Sistema de bilhetagem é alvo de nova fase da Operação Trickster
Polícia Civil do Distrito Federal investiga esquema criminoso no qual R$ 1 bilhão teria sido desviado do DFTrans
atualizado
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Na madrugada desta segunda-feira (12/11), a Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Corf) deflagrou mais uma fase da Operação Trickster, que apura um esquema criminoso no qual R$ 1 bilhão teria sido desviado do sistema de bilhetagem eletrônica do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans). Três mandados de busca e apreensão foram cumpridos no DF e em Goiás.
De acordo com as investigações, a residência de uma funcionária da autarquia, a casa do pai dela e o endereço de um ex-funcionário do empresário Ronaldo Oliveira — investigado na operação — foram alvo dos mandados cumpridos na região do Incra 8, em Brazlândia, e na cidade de Águas Lindas, no Entorno do Distrito Federal. Os policiais apreenderam computadores, documentos e smartphones.
A servidora é suspeita dos crimes de corrupção ativa e passiva, peculato e desvio de recursos públicos. Já o ex-funcionário é acusado de corrupção ativa, associação criminosa e estelionato.
A ação tem como objetivo coletar mais provas para materializar as irregularidades. De acordo com as diligências da Polícia Civil e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), um mesmo cartão de vale-transporte chegou a ser utilizado 60 vezes, em apenas uma linha de ônibus, em oito segundos.
Esquema fraudulento
Ronaldo Oliveira é um dos principais alvos da Operação Trickster. Ele comanda cooperativas e empresas que possuem sete contratos com o GDF. Somados, quatro dos empreendimentos alcançam a cifra de R$ 36.051.890,36. Os convênios envolvem a prestação de serviços no ramo de transporte escolar em várias cidades do Distrito Federal.
De acordo com a denúncia apresentada ao Ministério Público de Contas do Distrito Federal (MPC-DF) e que deu origem a uma representação no Tribunal de Contas local (TCDF), o Pregão Eletrônico n° 24/2016 foi colocado sob suspeita pelos conselheiros mesmo antes de vigorar.
Com base em apuração do tribunal, a empresa Rodoeste Transporte e Turismo LTDA. tem como sócia Ana Rosa de Oliveira, mãe de Ronaldo Oliveira, preso na ação da Corf.
A denúncia levada ao Ministério Público de Contas aponta, ainda, que era comum a Rodoeste utilizar os ônibus da frota e seu contrato na região de Brazlândia para transportar alunos usuários do cartão estudantil. A empresa recolheria os passes dos alunos para que fossem validados nas catracas de outros coletivos, fraudando o subsídio repassado pelo GDF.
Fraude em várias frentes
A ação das empresas de Ronaldo Oliveira é apenas um dos braços investigados na Operação Trickster, a qual culminou na prisão de 34 pessoas envolvidas na fraude bilionária que lesou os cofres do Transporte Urbano do Distrito Federal.
Conforme apurações da Corpf, o sistema do DFTrans tinha algumas inconsistências, fato que possibilitou as fraudes, as quais incluíam também o passe livre. O grupo, supostamente chefiado pelo auditor da Secretaria de Mobilidade Pedro Jorge Brasil, preso pela segunda vez, teria desviado mais de R$ 1 bilhão do sistema de bilhetagem. Boa parte do dinheiro, acreditam os investigadores, foi aplicada no mercado imobiliário.
O esquema funcionava desde 2014, destacou a PCDF, quando o servidor estava lotado no DFTrans. A quadrilha descarregava os créditos de cartões de vale-transporte nos validadores de ônibus, de forma sequencial e em linhas distintas. Tudo era feito com empresas de fachada e trabalhadores fantasmas.