Sobrinho que denunciou catequista por estupro: “Ele precisa pagar”
Jovem, de 23 anos, contou ao Metrópoles que sofreu abusos durante quatro anos
atualizado
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Os supostos abusos cometidos pelo catequista José Antônio Silva (foto em destaque), de 47 anos, ficaram ocultos até maio de 2019, quando um dos sobrinhos do acusado, hoje com 23 anos, resolveu procurar a polícia. Pai de um bebê, ele temeu que o crime se repetisse com o filho e denunciou o tio, considerado até então acima de qualquer suspeita. Ao Metrópoles, o jovem, que preferiu não se identificar, contou como José Antônio agia.
Foram quatro anos de abusos — dos 4 aos 8 anos –, segundo afirmou. “Ele fez isso com todos os meninos da família. A psicopatia começou depois de uma certa idade. Temos conhecimento de um deles, que é mais velho que eu, e depois de mim, todos os mais novos também foram abusados”, ressaltou. De acordo com a vítima, as crianças eram abusadas aos domingos, quando a família estava reunida. “Algo muito ruim de se recordar”, disse.
O rapaz afirmou que decidiu denunciar o tio após uma comemoração do Dia das Mães na casa da avó. “Ele (José Antônio) foi dar a bênção ao meu filho bebê e aquilo me causou repulsa. Lembrei de tudo que ocorreu na minha infância e percebi naquele momento que eu tinha que fazer algo, caso contrário, aconteceria o mesmo com o meu filho”, relatou.
O jovem assinalou que, depois que ele se encorajou e decidiu denunciar o tio, outros primos apoiaram a postura e fizeram o mesmo. José Antônio teria abusado de pelo menos 12 crianças do núcleo familiar, segundo revelou o Metrópoles nessa terça-feira (09/07/2019). “Estamos unidos. Queremos justiça. Ele precisa pagar por esse crime”, afirmou.
A situação, porém, divide a família. “O nosso apoio está vindo apenas dos mais próximos. A maioria dos irmãos está do lado dele. Queremos mostrar que não estamos errados. Fomos vítimas. E esperamos que a nossa família possa voltar a ser a mesma. Unida como sempre foi”, destacou o jovem.
O suspeito está foragido. A Justiça do Distrito Federal incluiu, nessa terça-feira (09/07/2019), no cadastro nacional de foragidos, o nome do professor de catequese José Antônio Silva. Com sua identidade lançada no sistema que pertence ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a Polícia Civil do DF espera facilitar a cooperação com outros estados, caso o suspeito esteja em outra unidade da Federação.
Após a polícia local tornar pública a imagem do catequista, mais uma vítima procurou a 4ª Delegacia de Polícia (Guará) para denunciar um episódio de abuso sexual. O rapaz, hoje com 24 anos, tinha apenas 8 à época. Ele conta que passeava com o cachorro na rua quando Silva, acompanhado de um adolescente, perguntou se podia tocar em seus órgãos genitais. Mesmo com a negativa, ele segurou o pênis do garoto em uma calçada no Guará.
“No caso dessa vítima, foi apenas esta vez e cessou, mas isso colabora com as investigações, pois o padrão coincide com denúncias de outras pessoas. Em nenhum dos casos houve ameça: ele usava o dom da palavra para convencer as crianças”, descreve o delegado adjunto da 4ª DP, Douglas Fernandes de Moura.
Segundo o delegado, o estuprador se valia da confiança que tinha dos familiares e levava as crianças para o quarto na casa dos pais, no Guará. As vítimas identificadas são, na maior parte, sobrinhos do acusado. “Ele falava que mostraria desenhos, que eles jogariam videogame, e praticava os abusos, que variavam entre prática de sexo oral e penetração anal. Além disso, ejaculava na boca das crianças e dizia que aquilo era bom para elas crescerem fortes e saudáveis. Que era para eles aprenderem e, quando crescessem, praticar com as namoradas”, detalhou o policial.
Das 13 vítimas até o momento identificadas, 12 são meninos e há apenas uma mulher. A delegacia tem informação de outras quatro vítimas que foram abusadas, mas ainda não procuraram a delegacia para depor. José Antônio dava aula de catequese na Paróquia Divino Espírito Santo, no Guará II, e também em uma escolinha de futebol.
“Nossos esforços estão todos concentrados em solucionar este caso. Já recebemos algumas denúncias sobre o paradeiro de José Antônio, temos linhas possíveis, mas ainda nada concreto”, afirmou o delegado.
José Antônio não tinha emprego formal e nenhum histórico criminal. Revezava-se entre as atividades com as crianças e bicos de manutenção, enquanto a mulher passava o dia fora, trabalhando. “Os abusos começaram ainda quando ele morava com a mãe: levava as crianças para lá quando não havia ninguém. Depois de casado, aproveitava os momentos em que a mulher estava fora para violentar as crianças”, salienta o delegado.
Violência sexual
Os crimes de pedofilia atribuídos ao professor datam de 25 anos atrás. A vítima mais recente, no entanto, um menino de 4 anos, teria sido violentada em dezembro de 2018. Com a divulgação do caso, a PCDF acredita que mais pessoas busquem a unidade policial nos próximos dias. José Antônio é investigado por estupro de vulnerável.
Diretor do colégio Rogacionista, instituição de ensino da mesma congregação da Igreja Divino Espírito Santo, o padre Marcos De Ávila disse que José Antônio não atua mais como catequista da paróquia. “Fiquei chocado com a notícia. Muito triste e terrível esta conduta. Não tínhamos nenhum conhecimento sobre os fatos”, afirmou.
Denuncie
Além do telefone 197, o Disque-Denúncia da PCDF, informações sobre o paradeiro de José Antônio podem ser repassadas por meio do site da corporação (www.pcdf.df.gov.br) ou pelo e-mail denuncia197@pcdf.df.gov.br. Outro canal é o WhatsApp: (61) 98626-1197. A identidade do denunciante será mantida no mais absoluto sigilo.