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Stalking: policial do DF é presa após ameaçar e ligar 98 vezes para o ex

Caso ocorreu em 2018 e agente chegou a contatar o chefe do ex-namorado para falar sobre a vítima

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1 de 1 capa crimes cibernéticos - Foto: Michael Melo/Metrópoles

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) prendeu, nesta terça-feira (3/8), uma agente da própria corporação pelo crime de stalking a um antigo namorado. Segundo consta no processo que corre no Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), o homem chegou a receber 98 ligações no mesmo dia, além de diversas ameaças.

O caso aconteceu em 2018. Conforme conta a vítima nos autos, eles se conheceram em um aplicativo de relacionamentos e, depois de tentar terminar o namoro, a mulher passou a se comportar de maneira agressiva.

Em uma das oportunidades, a policial teria mantido o homem por cerca de 8 horas em cárcere privado, sem autorizá-lo a usar telefone celular, além de fazer diversas ameaças. Para conseguir falar com a vítima, a agente teria utilizado da sua posição para convencer o porteiro a ter autorização para ir até a porta do apartamento.

A situação só teria sido contornada, de acordo com o processo, depois de a vítima concordar em sair com a agente para almoçar no dia seguinte.

Na mesma semana, após nova tentativa de término, a mulher passou a ligar para o ex-companheiro de maneira insistente. Foram pelo menos 30 chamadas do número de celular da policial e mais de 60 feitas por números privados.

A policial ainda ligou para o local de trabalho do homem e por duas vezes conseguiu falar com o chefe dele ao dizer que era agente da PCDF. Na primeira vez, o superior da vítima chegou a dar informações, mas após ser alertado sobre o que se tratava, passou a ignorar os contatos.

Áudios de conversas foram juntados ao processo. Em um deles é possível notar que a acusada tinha ciência do registro de ocorrência policial e faz ameaças: “As coisas vão ficar muito ruins para você, se você não retirar essa merda”. Em outra oportunidade, ela diz que “irá pagar na mesma moeda”.

Cobrando um dinheiro devido, ela faz nova ameaça: “Você vai me dar o dinheiro e você vai retirar, você vai na delegacia hoje para falar que isso é mentira, senão você está ferrado, você, a sua família, o seu trabalho. Se prepara, você não sabe com quem você está mexendo.”

Ao se defender, a acusada disse que foi à casa da vítima apenas para buscar um computador e que apresentou identidade funcional ao porteiro do prédio apenas porque era o único que portava no momento. Já sobre as dezenas de ligações, ela disse que tinham como finalidade fazer com que fosse pago o valor de um almoço e jantar.

Outras ocorrências relacionadas à agente

Este não é o único ex-companheiro da policial que precisou ir à delegacia. Já neste ano, a mulher tirou a arma da cintura durante uma discussão dentro do carro, segundo o companheiro, após ela dar a entender que queria se suicidar. Em depoimento, no entanto, a agente alegou que apenas realizou o movimento pois o artefato incomodava.

Em 2019, ela também foi presa por desacato por xingar policiais militares que foram até a festa onde estava apurar denúncia de que a policial fazia ameaças com arma de fogo contra os frequentadores do local.

Atualmente, a agente se encontra afastada por licença médica e está com o porte de arma restrito. A reportagem não localizou a defesa dela para comentar o caso. O espaço permanece aberto.

De acordo com a Lei n.º 14.132/2021, o crime de stalking é definido como “perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade”.

Por ter uma pena de 6 meses a 2 anos prevista em lei, o crime é considerado de menor potencial ofensivo.

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