Amigos fazem vaquinha on-line para ajudar filhas órfãs de Janaína
Objetivo é arrecadar R$ 15 mil para auxiliar nas despesas e na educação das duas crianças
atualizado
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Colegas de trabalho de Janaína Romão Lúcio, 30 anos, assassinada pelo ex-marido com cinco facadas na tarde do último sábado (14/7), organizaram uma vaquinha on-line. O objetivo é arrecadar dinheiro e ajudar a família com as despesas das duas filhas da servidora terceirizada do Ministério dos Direitos Humanos.
As meninas, com 2 e 4 anos de idade, ficaram órfãs de mãe e o pai, assassino confesso de Janaína, está preso por feminicídio. Assim, as pequenas estão sob os cuidados dos avós maternos. O objetivo dos colegas de Janaína é arrecadar R$ 15 mil, equivalente a oito meses de salário da servidora assassinada.
A mãe de Janaína é dona de casa e não possui renda; o pai, Edgar Soares, 67 anos, recebe aposentadoria e trabalha como autônomo. O dinheiro recolhido será utilizado para bancar as despesas pessoais e a educação das crianças.
A vaquinha on-line mobilizou uma força-tarefa no antigo local de trabalho de Janaína. A ideia partiu de uma ex-chefe, mas foi um colega com mais experiência em tecnologia quem colocou o plano em prática. Segundo Michelle Cardoso, 37 anos, amiga da vítima, o reforço no orçamento da família é uma forma de dar suporte para que os parentes tenham condições de manter a qualidade de vida das crianças.
A Jana ajudava a família com o dinheiro dela, e agora não sabemos como será
Michelle Cardoso, amiga de Janaína
Inseparáveis no ambiente de trabalho, as duas amigas nunca frequentaram a casa uma da outra por medo da índole violenta do ex-marido e assassino confesso de Janaína, Stefanno Jesus Souza de Amorim, 21 anos. “Ele não gostava das amigas dela porque a gente dava conselhos, dizia para ela sair daquele relacionamento. Ela tentou sair, mas ele era muito possessivo. Eu tinha muito medo”, confessa Michelle.
Cadeira vazia
A mesa onde a vítima cumpria o expediente todos os dias, na Coordenação-Geral em População de Rua, ficou desocupada desde a data do crime. O vazio de olhar para o lado e não ver Janaína ali continua abalando todos os funcionários do setor. Nessa quinta-feira (19), amigos criaram coragem e reuniram os objetos deixados por ela na mesa e gavetas para devolver à família.
“Eu mudei de coordenação recentemente. Se eu tivesse continuado lá, não conseguiria sentar na cadeira, olhar para o lado e não vê-la”, emociona-se Michelle.
Para a irmã da servidora, Cleire Romão, 29, o gesto de carinho dos amigos de Janaína é um alento. “Fiquei muito feliz em ver o quanto minha irmã era querida. Meus pais são muito agradecidos aos amigos dela, que, desde sempre, deram apoio a ela. Dá força saber que minha irmã vai deixar muita coisa boa nos corações de quem a conheceu”, declara Cleire.