Discussão sobre expediente de sindicalistas em delegacias divide dirigentes do Sinpol
Vice-presidente da entidade reclama publicamente do rodízio que deve ser implementado no sindicato para que integrantes do órgão de classe também atuem em unidades policiais. Segundo ele, trata-se de uma tentativa de afastá-lo do cargo
atualizado
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O horóscopo adverte: a maré não é boa para um relacionamento com o vice. Primeiro foi Michel Temer e Dilma Rousseff. A crise de identidade do peemedebista em relação ao papel que desempenha na vice-presidência do país quase descambou para o litígio entre o PT e o PMDB. No Palácio do Buriti, a relação entre Rodrigo Rollemberg e Renato Santana também não é das melhores. Principalmente depois do cenário forjado para o lançamento da campanha de conscientização contra o mosquito Aedes aegypti, em Brazlândia. Agora é a vez do Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol) verticalizar a crise.
O estopim que abalou o convívio entre o presidente Rodrigo Franco — o Gaúcho — e seu vice, Renato Rincon, foi a decisão da presidência de instituir um revezamento de jornada dupla para membros da diretoria. Em vez de ficar à disposição da entidade, o colegiado decidiu que o policial sindicalista deverá dar expediente em unidades policiais. A alegação da presidência é de que, dessa forma, a entidade conhecerá ainda mais de perto os anseios, os desejos e as necessidades dos companheiros, “trazendo-os para a pauta da luta sindical”.
Ao saber que o secretário-geral, Paulo Roberto Sousa, ocupará temporariamente a primeira vice-presidência, o atual titular, Renato Rincon, resolveu desabafar em uma carta. Ele começa o texto atacando: “As tentativas para dificultar o exercício do nosso mandato não param. São boicotes, sabotagens e muito desrespeito ao trabalho que estamos realizando. Parte da diretoria quer me ver, a todo custo, longe do Sinpol, visando as próximas eleições sindicais”, diz.
Em outro trecho, Rincon aponta que o autor das investidas contra sua gestão é o próprio presidente da entidade. “A novidade agora foi o presidente colocar em votação, na última reunião de diretoria, a minha substituição na licença classista. Ele divulgou a pauta na última hora (apenas na manhã de segunda, dia da reunião). A pauta não foi clara quanto ao assunto a ser tratado, e a matéria foi deliberada no sentido de que eu deveria ser substituído pelo secretário-geral, Paulo Roberto, na licença classista”.
Rincon conclui a mensagem com um recado direto ao seu superior: “Quero deixar explícito que não abro mão do mandato classista, não concordo com a decisão e com a forma que o assunto foi tratado em diretoria. Há diretores que somente sabem construir muros, quando precisamos de pontes, de alianças, de buscarmos a união mesmo nas diferenças. Sempre me propus a isso”.
Procurado pela reportagem, Rodrigo Franco disse que não comentaria o assunto porque a decisão ainda não foi formalizada. “Nós estamos resolvendo isso internamente. Não está decidido ainda”, limitou-se a dizer.