Em áudio, Rollemberg não descarta parcelamento do salário de servidor
“A situação é difícil, muito difícil. Estamos estudando alternativas e condições até o último momento”, disse o governador
atualizado
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O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) não descartou a possibilidade de parcelar os salários dos servidores do GDF a partir do mês que vem. Questionado pelo Metrópoles nesta terça-feira (15/8), o chefe do Executivo local afirmou que uma decisão, entretanto, só será tomada na véspera do próximo pagamento, previsto para ocorrer no quinto dia útil de setembro (7/9): “A situação é difícil, muito difícil. Estamos estudando alternativas e condições até o último momento”.
Rollemberg disse que o pagamento da folha de pessoal estaria garantido caso o governo federal pagasse uma dívida de R$ 780 milhões que tem com o GDF, referente à compensação previdenciária. “A União reconhece, mas não paga”, criticou o socialista. Segundo ele, se os recursos estivessem disponíveis, o governo conseguiria honrar os salários e aposentadorias até o final do ano.
Ouça a entrevista concedida no Riacho Fundo II:
A possibilidade do parcelamento dos salários em duas vezes (80% e 20%) vem sendo tratada pelo Palácio do Buriti desde julho, já que as contas do GDF não fecham. O déficit mensal atual é de R$ 240 milhões.
“Quando chega no dia 25, suspendemos o pagamento de fornecedores e de prestadores de serviços para juntar o dinheiro e honrar a folha de pagamento”, admitiu o governador. O atraso no pagamento das faturas das empresas tem impacto nos serviços terceirizados. As escolas da rede pública, por exemplo, estão sem limpeza e em algumas delas as aulas foram suspensas.
Na manhã desta terça, um grupo de terceirizados abordou o governador no Riacho Fundo II e cobrou o repasse dos recursos às empresas. Funcionários da empresa Juiz de Fora alega estar com dois meses de salário atrasados e três de tíquete-alimentação vencidos. Em greve há uma semana, eles cobram a quitação dos vencimentos e o pagamento das faltas para retomar as atividades.
“Tem sido o pior ano. Nunca houve atraso assim, temos colegas passando necessidade e sem conseguir pagar o aluguel”, reclama a auxiliar de serviços gerais Vandeísa Santos, que trabalha no CED 1 do Riacho Fundo II. Diretora do Sindserviços, Edinelza Antunes lamenta a situação das escolas afetadas. “Estão sujas e funcionando com horário reduzido. Só voltaremos quando o dinheiro for liberado”, garante. Rollemberg, por sua vez, disse que o dinheiro (R$ 6 milhões) deve ser liberado hoje.
Folha em alta
Mesmo sem ter concedido qualquer reajuste salarial ou incorporado despesas correntes ao orçamento, só de crescimento vegetativo da folha de pessoal o GDF teve um acréscimo nas despesas com pessoal de R$ 1,6 bilhão, entre 2016 e 2017.
O chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio, tem utilizado a palavra “malabarismo” para definir a forma como o governo local tem conseguido pagar a folha sem atrasos até agora. O problema se tornou uma bola de neve. Após suar a camisa para pagar os salários de julho, agosto começou com pronósticos ruins.
Nos corredores de órgãos públicos e sindicatos, o temor é que, sem recursos suficientes, os salários sejam parcelados, especialmente porque a arrecadação do mês passado apresentou números preocupantes.
Além da queda da arrecadação, o Buriti está proibido de repetir a manobra financeira que o salvou de atrasar salários em 2015 e em 2016, remanejando recursos do Instituto de Previdência dos Servidores (Iprev). A recomposição dos recursos, em terrenos e ações do BRB, não ocorreu ainda, o que ameaça a saúde financeira do fundo destinado a pagar as aposentadorias dos funcionários públicos locais.
A atual gestão do Governo do Distrito Federal também vai chegar ao fim sem quitar a última parcela do reajuste aprovado em lei e concedido, a partir de 2013, a 32 categorias do funcionalismo público distrital.