Sindicato denuncia que vigilantes foram substituídos por presidiários
Caso ocorreu no Hospital Regional de Ceilândia, onde presidiários ocupavam postos de vigilância. PF foi acionada para verificar a denúncia
atualizado
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Com a greve dos vigilantes que atuam na segurança dos hospitais públicos do Distrito Federal, internos do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) estão sendo usados para suprir a ausência dos profissionais, segundo denúncia do Sindicato dos Vigilantes do DF. Um dos casos foi flagrado no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) nesta segunda-feira (10/10), quando quatro presos ocupavam um posto de vigia na entrada de funcionários da unidade.
De acordo com a denúncia do sindicato, existe um contrato de prestação de serviços firmado entre a Secretaria de Saúde e a Fundação Nacional de Amparo ao Preso (Funap). A fundação cede internos do regime semiaberto para desempenharem trabalho de manutenção nos hospitais. No entanto, os presos acabaram desviados para uma função irregular.“A situação foi denunciada à Polícia Federal, que esteve por volta das 14h30 no HRC. Os detentos foram afastados do posto de vigilância, mas, por volta das 15h30, dois deles já tinham voltado à atividade irregular”, informou Gilmar Rodrigues, um dos diretores do sindicato.
Segundo outro diretor, José Maria de Oliveira, um dos detentos foi flagrado sentado na entrada que fiscaliza a passagem dos funcionários que chegam ao HRC. Antes da greve decretada pela categoria, o posto era ocupado por um vigilante devidamente registrado pela Polícia Federal, órgão que regulamenta a profissão.
Outro diretor do sindicato, Manoel Pereira Batista, esteve no HRC e também verificou que havia internos do sistema penitenciário trabalhando no lugar dos vigilantes. “Isso é crime”, protestou. O sindicato levou a denúncia à Delegacia de Controle de Segurança Privada (Delesp), da Polícia Federal.
Treinamento
O deputado distrital Chico Vigilante (PT) também ficou sabendo dos casos e informou que o desvio de internos para a função de vigilantes fere todas as leis que regulamentam a profissão. “Esses vigilantes são treinados, preparados e passam por um rigoroso controle feito pela PF. Não podemos pegar qualquer pessoa e colocá-la para exercer esse trabalho”, afirmou.
Procurada, a assessoria de imprensa da Funap informou ao Metrópoles que não há reeducandos ocupando o posto e desempenhando os serviços prestados pelos vigilantes em nenhuma unidade de saúde do DF.
Já o GDF informou, por meio de nota, que “a diretoria administrativa da Região de Saúde Oeste esclarece que não há presidiários fazendo a vigilância do Hospital Regional de Ceilândia. O prestador de serviço conveniado da Funap ficou no portão do estacionamento de servidores, acionando a cancela, no período da manhã. Ele não estava em contato com as dependências do hospital”.
Ainda de acordo com o governo, “agentes da Polícia Federal estiveram no HRC averiguando a denúncia e constataram que o apenado não estava fazendo serviço de segurança ou vigilância. Ele trabalha no Núcleo de Hotelaria do HRC”.
Nesta segunda-feira (10), o serralheiro Eduardo Gomes, 47 anos, que sofre de diabetes, foi a um posto de saúde em Ceilândia. Quando chegou ao local, descobriu que a unidade não funcionaria por falta de segurança. “Fui informado que o posto estaria fechado e me aconselharam a procurar o hospital mais próximo”, reclamou.
Além dos vigilantes, profissionais da limpeza de hospitais, unidades de pronto atendimento (UPAs) e postos de saúde do DF entraram em greve nesta segunda (10). Eles não receberam o salário no 5º dia útil do mês nem o tíquete-alimentação. Contratados pelas empresas Confederal, Brasília e Ipanema, os vigilantes somam 2,7 mil empregados. Na área de limpeza, são cerca de 1 mil. A alegação das empresas é que o Governo do Distrito Federal não repassou a verba para o pagamento.
Não são apenas os terceirizados que sofrem com a falta de dinheiro. Na manhã da última sexta-feira, servidores do governo local protestaram na Praça do Buriti por não terem recebido a última parcela do reajuste salarial acertado ainda no governo de Agnelo Queiroz (PT) às 32 categorias do funcionalismo local. Eles pararam por 24 horas e prometem fazer nova paralisação e assembleia em 26 de outubro. Caso o GDF não cumpra o acordo até a data do encontro, os trabalhadores cogitam deflagrar uma greve geral.