Sócio da Engevix confirma pedido de propina por Gim Argello
Gerson Almada afirmou que o ex-senador achacou um dos seus sócios a pagar R$ 5 milhões para impedir que executivos da empresa fossem convocados a depor na CPI da Petrobras
atualizado
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O ex-senador Gim Argello (PTB) está vendo a sua situação ficar cada dia mais difícil com a Justiça Federal do Paraná e o juiz Sérgio Moro. Preso desde abril, na 28ª fase da operação Lava Jato, batizada de Vitória de Pirro, seu processo ganhou novo capítulo na última quinta-feira (21/7). Na ocasião, mais um delator da Lava Jato confirmou que o ex-senador pediu propina para não convocar empresários a depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Petrobras. Trata-se de Gerson Almada, sócio e vice-presidente da Engevix, empresa pertencente ao chamado “Clube Vip”, que cartelizou contratos da Petrobras, impondo sobrepreço às obras e pagamento de propinas, por anos.
Almada, que assinou acordo de delação premiada com a Justiça, afirmou que o ex-senador cobrou de seu sócio José Antunes Sobrinho R$ 5 milhões para não convocar executivos da empresa. De acordo com o delator, o pedido não foi aceito.“Numa reunião de sócios, (Sobrinho) explicou que estava sendo pedido para ele uma quantia de R$ 5 milhões pelo senador Gim Argello para que nós não fossemos chamados dentro do processo CMPI da Petrobras. O que nós não concordamos”, disse o executivo em depoimento prestado por videoconferência a um representante do Ministério Público Federal (MPF), que contou com a presença do juiz Sérgio Moro. O depoimento foi incluído nos processos da Lava Jato na quinta (21).
O executivo, que alegou não tratar dos assuntos relacionados à Petrobras no dia a dia, disse ter sido informado duas vezes por Sobrinho sobre o achaque do então senador. “Ele (Sobrinho) falou sobre esse assunto em duas oportunidades comigo. Por telefone, disse exatamente essas palavras, que eu anotei até numa ata pessoal, ata de reunião, ligou dizendo que a OAS iria coordenar uma arrecadação. Isso foi uma informação que ele deu”, disse. Segundo Almada, a forma como Argello queria receber os valores, se em dinheiro ou via doação eleitoral, não chegou a ser discutida com ele.
Com a situação cada vez mais complicada, na última quinta-feira (22) teve início uma série de boatos de que o ex-senador teria homologado uma delação premiada. A informação, no entanto, não consta no andamento do processo e o advogado de Gim, Marcelo Bessa, nega a informação. “Eu nego peremptoriamente que haja, sequer, tratativas para assinar esse acordo”, disse, ao telefone.
Testemunhas
Próximo ao ex-senador, o padre Moacir Anastácio de Carvalho foi arrolado como testemunha no processo. Seu depoimento será realizado em 8 de agosto, quando deve ser questionado sobre o recebimento de valores de empreiteiras ligadas à operação Lava Jato para realizar a tradicional festa Pentecostes.
Em entrevista ao Metrópoles, o padre revelou ter recebido R$ 350 mil da OAS, que já teve executivos presos na operação, outros R$ 300 mil da Andrade Gutierrez, na mesma situação, e R$ 300 mil da Via Engenharia, cada vez mais próxima do escândalo. A reportagem tentou contato com o pároco, que não retornou as ligações.
Além dele, outra testemunha arrolada no processo é o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Recentemente alçado ao posto mais alto da Casa, ele pediu, e foi atendido pela força-tarefa, para responder às questões por escrito.