“Sumiço de testemunhas” trava júri de homem acusado de matar mulher
O processo de Heber dos Santos Freitas Ribas, suspeito de matar Janaína Câmara em 2014, está estagnado na Justiça goiana
atualizado
Compartilhar notícia
O processo que trata da morte de professora Janaína Alves Fernandes Tavares da Câmara (foto em destaque), 23 anos, está parado no Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) há quase uma década.
Segundo a Corte, há testemunhas do caso que não conseguem ser encontradas para participarem das audiências. Em 28 de setembro, haverá uma nova tentativa de avançar com o processo.
O acusado de cometer o crime é Heber dos Santos Freitas Ribas, ex-companheiro de Janaína. Segundo a denúncia do Ministério Público goiano (MPGO), a vítima teve a cabeça esfacelada a golpes de porrete e o corpo seminu jogado em um matagal às margens da Rodovia DF-290, entre Santa Maria e o Novo Gama (GO), município no Entorno do DF.
Segundo o TJGO, a ação está na fase de audiência de instrução e julgamento — etapa em que há a produção de provas em juízo com oitivas de testemunhas, peritos, além de interrogatório. Apenas após esta fase é que o juiz decide se mandará o réu para júri popular.
Havia uma audiência marcada para 31 de agosto. Porém, testemunhas não compareceram e, segundo o TJGO, o Ministério Público insiste na necessidade de ouvi-las. Assim, uma nova tentativa de audiência foi marcada para 28 de setembro.
Essa remarcação já ocorreu em 2019 e em 2020. “Sempre se abre diligência para investigar o paradeiro delas [testemunhas]. Agora, o MP descobriu o endereço de duas testemunhas e será feita nova tentativa de intimação”, diz o TJGO, em nota.
O crime
Quando policiais militares encontraram Janaína, ela tinha o rosto desfigurado e o crânio rachado, com vazamento de massa encefálica. A vítima se encontrava seminua, com o sutiã levantado e os seios à mostra. Também teve a calça arrancada e a calcinha rasgada. Havia um preservativo perto do corpo e vestígios de fezes nas coxas.
Nas peças do processo, os peritos do Instituto de Criminalística (IC) e médicos legistas do Instituto Médico Legal (IML) da Polícia Civil apresentaram seus laudos, mas não conseguiram cravar com exatidão se a vítima havia sido estuprada antes ou após a morte.
Nos dias que se seguiram após a localização do corpo, a Polícia Civil do DF não demorou a juntar as peças que apontou a autoria do crime. Janaína viveu com Heber pouco mais de dois anos, entre 2012 e 2014, e havia se separado dois meses antes do crime. As apurações apontaram que a vítima começou a sofrer agressões constantes de Heber e decidiu se separar.
Heber responde ao homicídio triplamente qualificado em liberdade.
Filho da vítima
No total, Janaína deixou três filhos: um menino de pouco mais de 1 ano fruto do relacionamento com o homem acusado de tirar a sua vida, além de um garoto de 5 anos e uma menina de 6. Atualmente, eles estão com 10, 14 e 15 anos, respectivamente.
A mãe de Janaína, Itacledina Alves, 49, afirma que a demora no julgamento de Heber incomoda. Segundo ela, o filho que a vítima teve com o acusado mora até hoje com o pai. Ela afirma que chegou a tentar ter a guarda do menino, mas desistiu por medo.
“Ele [Heber], para mim, é uma pessoa perigosa. Se ele fez o que fez com a minha filha, que ele dizia amar, imagina comigo, que ele não tem relação alguma”, disse Itacledina ao Metrópoles.
Segundo ela, é preciso que haja o julgamento do caso para que ela possa voltar a ver o neto. “Faz anos que não o vejo por causa do pai. Tenho outros filhos para cuidar e temo por nossa vida. Mas sinto muita falta do meu neto. Quero ser como uma mãe para ele.”