Superação: ex-moradora de rua do DF é aprovada em letras na Uerj
Aprovada no vestibular da universidade, Dayana Bárbara, 36, vai cursar Letras Literatura, no 2º semestre de 2022
atualizado
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A vendedora ambulante Dayana Bárbara dos Santos Coqueiro, de 36 anos, tem um motivo especial para comemorar a virada do ano. A partir do 2º semestre de 2022, a ex-moradora de rua será a mais nova universitária de letras literatura na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
“Pelo menos uma hora por dia estudava pela internet, em sites gratuitos. Lia as referências de livros que poderiam ser temas da redação. E assim consegui ser aprovada na Uerj”, relembra.
Infância difícil
Aos 12 anos, a mulher, que também é compositora, saiu de casa e deixou para trás uma história de violência. Ela morou em abrigos, de onde fugia constantemente para viver nas ruas. Com 14 anos, Dayane ingressou na Escola Meninos e Meninas do Parque (EMMP), da Secretaria de Educação do Distrito Federal, onde estudou até os 20 anos de idade.
A unidade, criada em 1995, é especializada no ensino de moradores de rua e oferece desde a alfabetização até os anos finais do ensino fundamental. Atualmente, são atendidas na escola 212 pessoas.
Na escola, ela revela que encontrou o espaço que precisava para expressar suas emoções. “Descobri que gostava da arte e da escrita. Aprendi a expressar no papel tudo o que sentia, vivenciava e sonhava”, narra Dayana.
“Eu não queria sair da escola, porque o pessoal era como pai e mãe. Eles acreditavam em mim quando nem eu mesma acreditava. Diziam que eu não poderia desperdiçar o potencial que tinha voltando para as ruas e que iam correr atrás de chances junto comigo”, conta.
Para a diretora da EMMP, Amelinha Araripe, a conquista da universitária é uma referência de que as políticas educacionais e sociais são capazes de modificar a realidade das pessoas. ” Ela é uma mulher formadora de opinião, símbolo de resistência e espelho para outras mulheres”, descreve.
Preparação para o vestibular
Com poucos recursos para estudar, Dayana, que vive há sete meses no Rio de Janeiro (RJ), conta que após finalizar a educação básica foi mãe de um menino e teve várias dificuldades, mas não desistiu.
A estudante acredita que suas possibilidades para um futuro de sucesso aumentaram. “Não sei como é ser universitária, mas, como as pessoas têm dito: vou ficar gigante. Quero estudar mais, ler muito e escrever vários livros. Arrisco até dizer que farei mestrado fora do país”, comemora. (Com informações da Agência Brasília)