STF: estacionamento onde traficantes atuavam não pertence ao tribunal
Por meio de nota, Suprema Corte informou não ter responsabilidade sobre estacionamento próximo ao tribunal onde ocorria tráfico de drogas
atualizado
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Uma operação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) desmantelou, na manhã desta quinta-feira (10/10), uma organização criminosa responsável por gerir um esquema de tráfico de drogas que abastecia, com cocaína e maconha, servidores e funcionários terceirizados do Supremo Tribunal Federal (STF).
Por meio de nota, a Suprema Corte comunicou que o local onde ocorria o fornecimento das drogas era um estacionamento próximo e que a área não fica sob responsabilidade do tribunal.
“A administração do STF tentou por diversas vezes regularizar e assumir [o estacionamento], para facilitar o controle, mas não houve autorização do Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional]”, informou. “Além disso, não há registro de envolvimento de qualquer servidor do tribunal na prática de crimes, que tem fornecido informações quando consultado pelos investigadores.”
O Metrópoles entrou em contato com o Iphan para questionar as razões pelas quais a Corte não teria conseguido assumir a gestão do estacionamento, e o instituto informou que o caso está sob apuração da equipe técnica. Esta reportagem será atualizada, ainda nesta quinta-feira (10/10), com o posicionamento encaminhado pela autarquia federal.
Atividades criminosas
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) descobriu que o prestador de serviços Douglas Ramos da Silva, 36 anos, atuava como o elo entre os servidores e outros terceirizados do STF e a organização criminosa.
O investigado vendia os entorpecentes durante o horário de almoço, com ponto de encontro na área dos estacionamentos próximos ao STF, ao Tribunal de Contas da União (TCU) e à Câmara dos Deputados.
Informações obtidas por meio de denúncias anônimas detalhavam que ele mantinha as drogas no próprio carro, um Peugeot branco. Em julho de 2023, a PCDF começou a investigar Douglas e conseguiu documentar, em vídeo, uma das transações ilícitas.
O prestador de serviços usava o WhatsApp para facilitar as vendas e organizar a logística do tráfico com outros integrantes da quadrilha. Na casa dele, em Águas Lindas (GO), no Entorno do Distrito Federal, os investigadores apreenderam diversas porções de cocaína.
Operação Shadow
A Operação Shadow, deflagrada nesta quinta-feira (10/10), ocorreu em Samambaia, Ceilândia e Águas Lindas, com atuação de aproximadamente 50 policiais, inclusive da Divisão de Operações Especiais (DOE).
Após aproximadamente um ano de apurações, a PCDF identificou que as transações entre quatro dos traficantes com usuários ocorriam por meio de grupos de WhatsApp e em múltiplos endereços de entrega, para despistar a polícia.
Os investigados são:
- Alvo 1: um homem de 34 anos que atuava como intermediário na logística de distribuição de drogas. Ele tem histórico criminal relacionado a violência doméstica e lesão corporal;
- Alvo 2: um homem de 37 anos, com antecedentes criminais desde 2009 por tráfico e porte de drogas. Ele era um dos principais fornecedores da quadrilha;
- Alvo 3: um homem de 23 anos, morador de Águas Lindas e conhecido por usar vários endereços para despistar a polícia. Ele tem registros policiais por crime de porte de drogas;
- Alvo 4: um homem de 36 anos e morador de Ceilândia que estava em prisão domiciliar, mas continuava a colaborar com a quadrilha, apesar do histórico criminal que inclui roubo e porte de arma.
Os suspeitos devem responder pelos delitos de tráfico de drogas e associação para o tráfico, cujas penas podem chegar a 15 anos de prisão. O nome da operação – “sombra”, em tradução livre do inglês – faz referência à atuação da quadrilha sob a “sombra” da lei.