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Servidora que teria licenciado Naja: “Tem esquema dentro do Ibama”

Adriana Mascarenhas revelou que não há controle na emissão de licenças envolvendo animais que passam pelo DF, entre elas cobras exóticas

atualizado

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Ivan Mattos/ Zoológico de Brasília
Naja no Zoo de Brasília
1 de 1 Naja no Zoo de Brasília - Foto: Ivan Mattos/ Zoológico de Brasília

A servidora do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) Adriana da Silva Mascarenhas, 46 anos, afastada por suspeita de fornecer a licença irregular para que a Naja kaouthia viesse ao DF, afirmou nessa quinta-feira (6/8) que existe um esquema incrustado no órgão envolvendo o fornecimento irregular de autorizações para animais exóticos.

A servidora chegou gravar um vídeo obtido pelo Metrópoles em que nega qualquer envolvimento com o tráfico de bichos.

Por meio de seu advogado, Rodrigo Videres, a servidora revelou não haver controle na emissão de licenças envolvendo animais que passam pelo DF, entre elas cobras exóticas como as criadas pelo estudante de medicina veterinária Pedro Kambreck, 22 anos, que ficou em coma após ser picado pela Naja que mantinha em cativeiro.

“É preciso ficar claro que o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) não possui estrutura física nem humana para cuidar dos animais que chegam lá. Muitas pessoas se aproveitam desse cenário para conseguir ter acesso a animais que são liberados em razão da falta de capacidade do Ibama em mantê-los. Esse cenário acaba favorecendo esse esquema para a emissão de licenças. Ninguém no Ibama sabe se depois do processo esses animais são vendidos clandestinamente”, explicou o advogado.

De acordo com o advogado, outros servidores do Ibama teriam emitido licenças sem o decido controle. “Existe uma pressão para o andamento dessas liberações, pois envolve um número grande de animais que, muitas vezes, não tem como ser mantidos”, disse.

Videres comentou, ainda, que as cobras exóticas apreendidas na operação Snake sequer teriam passado pelo Ibama. “São serpentes que saíram de forma clandestina de seus habitats e chegaram ao Brasil e no DF também na clandestinidade”, disse.

Acidente

Em vídeo, a servidora narrou não ter relação com o caso envolvendo o estudante de veterinária. Adriana garantiu que em 25 anos trabalhando no Ibama nunca havia tido seu nome envolvido em nenhum caso ou respondeu por algum processo disciplinar.

Nas imagens, Adriana contou que sofreu um acidente em 3 de julho deste ano e, após ser atropelada por uma moto, estava de atestado médico até ser afastada, oficialmente, pelo órgão enquanto responde a Processo Administrativo Disciplinar (PAD).

“Fiquei hospitalizada até o dia 15 de julho e, no inicio desta semana, fiquei sabendo que eu era uma dessas pessoas arroladas por suposta participação em tráfico de animais. Não tenho porque mentir, nada irá desabonar minha conduta. Tudo não passa de um assédio moral que estou sofrendo desde abril do ano passado”, resumiu.

O Metrópoles acionou o Ibama na tarde desta quinta, mas até a publicação da matéria o órgão não havia se manifestado sobre as denúncias feitas pela servidora.

18 imagens
Licença teria sido expedida a Gabriel Ribeiro, amigo de Pedro.
Policiais e fiscais do Ibama cumpriram busca e apreensão na casa do estudante de veterinária
PCDF deflagrou operação
Buscas foram feitas no Guará, Gama e Riacho Fundo
Delegado responsável pela investigação, William Andrade Ricardo
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Adriana é acusada de expedir licença irregular

Reprodução
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Licença teria sido expedida a Gabriel Ribeiro, amigo de Pedro.

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Policiais e fiscais do Ibama cumpriram busca e apreensão na casa do estudante de veterinária

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PCDF deflagrou operação

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Buscas foram feitas no Guará, Gama e Riacho Fundo

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Delegado responsável pela investigação, William Andrade Ricardo

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No Brasil, não há Najas, logo, o soro que combate o veneno desse tipo de serpente é raro

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Ela costuma viver em regiões da África e da Ásia

Material Cedido ao Metrópoles
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A Naja não é uma cobra típica do Brasil

Foto: Reprodução
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Zoológico de Brasília fez ensaio fotográfico com cobra que picou estudante

Ivan Mattos/Zoológico de Brasília/Reprodução
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Brasil não tem soro para o animal

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A serpente não é natural de nenhum habitat brasileiro

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A Naja foi transferida para o Butantan, em SP

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Naja no Zoo

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No Zoo de Brasília, serpente ganhou espaço próprio para sua espécie

Ivan Mattos/Zoológico de Brasília/Reprodução
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Ivan Mattos/ Zoológico de Brasília
Decisão judicial

Informações sobre a servidora Adriana Mascarenhas em processo movido pela 9ª Vara Federal Cível da Justiça Federal do Distrito Federal dão conta de que ela já foi coordenadora do Cetas e expediu licença de coleta, captura e transporte de serpentes que não pertencem à fauna brasileira.

Trecho da decisão diz haver fortes indícios de seu envolvimento com fatos investigados relacionados à organização de tráfico internacional de animais silvestres, bem como de prática de ato de improbidade na emissão de licenças para transporte de animais. Ainda de acordo com o juiz, a servidora deve ser afastada, já que tem acesso autorizado às dependências do Ibama, “o que pode interferir na apuração dos fatos e no levantamento probatório”.

Veja a decisão:

Justiça Federal do Distrito Federal pede para Ibama afastar servidora suspeita de tráfico internacional de… by Metropoles on Scribd

Durante a operação na casa do estudante Gabriel Ribeiro, acusado de tentar esconder a Naja e preso em 22 de julho, agentes da PCDF encontraram licenças emitidas pelo Ibama com o nome da servidora afastada.

Um dos documentos é de 12 de fevereiro de 2019. As licenças autorizam a coleta, captura e transporte de animais. Adriana teria expedido pelo menos outras duas permissões, que são alvo de investigação. Uma para a amiga do namorado transportar dois papagaios e outra para a manicure, que tinha um mico-estrela.

 

 

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