Seu bolso: clientes economizam até 30% com apps de supermercados
Compra pode sair mais barata, mas cuidado para não cair na tentação e levar produtos caros. “Não existe almoço grátis”, diz especialista
atualizado
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No carrinho, os valores dos produtos somavam R$ 450, mas a cliente pagou R$ 379 no caixa. Os 15% de desconto aplicados na compra foram conquistados na palma da mão, por meio do aplicativo do supermercado em seu smartphone. Em apenas duas das grandes redes de varejo que atuam em Brasília, mais de 680 mil clientes apostam na mesma tecnologia para economizar até 30%.
A servidora pública Fabiana Spindola, 40 anos, dona da compra acima, olhou as ofertas disponíveis pelo celular antes de ir ao supermercado, no Lago Sul, na manhã de sexta-feira (17/8). Há cerca de dois meses, ela descobriu o app e considera fazer uso inteligente da ferramenta.
“Vejo no aplicativo e venho ao supermercado. Só pego o que tem desconto e faço boas compras. Hoje, por exemplo, comprei um vidro de azeite por R$ 16”, conta. O preço deste mesmo produto custa normalmente entre R$ 17 e R$ 20.
Mas como funcionam os aplicativos? O cliente faz o download no celular, usa seus dados pessoais para fazer o cadastro e pode aproveitar as vantagens sem pagar nenhuma taxa. Algumas ofertas são exclusivas para quem tem o app no celular. Outras podem ser aproveitadas apenas informando o CPF no caixa, na hora da compra. São alimentos, bebidas, utensílios, produtos de limpeza, de higiene e muitos outros, com descontos que vão, no geral, de 15% a 30%.
A estudante de contabilidade Carolina Alves Figueiredo, 23, foi avisada pela mãe que as flores pretendidas estavam mais baratas pelo aplicativo do supermercado. A jovem, que queria decorar a festa de aniversário, logo foi à loja. “É vantagem, sim. Lá em casa, a gente usa há muito tempo e compra só o que precisa, a não ser que seja uma oferta imperdível”, relata.
Boom nas compras
Brasília é a quinta cidade com mais usuários dos aplicativos dos supermercados Pão de Açúcar e Extra, somando 688 mil clientes. No entanto, é preciso ficar atento. Os apps garantem bons descontos, mas fazem os clientes aumentarem as idas ao supermercado e comprarem mais.
“O fruto deste trabalho é claro: os clientes que utilizam os aplicativos possuem um gasto médio significativamente maior, em três dígitos, impulsionado principalmente por um maior número de visitas à loja”, diz Teodoro Ornelas, diretor de promoções do GPA.
Lucas Vilhena, 18, usa o aplicativo toda vez que vai ao supermercado e tenta manter o foco, mas, às vezes, cai na tentação. “Compro o que preciso e aproveito o desconto, mas acabo levando uma coisa ou outra a mais”, admite.
De julho de 2017, mês de lançamento, a julho de 2018, as vendas por meio de ofertas disponibilizadas nos aplicativos cresceram 190% nas lojas do Extra e 150% na rede Pão de Açúcar. “Esse aumento vem, sim, de um incremento do número de usuários brasilienses do aplicativo, mas também de um aumento crescente do consumo por usuário”, explica Ornelas.
De acordo com o diretor do GPA, os clientes que utilizam o app não compram apenas os produtos com desconto. “Eles realmente se interessam muito pelas ofertas do app e aumentam sua frequência de visitas às bandeiras, mas, além disso, têm interesse também por outros produtos da loja”, pontua.
A estratégia “omnichannel”, que integra lojas físicas, virtuais e compradores, é utilizada, principalmente, pelas grandes redes. Diante disso, supermercados menores investem na qualidade de atendimento como diferencial enquanto pensam na ampliação nos meios digitais.
“É um diferencial que eles [os grandes supermercados] usam para levar o cliente até a loja. A gente não tem. Nós estamos desenhando algo do tipo, que não vai ser igual, porque não tem como. O que fazemos é focar no atendimento e na qualidade de serviço”, afirma o gerente regional da rede Dona de Casa, Leandro Porto. Ele conta que seus clientes interessados em vinhos podem até participar de um grupo de WhatSapp para receber ofertas.
Informações valiosas
Doutor em Ciências Contábeis pela Universidade de Brasília (UnB), o professor Bruno Fernandes explica que as empresas investem em tecnologia para conhecer o comportamento dos clientes e vender mais.
“É um meio de ficarem ainda mais próximas dos clientes. Melhor ainda é entender o padrão de consumo do cliente. Um gosta de suco de uva, outro de Coca-Cola. Quando identificadas, essas preferências podem incentivar o consumo. Se você está na dúvida do que comprar, do que comer, e você tem um incentivo, uma promoção, isso vai influenciar sua decisão”, explica.
De acordo com o docente, é natural que o supermercado faça uma compensação no valor dos produtos, para manter a margem de lucro. “Se o macarrão está na promoção, o supermercado sabe que o cliente vai buscar um molho, que vai estar mais caro. Não existe almoço grátis”, completa.
Para não transformar as diversas ofertas de descontos na palma da mão em armadilhas para o orçamento, a dica é planejar as compras e se autoconhecer como consumidor. “Costumo dizer que tudo o que você compra pela metade do preço mas não precisa é caro”, afirma o especialista.
Dicas para comprar bem
Lista de compras
Saber o que precisa em casa é fundamental antes de ir ao supermercado. Uma lista de compras feita à mão faz com que o comprador separe um tempo para pensar nas suas necessidades e ajuda a manter o foco na hora de comprar.
Periodicidade
Com a inflação estável, não é preciso estocar alimentos em casa. Mas alguns produtos, como os de limpeza, podem ser comprados em maior quantidade, mensalmente. Carnes e grãos, quinzenalmente. Já alimentos frescos, como legumes e verduras, semanalmente.
- 1 mês – produtos que podem ser estocados
- 15 dias – carnes e grãos
- 1 semana – hortifrutigranjeiros
Tempo
É preciso separar um tempo para ir às compras e pensar antes de colocar os produtos no carrinho. A pressa pode resultar em compras por impulso, o que pode trazer prejuízo ao bolso.
Autoconhecimento
Para fazer boas compras, é fundamental conhecer seus hábitos de consumo. “Por que estou comprando tal coisa?” é uma pergunta que precisa ser feita. Entender sobre educação financeira é um bom caminho para quem quer gastar de forma inteligente.
Apps para usar no DF
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