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Professor faz campanha para conseguir chuteiras para alunos carentes

Cem crianças e adolescentes participam do Centro de Iniciação Esportiva (CID), da Escola Classe Varjão. Maioria treina com os pés descalços

atualizado

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Professor arrecada tenis para alunos de futsal
1 de 1 Professor arrecada tenis para alunos de futsal - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

“Mas cê já viu o sorriso no rosto de quem ganhou um boot novo?”. O trecho da música A Cada Vento, do rapper Emicida, motivou o professor de educação física Rafael Rodrigues da Cunha, 32 anos, a fazer uma campanha para conseguir chuteiras para alunos carentes do Centro de Iniciação Esportiva (CID) da Escola Classe Varjão.

A iniciativa está mobilizando e contagiando amigos, colegas, familiares e desconhecidos a conseguirem tênis de futsal para aproximadamente 100 meninos e meninas, de 8 a 17 anos, que praticam a atividade no contraturno escolar. “O esporte é responsável por formar o caráter e sei a importância dessa atividade na vida dessas crianças”, declara Rafael.

A ideia surgiu quando a equipe foi participar do campeonato interno do CID (Intercid) e os alunos preferiram jogar descalços. Segundo Rafael, havia sido feito um esforço para calçar adequadamente todo o time. Aqueles que não participaram da atividade emprestaram seus calçados, e o professor conseguiu outros pares. “Mesmo assim, eles pediram para tirar os tênis”, conta.

Percebi que havia algo errado. Eles queriam jogar descalços porque se adaptaram assim e muitos nem sabem jogar com a chuteira. Estamos mobilizados a adquirir para eles poderem treinar da forma correta.

Rafael Rodrigues da Cunha, professor de educação física
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Crianças jogam com os pés descalços
Menino joga bola com tênis em apenas um dos pés
O professor Rafael Rodrigues, 32 anos, dá aula de futsal no CID Varjão há dois anos
Alunos precisam de chuteiras de todas as numerações
As aulas ocorrem às terças, quartas e quintas-feiras
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Aproximadamente 100 crianças e adolescentes, de 8 a 17 anos, praticam a atividade no contraturno escolar

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Crianças jogam com os pés descalços

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Menino joga bola com tênis em apenas um dos pés

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O professor Rafael Rodrigues, 32 anos, dá aula de futsal no CID Varjão há dois anos

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Alunos precisam de chuteiras de todas as numerações

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As aulas ocorrem às terças, quartas e quintas-feiras

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Participam das atividades estudantes da rede pública do DF

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Campanha do professor começou no "boca a boca" e ganhou forma nas redes sociais

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Maioria dos alunos não tem chuteiras de futsal

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Aqueles que desejarem contribuir devem deixar os calçados na Escola Classe Varjão, na quadra 7, conjunto D, lote 2, área especial

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Com a ação, o time já conseguiu recolher diversos pares

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Crianças são carentes e não têm condições de comprar os calçados adequados para o esporte

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O projeto começou tímido, por meio do “boca a boca” e ganhou forma depois de publicações nos perfis do professor no Instagram e no Facebook, com compartilhamentos no WhatsApp. “Foi uma surpresa boa. Várias pessoas desconhecidas vieram me procurar para ajudar na campanha. Uma verdadeira corrente do bem em meio à névoa negra que está sobre o país neste momento político”, comemora.

Atenção e carinho
Com a ação, o time já conseguiu recolher diversos pares. “Ganhamos de tudo. Desde chuteiras para futsal, tênis de atletismo e até sapato social”, comenta Rafael.

A bancária Marcia Paula Soares Vieira, 40 anos, abraçou a causa. Ela faz parte de um grupo solidário e todo mês procura alguém para ajudar. “Pesquisando sobre o projeto, fiquei encantada com o trabalho realizado com crianças carentes do Varjão”, revela.

Marcia e os amigos escolheram 20 atletas da equipe para presenteá-los. “Acreditamos que ter ocupação para essas crianças é fundamental para elas se desviarem das situações do mal”, avalia a bancária.

O também professor de futsal e idealizador da Escola Ajax, projeto realizado na Cidade Estrutural, Alessandro Seco, mobilizou seus alunos para cooperarem. “O projeto Ajax ganhou uma visibilidade muito grande e todas as vezes que precisamos de ajuda, nós recebemos. Conheço a luta do Rafael, sei que é sincera e decidi pedir aos meus garotos para doar o que ganhamos a mais e não vamos usar aqui [no projeto]. Isso faz com que esses meninos entendam que eles não são os únicos que precisam. É muito bom poder ajudar.”

Agora, o treinador Rafael pretende catalogar os itens recebidos para saber o que ainda falta. Segundo ele, a sobra também será compartilhada. “O restante iremos doar para outros grupos. Os tênis de atletismo serão destinados a um projeto no Paranoá”, afirma.

Rafael explica ter passado por situação semelhante a dos alunos. Morador de Ceilândia, ele participava do CID em Taguatinga. “Só quero retribuir toda a oportunidade que tive. Eles precisam não só de bens materiais, mas de atenção e carinho.”

Veja o relato de Rafael:

 

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Relatos de um professor… Em que pese a proximidade a uma das regiões com o maior Índice de Desenvolvimento Humano do país (Lago Norte/DF), a comunidade do Varjão se caracteriza pela vulnerabilidade social. A população enfrenta problemas ambientais (concentração de lixo, falta de tratamento de esgoto, etc), convive com altos índices de alcoolismo, violência doméstica, tráfico de drogas, criminalidade e tem pouco ou nenhum acesso a atividades culturais e de lazer. Em meio a esse cenário, a Escola Classe Varjão conta com o polo de Futsal do Centro de Iniciação Desportiva (CID), uma política pública que visa à democratização do esporte escolar por meio dos conhecimentos técnicos/táticos e de competições esportivas de cunho pedagógico em diferentes modalidades, buscando formar cidadãos ativos e identificar diferentes aptidões e interesses, favorecendo a formação de futuros atletas. O projeto visa integrar crianças e jovens às equipes escolares e, ainda, contribuir para a formação de cidadãos cooperativos, éticos, conscientes e autônomos. Semana passada recebemos a notícia de que um ex-aluno da EC Varjão, desaparecido desde fevereiro, foi encontrado morto. Porém, em meio a essa notícia triste, quatro alunos da mesma escola, e atletas do CID Futsal do Varjão, foram selecionados para representar o Boca Juniors na VIII edição da Copa das Escolas de Futebol do Boca Juniors em Sorocaba – SP, e o AJAX, no 22º Encontro Nacional de Futsal em Itajuba- MG. Os meninos ficaram uma semana participando de competições que envolviam times de todo o Brasil. Os alunos, Lucas, Larailton e Mateus (Boca Juniors) e Franciel (Ajax) conseguiram vislumbrar novos caminhos, novas amizades e almejar sonhos maiores. O esporte pode ser um caminho. Obrigado Seco (Ajax) por fazer a diferença na vida de tantos outros alunos da Cidade Estrutural por meio do treino social e por levar o lema “Nós somos o que sonhamos” para a prática. Obrigado Guilherme Kaká (Boca Juniors) pela parceria e também por plantar novas possibilidades aos nossos alunos. Obrigado a todos que contribuem para que nossos alunos não fiquem perdidos no meio do caminho. Orgulho de ser professor.

Uma publicação compartilhada por Rafael Cunha (@rafilsksdf) em

Colabore
Para conhecer mais sobre a história do time e ajudar com as doações, o interessado pode acessar o perfil do Instagram @rafilsksdf. Aqueles que desejam contribuir devem deixar os calçados na Escola Classe Varjão, na quadra 7, conjunto D, lote 2, área especial, ou entrar em contato com o treinador pelo número: (61) 99652-6842.

Para entregar as chuteiras aos jovens, o professor pretende fazer um café da manhã no local de treino do grupo. “Ainda não temos a data. Só após recebermos todos os pares vamos programar isso”.

Ele também pretende fazer uma ação para adquirir os uniformes para o time. “Iniciarei uma nova corrente para fazermos as roupas deles. Temos algumas peças que providenciei mais ainda não é o suficiente e nem cabe em todos. Precisamos de ajuda”, conclui.

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