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Tratamento mais triste. Com pandemia, grupos de humor tiveram de se afastar dos hospitais do DF

Devido ao risco de contaminação pelo novo coronavírus, conjuntos de palhaçaria interrompereram distribuição de risos e alegria

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2 Ilustração – Palhaços nos hospitais
1 de 1 2 Ilustração – Palhaços nos hospitais - Foto: Yanka Romão/Metrópoles

É difícil dizer um único setor, econômico ou social, que não tenha sofrido qualquer impacto pela pandemia do novo coronavírus. Se tratando de áreas relacionadas à saúde, então, é uma missão impossível, e assim ocorre na palhaçaria hospitalar.

Desde a decretação de estado de emergência de saúde pública, em março do ano passado, grupos que promovem interação e risadas com os pacientes de hospitais no DF tiveram de suspender suas atividades. Ao Metrópoles, a Secretaria de Saúde do DF afirmou não saber quantos projetos atuam em seus hospitais, mas que a atividade está interrompida enquanto durar a pandemia.

Já o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges-DF), responsável pela operação de alguns hospitais públicos do DF, destacou que, por questão de segurança, serviços de grupos voluntários que atuam no Hospital de Base (IHBDF) foram paralisados. Apesar da medida, ressalta a instituição, outros grupos como o Rede Feminina de Combate ao Câncer, mantêm serviços como bazar, salão de beleza, a doação de cestas básicas e outros itens, mesmo tendo que interromper as visitas nos leitos.

Gerente de planejamento, monitoramento e avaliação no Hospital Regional da Asa Norta (Hran), o técnico de enfermagem Denivaldo de Oliveira ressalta a importância da palhaçaria. “Quando a gente chega, a gente vê o setor de um jeito, e quando sai a gente vê que ele modificou”, diz. Para o profissional de saúde, que pratica a arte desde 1999, a atividade permite que pacientes “saíam de um ambiente de perda, de dor, de distância da família, para uma zona de liberdade, de brincadeira e alegria”.

Visitas virtuais

Um dos grupos de palhaçaria hospitalar mais antigos de Brasília, os Doutores com Riso, tiveram que mudar a forma de atuação. Criado em 1997 pela Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace), interpreta tanto no Hospital da Criança de Brasília (HCB) José Alencar quanto na sede da Abrace, agora, de maneira virtual.

Com a pandemia, todas as atividades de voluntariado foram suspensas para garantir a segurança de todos, sobretudo assistidos que compõem o grupo de risco. Assim, as atividades passaram a ser realizadas on-line, com intervenções e encontros pela internet. Antes da proliferação da Covid-19 no território da capital federal, o grupo realizava cerca de 7 plantões com quase 30 horas de atuação e cerca de 280 crianças atendidas, calcula a entidade.

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Durante a pandemia, com as atividades presenciais suspensas, o grupo "visitou" as crianças virtualmente
Antes da proliferação do novo coronavírus no DF, a equipe visitava 280 crianças por mês. Em 2019, mais de 3,4 mil foram atendidas
Para participar do grupo, que atualmente é composto por 25 voluntários, é necessário passar por oficina de 'besteirologia' antes
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Grupo Doutores do Riso, criado em 1997 pela Abrace, atua no Hospital da Criança, distribuindo amor e alegria aos pacientes

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Durante a pandemia, com as atividades presenciais suspensas, o grupo "visitou" as crianças virtualmente

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Antes da proliferação do novo coronavírus no DF, a equipe visitava 280 crianças por mês. Em 2019, mais de 3,4 mil foram atendidas

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Para participar do grupo, que atualmente é composto por 25 voluntários, é necessário passar por oficina de 'besteirologia' antes

Abrace/Divulgação

“O Doutores com Riso é um projeto que tem levado a humanização, a qualidade de vida e diversão aos pacientes”, garante Maria Angela Marini, presidente da Abrace. A mandatária avalia a atuação dos voluntários do projeto como “capaz de transformar a dor pelo amor e são peça fundamental para o alcance dos objetivos da instituição no cumprimento de sua missão”.

Marini lamenta a necessidade de ter que interromper as atividades, tanto no HCB quanto na sede da Abrace, por motivos de segurança, tanto dos participantes quanto dos pacientes. “Porém, o grupo se organizou e tem mantido o contato com as crianças assistidas através de apresentações virtuais por lives e vídeos”, destaca.

Para se tornar um integrante do grupo Doutores com Riso é necessário primeiro se tornar voluntário da Abrace, através da inscrição no site. Após a convocação, o integrante deve permanecer no projeto por, pelo menos, seis meses, e então poderá se candidatar na oficina de Doutores Palhaços, onde passa por curso de formação gratuito na escola de ‘besteirologia’, com palhaços e artistas. Atualmente, 25 pessoas integram o time.

Voluntários profissionais

Engana-se, contudo, aqueles que acham que basta se voluntariar em um grupo, maquiar o rosto, colocar um uma bolinha vermelha no nariz para sair pelos hospitais fazendo trapalhada. A palhaçaria é uma arte, e levada muito a sério por seus praticantes.

Formado em Cinema e mestre em Artes Cênicas pela Universidade de Brasília (UnB), o ator, preparador de elenco, diretor e palhaço visitador Marcelo Nenevê revela sua inspiração.”Sempre quis fazer palhaçaria em hospitais, desde que vi o Patch Adams, em 2008, e me apaixonei por aquilo”. Após dar início ao sonho, ele sentiu logo de cara a diferença de um palco para o leito de hospital. “A relação interpessoal é muito mais intensa. Num leito de hospital, você faz para quatro pessoas, em um ambulatório, para seis. É uma relação muito mais próxima com a pessoa que está te assistindo”, descreve.

Com experiência em levar risadas por países da América do Sul, do Norte, Europa e África, além do Brasil, Marcelo, que chegou a atuar no grupo Circo e Teatro Sagrado Riso, em 2017, defende arduamente o direito à cultura de pessoas em situação de vulnerabilidade em espaços de saúde pública.

Para fazê-lo com a qualidade e periodicidade que entende necessários, o mestre na encenação aproveitou a interrupção dos trabalhos durante a pandemia para elaborar um curso voltado para a arte palhaçal. “O objetivo é formar pessoas que entendam o contexto hospitalar, que estejam aptas a serem palhaços visitadores”, argumenta.

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Com a pandemia que assolou o mundo, o artista teve de interromper seu trabalho
Colocando o nariz e sapatos de lado, ele aproveitou a pausa obrigatória por causa da pandemia pandemia para criar uma oficina de palhaços hospitalares
Com duração de 6 meses, a oficina Princípios, Meios e Sem Fins da Palhaçaria vai capacitar pessoas para realizarem visitas em hospitais após a pandemia
O ator utilizará em seus curso as experiências que adquiriu em mais de 10 anos de profissão, tendo atuado em países da América do Sul, do Norte, Europa e África
Oficina Princípios, Meios e Sem Fins da Palhaçaria começa no próximo domingo, em Águas Claras
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Marcelo Nenevê, mestre em Artes Cênicas pela UnB, atua como palhaço hospitalar em Brasília

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Com a pandemia que assolou o mundo, o artista teve de interromper seu trabalho

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Colocando o nariz e sapatos de lado, ele aproveitou a pausa obrigatória por causa da pandemia pandemia para criar uma oficina de palhaços hospitalares

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Com duração de 6 meses, a oficina Princípios, Meios e Sem Fins da Palhaçaria vai capacitar pessoas para realizarem visitas em hospitais após a pandemia

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O ator utilizará em seus curso as experiências que adquiriu em mais de 10 anos de profissão, tendo atuado em países da América do Sul, do Norte, Europa e África

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Oficina Princípios, Meios e Sem Fins da Palhaçaria começa no próximo domingo, em Águas Claras

Entitulado de Princípios Meios e Sem Fins, a oficina terá a maior duração de cursos voltados para área. Com início em 31 de janeiro e previsão de término em 6 de junho, as sessão serão ministradas no Teatro dos Ventos, em Águas Claras. A atividade, resultado de 13 anos de pesquisa e pensada como uma jornada pelo universo da palhaçaria, ocorrerá sempre aos domingos, das 9h às 13 e das 14h às 18h.

Ao final do curso, todos os participantes recebem o certificado de conclusão. O espaço que sedia a atividade segue todas as recomendações de limpeza e distanciamento social aliadas à metodologia de atenção individualizada, o que reforça a segurança dos participantes. “Esse é um dos motivos que fazem o formato presencial ser tão importante para palhaços e palhaças: é preciso ver e ser visto. E se aprende muito assistindo”, destaca o Marcelo.

O valor da mensalidade da oficina é de R$ 240, com desconto para as primeiras cinco matrículas. Para mais informações, basta entrar em contato com o número (61) 98184-2193.

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