Rede do bem: moradores do Sol Nascente sofrem com chuvas e pedem ajuda
Tempestade no início do mês causou estragos na comunidade Fazendinha. Residências ficaram inundadas e cratera se abriu na estrada de terra
atualizado
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O Instituto Mais Vidas localizado na comunidade Fazendinha, Trecho 3 do Sol Nascente, pede ajuda aos brasilienses para cerca de 200 famílias carentes que vivem em situação de vulnerabilidade social.
A tempestade que atingiu a região nos primeiros dias deste mês provocou alagamentos, inundou casas e deixou rastro de destruição aos moradores. O principal deles é uma cratera que se abriu na estrada de terra que dá acesso à comunidade dificultando a passagem de carros e pedestres. A erosão, segundo moradores, ameaça casas e preocupa a vizinhança.
A situação precária na região também atinge crianças que, diante das dificuldades, estão perdendo aulas. A falta de transporte público obriga os pequenos a percorrerem distâncias de até 14 quilômetros a pé para irem à escola.
Na tentativa de minimizar os problemas, a vizinhança alega que o Governo do Distrito Federal (GDF) iniciou, há duas semanas, reparos na única rua de acesso ao local. Enquanto isso, um desvio foi improvisado para que os moradores consigam acessar suas casas.
A líder comunitária Sandra Ribeiro Bento, 49 anos, classifica a situação como caótica e apela para o Palácio do Buriti determinar uma intervenção urgente na região.
Sandra é a responsável pelo Instituto Mais Vidas que atua no trabalho social atendendo as famílias da Fazendinha. A intuição veio inspirada em solidariedade quando ela se deu conta que, embora os problemas sociais no país sejam muito sérios, se cada um exercer um papel solidário poderá ajudar a diminuir o drama das pessoas.
A entidade não tem fins lucrativos. Tudo o que recebem, são fruto de doações de amigos e colaboradores.
“Desde que levei uma queda de escada quando trabalhava como diarista, fui afastada e comecei com os trabalhos sociais. Luto há sete anos por essa comunidade. Estamos desassistidos pelo poder público. A nossa prioridade, agora, é o fechamento desse buraco (cratera) e os reparos na estrada de terra. Se chover mais, as pessoas vão correr muito perigo. A providência é imediata”, pontua.
“Só queremos que joguem uma terra ali para tapar o buraco. Aqui, as pessoas não têm condições. Passam fome. Não está chegando nada. Precisamos de qualquer tipo de ajuda”, acrescenta.
Dona Sandra, como é carinhosamente conhecida na região, costumava realizar trabalhos nos últimos anos entregando cestas básica, roupas e móveis usados e distribuindo sopas, mas recentemente teve de parar por falta de recursos e mantimentos.
Páscoa
Neste domingo de Páscoa (9/4), a entidade conta com a ajuda das pessoas para conseguir doações de chocolates para as crianças que não têm condições de receber. “Estamos à espera de chegar algum doce para os nossos pequenos celebrarem a data”, pede a líder comunitária.
Outro sonho que dona Sandra pretende realizar é fazer um tatame para oferecer aulas de lutas e o de montar uma oficina de costura na sede do instituto com o objetivo de incentivar a emancipação financeira de mulheres da região.
Assista:
“A intenção é capacitar as mulheres para que elas tenham uma profissão e para tirá-las do vício no álcool e outras drogas. Precisamos conseguir máquinas de costura e material como linhas e tecidos. Assim, procuraremos uma profissional para ministrar as aulas”, frisa.
Quem quiser colaborar pode entrar em contato com o Instituto Mais Vidas. Clique aqui e veja a localização no mapa. Doações financeiras não são a única forma de ajudar. Alimentos, brinquedos, livros, produtos de higiene, material escolar, tecidos, roupas, utensílios de cozinha e móveis em geral também são reaproveitados e doados à quem precisa.
Os interessados também podem acessar a página no Instagram: @institutimaisvidas_mv. Para mais informações, entre em contato pelo WhatsApp por meio deste número: (61) 99946-9176.
Maior favela
A Região Administrativa do Sol Nascente foi declarada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a maior favela do Brasil, ultrapassando a Rocinha (RJ), até então número um no ranking nacional.
A marca é a cara do abandono por parte do Estado e do crescimento populacional na RA, que acumula problemas sociais, como falta de escolas, segurança e postos de saúde.
Questionado pelo Metrópoles, o GDF informou, por meio da Secretaria de Obras e Infraestrutura, que há intervenções em andamento nos três trechos do Setor Habitacional Sol Nascente.
Segundo as informações, no Trecho 1, os serviços estão concentrados na construção de uma ponte que vai interligar os trechos 1 e 2. No Trecho 2, as obras de drenagem e pavimentação previstas em contrato estão concluídas. Atualmente, está em andamento a construção de calçadas.
“No Trecho 3, os serviços se concentram na escavação de duas lagoas de detenção, peças fundamentais para o correto funcionamento do sistema de drenagem que será implementado na região”, comunicou a pasta.
A Administração Regional do Sol Nascente informou que acionou os órgãos competentes e todos têm ciência que a comunidade Fazendinha está localizada em uma área de risco.
Em relação à erosão, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) havia feito um trabalho de contenção, contudo, devido as fortes chuvas nos últimos dias, o trabalho teve prejuízo.