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Servidora do Ibama que teria licenciado Naja: “Não lembro de assinar nada”

Adriana da Silva Mascarenhas diz não ter conhecimento de que a cobra tenha passado pelo Centro de Triagem do órgão

atualizado

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Ivan Mattos/Zoológico de Brasília/Reprodução
ensaio com naja zoológico de Brasília
1 de 1 ensaio com naja zoológico de Brasília - Foto: Ivan Mattos/Zoológico de Brasília/Reprodução

A servidora do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) afastada por suspeita de fornecer a licença irregular para que a Naja kaouthia viesse para o Distrito Federal diz não se lembrar de ter assinado o documento.

Em entrevista ao Metrópoles, Adriana da Silva Mascarenhas, 46 anos, alegou que sequer tinha conhecimento da passagem da cobra pelo Centro de Triagem do órgão.

Conforme explicou a funcionária pública, são inúmeras assinaturas concedidas ao longo do ano e é impossível se recordar de tudo. “Pode até ser que eu tenha assinado, mas de forma alguma sou responsável por tráfico internacional de animais”, defende-se.

Adriana diz que tem sido alvo de alguma armação. Para ela, não faz sentido ter o nome envolvido nesse caso. “Para mim é revoltante. Moro em uma casa humilde, com a minha mãe. Não recebi dinheiro algum para dar permissão. Minhas contas estão à disposição para olharem se tem alguma coisa”, afirma.

Apesar de se dizer inocente no caso da Naja, a servidora confessa que já expediu licenças a pessoas próximas com o intuito de diminuir a lotação do Centro de Triagem do Ibama. “Chega um tempo que não tem como comportar todos os animais. Eu mesma já levei animais para a minha casa, hoje em dia não faço mais isso”, comenta.

Os casos a que Adriana se refere são a permissão à amiga do namorado da servidora, referente a dois papagaios, e à manicure, de um mico-estrela. “São animais que já estavam machucados e ninguém iria querer. Os papagaios mesmo não se adaptaram no meio dos outros e estavam sendo atacados pelos animais”, detalha.

Para ela, os erros são justificados pelo amor aos animais. “Posso até ter errado, mas tudo o que fiz foi pensando em ajudar”, diz.

Veja imagens do caso: 

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Licença teria sido expedida a Gabriel Ribeiro, amigo de Pedro.
Policiais e fiscais do Ibama cumpriram busca e apreensão na casa do estudante de veterinária
PCDF deflagrou operação
Buscas foram feitas no Guará, Gama e Riacho Fundo
Delegado responsável pela investigação, William Andrade Ricardo
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Adriana é acusada de expedir licença irregular

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Licença teria sido expedida a Gabriel Ribeiro, amigo de Pedro.

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Policiais e fiscais do Ibama cumpriram busca e apreensão na casa do estudante de veterinária

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PCDF deflagrou operação

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Buscas foram feitas no Guará, Gama e Riacho Fundo

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Delegado responsável pela investigação, William Andrade Ricardo

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Nelson Júnior Soares Vasconcelos prestou depoimento na 14ª Delegacia de Polícia após uma corn snake ser apreendida na casa dele

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No Brasil, não há Najas, logo, o soro que combate o veneno desse tipo de serpente é raro

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Ela costuma viver em regiões da África e da Ásia

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A Naja não é uma cobra típica do Brasil

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Zoológico de Brasília fez ensaio fotográfico com cobra que picou estudante

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Brasil não tem soro para o animal

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A serpente não é natural de nenhum habitat brasileiro

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A Naja foi transferida para o Butantan, em SP

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Naja no Zoo

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No Zoo de Brasília, serpente ganhou espaço próprio para sua espécie

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Ivan Mattos/ Zoológico de Brasília
Decisão judicial

Informações sobre a servidora em processo movido pela 9ª Vara Federal Cível da Justiça Federal do Distrito Federal dão conta de que Adriana da Silva Mascarenhas já foi coordenadora do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) e expediu licença de coleta, captura e transporte de serpentes que não pertencem à fauna brasileira.

Trecho da decisão diz que há fortes indícios de seu envolvimento com fatos investigados relacionados à organização de tráfico internacional de animais silvestres, bem como de prática de ato de improbidade na emissão de licenças para transporte de animais.

Ainda de acordo com o juiz, a servidora deve ser afastada, já que tem acesso autorizado às dependências do Ibama, “o que pode interferir na apuração dos fatos e no levantamento probatório”.

Em nota, o Ibama informou ter entrado com pedido na Justiça para afastamento cautelar de servidora, exatamente pelos fortes indícios de envolvimento em tráfico de animais silvestres e improbidade administrativa.

“Com a decisão proferida hoje (quarta) pelo juiz em favor do Ibama, até que o caso seja esclarecido, tanto pela polícia quanto pelo órgão ambiental em seu processo administrativo disciplinar, a servidora não poderá exercer funções, nem acessar dependências físicas da instituição”, diz o comunicado.

Veja a decisão:

Justiça Federal do Distrito Federal pede para Ibama afastar servidora suspeita de tráfico internacional de… by Metropoles on Scribd

 

Durante a operação na casa do estudante Gabriel Ribeiro, acusado de tentar esconder a Naja e preso na última quarta (22/7), agentes da PCDF encontraram licenças emitidas pelo Ibama com o nome da servidora afastada.

Um dos documentos é de 12 de fevereiro de 2019. As licenças autorizam a coleta, captura e transporte de animais. Adriana teria expedido pelo menos outras duas permissões, que são alvo de investigação. Uma para a amiga do namorado transportar dois papagaios e outra para a manicure, que tinha um mico-estrela.

Mais suspeitas

Na última sexta-feira (17/7), outro servidor do Ibama foi afastado, por suspeita de envolvimento com o caso do estudante de medicina veterinária Pedro Kambreck, 22 anos, que ficou em coma após ser picado pela Naja que criava.

Lotado no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), o servidor será alvo de processo administrativo disciplinar interno. Não foi informada a identidade do funcionário.

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