Servidores reclamam do fim do teletrabalho no GDF: “Nova realidade”
Sindicatos alegam que extinção do teletrabalho é um retrocesso, mesmo que a pandemia de Covid esteja controlada
atualizado
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Os servidores públicos não concordam com o fim do teletrabalho no Governo do Distrito Federal (GDF). Segundo sindicatos, a jornada remota trouxe aumento de produtividade, economia e melhor qualidade de vida.
O Sindicato dos Servidores Públicos Civis da Administração Direta (Sindireta-DF) enviou uma notificação ao GDF solicitando a volta do teletrabalho.
“A decisão do governo foi abrupta e antidemocrática, porque não chamou os servidores para o debate. E defendemos o teletrabalho para desafogar a administração pública”, afirmou o presidente do Sindireta, Ibrahim Yussef.
Na avaliação do líder sindical, o trabalho remoto proporciona maior flexibilidade para os servidores. “Sem falar que a administração pública está sucateada, sem mesas e computadores, e ainda tem a economia de aluguel”, contou.
O Sindicato dos Funcionários em Estabelecimentos de Saúde (SindSaúde-DF) planeja solicitar a criação de um grupo de trabalho para a criação de uma lei instituindo o teletrabalho.
Nova realidade
“É uma nova realidade. Vamos insistir e conversar com o governo. O trabalho remoto traz eficiência e economicidade”, comentou a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues.
Para Rodrigues, não há espaço para o trabalho remoto na assistência na saúde, no entanto, encontra um terreno propício nos serviços administrativos do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Causa estranheza o ato do governo não ter sido acompanhado por documentos mostrando possíveis prejuízos causados pelo trabalho. E as pesquisas mostram o contrário”, alertou Marli Rodrigues.
CLDF
O Sindicato dos Servidores e Empregados da Administração Direta, Fundacional, das Autarquias, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista (Sindser-DF) vai propor um projeto de lei na Câmara Legislativa (CLDF).
“Vamos propor ao presidente da CLDF, Wellington Luiz (MDB), um projeto de lei para criar o teletrabalho de forma de forma definitiva com critérios técnicos e de produtividade”, disse o presidente do Sindser, André Luiz Conceição.
Para o sindicalista, a decisão foi inesperada, sem aviso prévio e prejudicou os servidores. “Deveria haver uma avaliação de desempenho, de produtividade”, comentou.
Retrocesso
Segundo professora de psicologia organizacional e do trabalho da Universidade de Brasília (UnB) Gardênia da Silva Abbad, a extinção do teletrabalho é um retrocesso para o DF.
“É um retrocesso, pois desconsidera resultados de pesquisas nacionais que indicam que o teletrabalho é aplicável para atividades de alta complexidade”, afirmou.
De acordo com a pesquisadora, a produtividade independe da modalidade do trabalho, mas, sim, do modelo da gestão, do suporte, do desenho de trabalho e da capacidade das lideranças.
“O teletrabalho é mais produtivo em alguns casos e traz benefício à saúde mental e física dos trabalhadores e das lideranças, além de trazer economia e múltiplos benefícios”, destacou.
A pesquisadora também comentou que modelos híbridos com encontros presenciais são muito eficazes. O trabalho remoto ainda contribui com a diminuição da perda de tempo deslocamento nas cidades.
Outro lado
O Metrópoles entrou em contato com o GDF sobre a questão. Segundo Palácio do Buriti, o teletrabalho foi adotado provisoriamente devido à grave crise sanitária vivida pelo Distrito Federal, causada, à época, pela Covid-19.
“O decreto do teletrabalho foi criado em caráter excepcional e provisório. Portanto, pode ser revogado a qualquer momento. Hoje, com a normalidade na cidade e o controle da Covid-19, torna-se desnecessária a manutenção da medida”, destacou o Buriti.