo do trânsito. Atualmente, o metrô circula vazio a maior parte do dia. Além disso, vamos comprar vagões mais confortáveis, levar o metrô até a Asa Norte e construir novas estações. Todo este projeto já existe e foi aprovado pela Câmara Legislativa: é o Plano Diretor de Transporte Urbano, que o governador é incapaz de cumprir"

JP Rodrigues/Especial para Metropoles
2 de 2

Rodrigo Rollemberg (PSB): "Graças a uma gestão responsável, economizamos R$ 70 milhões de custeio no metrô. Instalamos painéis informativos nas estações, rampas e estruturas, garantindo a acessibilidade. Modernizamos o sistema de transmissão de dados, telefonia, sonorização. Transformamos a Estação Guariroba na primeira unidade da América Latina a ser sustentável, com energia solar. Compramos computadores para o parque de máquinas, peças de reposição e rodas especiais. Mesmo em um ambiente de dificuldade, nomeamos servidores e vamos entregar as estações 110 Sul e Cine Brasília. Nosso compromisso é entregar na próxima gestão a primeira estação da Asa Norte. Também estamos em processo de expansão do metrô em Samambaia e vamos expandir ainda o de Ceilândia"

Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?