Em meio a impasse, Sinpol-DF se prepara para eleger nova diretoria
Categoria está há mais de seis meses na Operação Legalidade. Um dos candidatos é o vice-presidente da última gestão
atualizado
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Em meio a um impasse que já dura mais de seis meses, o Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF) se prepara para escolher a nova direção da entidade para o triênio 2017/2020. A eleição, marcada para o dia 7 de março, ocorre diante de uma categoria insatisfeita e dividida. O tamanho da cisão entre os policiais pode ser percebido no número de chapas inscritas para o pleito: seis.
O embate mais fervoroso, no entanto, deve ocorrer entre o presidente do Sinpol-DF, Rodrigo Franco, que disputa a reeleição, e o vice-presidente de sua gestão, Renato Rincon. Após um rompimento político, os dois agora se encontram em lados opostos e trocam acusações. Rincon acusa Franco de ser “arrogante”, ter “perfil centralizador” e afirma que o oponente tem fraca capacidade de articulação política. Já o presidente acusa o vice de ser “ambicioso” e de desejar a presidência desde o início da gestão passada.
Até hoje, no entanto, nenhum acordo foi firmado entre o Executivo e a categoria. O GDF ainda discute internamente a possibilidade de apresentação de uma nova proposta aos policiais em breve. O próprio governador Rodrigo Rollemberg (PSB) comentou a interlocutores que quer o fim das rusgas com a corporação. No entanto, desde setembro de 2016, a maior parte das delegacias da capital federal tem funcionado apenas em dias úteis, das 12h às 19h.
Ataque e defesa
Para os opositores da gestão atual, falta a Franco a habilidade política necessária para a resolução do impasse. O candidato à presidência do Sinpol-DF Antônio Marcos Cosmo afirma: “A articulação política da categoria não existe mais, foi totalmente destruída pela forma de negociação da atual diretoria”. Já Renato Rincon afirma que o sindicato é uma entidade “eminentemente política” e que a gestão da qual fez parte “fechou muitas portas e não abriu nenhuma”.
Rodrigo Franco, por sua vez, vê a situação de um jeito diferente. “Pelo contrário, hoje há ainda mais articulação política, já que a bandeira atual do sindicato é o apartidarismo. Antes, ficávamos ligados a apenas um político e, hoje temos diálogo com quatro ou cinco. Isso incomoda alguns grupos que querem a volta da ligação a algum partido político”, afirma o presidente do Sinpol.
O fator político, aliás, é um grande pano de fundo dessa disputa. Quem comanda o sindicato que representa os 4,9 mil policiais civis do DF fica sob os holofotes e pode disputar um mandato eletivo. Prova disso é que um ex-dirigente do Sinpol hoje é deputado: Wellington Luiz (PMDB), na Câmara Legislativa; e o ex-diretor-geral da PCDF Laerte Bessa (PR) foi eleito para a Câmara dos Deputados.
Conheça abaixo os seis candidatos à presidência do Sinpol-DF:
Chapa 10 – “Paridade já”
Candidato à presidência: Jefferson Furtado (foto), conhecido como “Jeffão”
Candidato à vice-presidência: agente Darcy da Silva
Impressões sobre a situação atual: “Tudo precisa ser melhorado. A gestão atual largou qualquer compromisso com a categoria. Começaram com um desrespeito aos policiais aposentados e sequer conseguiram manter a paridade do salário com a Polícia Federal. A categoria precisa voltar a ser unida”.
Promessas: oferecer mais apoio do Sinpol-DF aos policiais aposentados; garantir a paridade imediata de salários com a Polícia Federal e melhorar a articulação política.
Chapa 20 – “Una”
Candidato à presidência: Alceu Prestes
Candidato à vice-presidência: Aldi Roldão
Impressões sobre a situação atual: “[O Rodrigo Franco] tentou, mas o diálogo com o governo ficou prejudicado. Faltou diálogo. A greve deve ser sempre o último recurso, já que quem mais sofre é a população pobre”.
Promessas: garantir a paridade imediata de salários com a Polícia Federal; preencher cargos para minimizar déficit de pessoal e oferecer melhores condições de trabalho aos policiais
Chapa 30 – “Juntos somos fortes”
Candidato à presidência: Rodrigo Franco, conhecido como “Gaúcho”
Candidato à vice-presidência: Paulo Roberto Sousa
Impressões sobre a situação atual: “Considero positiva, porque abrimos várias frentes e agimos sobre demandas que não haviam sido atendidas. As carreiras da Polícia Civil agora são de nível superior e as contas do sindicato foram sanadas, já que, quando assumimos, recebemos uma dívida de R$ 1 milhão. Além disso, conseguimos nos aproximar da categoria”.
Promessas: garantir a paridade imediata de salários com a Polícia Federal; assegurar que as atribuições dos cargos da categoria também sejam de nível superior e lutar por salários de nível superior.
Chapa 40 – “Dignidade”
Candidato à presidência: Antônio Marcos Cosmo, conhecido como “Cosmo”
Candidato à vice-presidência: Pablo Ribeiro
Impressões sobre a situação atual: “A situação atual do sindicato é a mais negativa possível. A articulação política não existe mais e, além disso, a diretoria não tem capacidade de tratar com os sindicalizados nem de ouvir as propostas de outras pessoas”.
Promessas: resgatar a articulação política do Sinpol-DF; lutar pela manutenção da aposentadoria especial dos policiais civis diante de uma possível reforma da Previdência e melhorar as condições de trabalho da categoria.
Chapa 50 – “Integrar, articular e avançar”
Candidato à presidência: Francisco de Sousa, conhecido como “De Sousa”
Candidato à vice-presidência: Alexandre Moraes, presidente da associação dos agentes de custódia da PCDF
Impressões sobre a situação atual: “A situação atual é preocupante em relação à articulação política. Os últimos gestores usaram radicalismo e fecharam algumas portas. Acho que posso fazer uma articulação melhor que a atual.”
Promessas: Resolver o problema de lotação dos agentes de custódia na PCDF. Garantir a paridade imediata de salários com a Polícia Federal; lutar pela especificação das atribuições de cada um dos cargos da carreira e definir se a categoria deve ser regida pelo regulamento do governo federal ou do GDF.
Chapa 60 – “Operação Resgate”
Candidato à presidência: Renato Rincon
Candidato à vice-presidência: Paulo Ramirez
Impressões sobre a situação atual: “O principal problema da última gestão foi a falta de liderança e de articulação interna e externa. Faltou articulação política e a direção afastou qualquer pessoa que pensasse diferente. A Polícia Civil está sucateada e isso tem piorado nos dois últimos governos”.
Promessas: trabalhar melhor junto às instâncias de poder; ampliar benefícios para os sindicalizados e garantir a melhoria dos serviços prestados.