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De braços cruzados, servidores protestam contra exonerações na Cultura

Manifestação ocorre no mesmo dia em que a pasta entregou a reforma do terceiro andar da Biblioteca Nacional de Brasília

atualizado

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Raimundo Sampaio/Especial para o Metrópoles
manifestação servidores Secult
1 de 1 manifestação servidores Secult - Foto: Raimundo Sampaio/Especial para o Metrópoles

Uma polêmica marcou a entrega do, agora reformado, terceiro andar da Biblioteca Nacional de Brasília, nesta terça-feira (09/07/2019). Isso porque a liberação do espaço ao público ocorre um dia após o Governo do Distrito Federal (GDF) anunciar, por meio do Diário Oficial (DODF), a exoneração de 11 servidores da Secretaria de Cultura do Distrito Federal (Secult-DF), que planeja utilizar o local como sede da pasta.

As exonerações irritaram servidores e funcionários da biblioteca, que paralisaram as atividades e dirigiram-se até o gabinete do secretário da pasta, Adão Cândido, para cobrar explicações. Em frente à sala, nesta tarde, cerca de 60 trabalhadores cruzaram os braços em forma de protesto às demissões. Em decorrência do ato, a biblioteca teve seu funcionamento interrompido.

Uma servidora, que preferiu não ser identificada, disse que não é a primeira vez que os funcionários são “pegos de surpresa” com decisões inesperadas do governo local. “Essa é a segunda edição extra do DODF em que há servidores exonerados sem qualquer explicação prévia. Estão exonerando técnicos capacitados, responsáveis pela administração de áreas técnicas para empregar ‘cabos eleitorais’ e pessoas sem qualquer conhecimento do setor”, criticou.

Outra reclamação dos servidores é a interdição do quarto andar do prédio, que deveria ser de uso exclusivo da biblioteca, mas também está sendo reformado para abrigar áreas administrativas da Secretaria. Um funcionário que também não quis ser identificado por medo de retaliações cobrou explicações sobre o assunto. “Estamos aqui, na porta do secretário, para saber o porquê de estarem descaracterizando o projeto arquitetônico do espaço.”

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Os funcionários estiveram na porta do secretário Adão Cândido para cobrar explicações
Vasconcelos admitiu que pode tornar sem efeitos algumas nomeações
Secretário-executivo da pasta, Cristiano Vasconcelos
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Em decorrência do ato, a Biblioteca Nacional de Brasília teve seu funcionamento interrompido

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Os funcionários estiveram na porta do secretário Adão Cândido para cobrar explicações

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Vasconcelos admitiu que pode tornar sem efeitos algumas nomeações

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A reportagem tentou conversar com Adão Cândido, mas foi recebida pelo secretário-executivo de Cultura, Cristiano Vasconcelos. Ao Metrópoles, ele classificou as trocas como “parte do cronograma de qualquer governo”. Segundo ele, a pasta tem mais de 500 funcionários, com 126 cargos de confiança destinados a efetivos e comissionados.

“Foram 11 exonerados, sendo seis desses cargos ocupados por servidores. Reconheço que eles tinham legitimidade, mas o número é muito pequeno e as demissões não foram só na Cultura. Incluiu, também, outras áreas do governo como Educação, Casa Civil e Saúde”, disse Vasconcelos.

Questionado sobre a contratação de profissionais sem qualificação técnica, Vasconcelos informou que podem ser feitas algumas retificações. “O GDF é uma empresa com 16 mil funcionários e erros podem ocorrer. Falei com o governador em exercício, Paco Britto, e ele me disse que irá corrigir o que for necessário. Portanto, poderemos tornar sem efeito as pessoas nomeadas que não estiverem habilitadas para os cargos”, explicou.

Mais polêmicas

Esta não é a primeira vez que as decisões da secretaria causam polêmica. Em maio deste ano, cerca de 300 artistas e produtores culturais locais se reuniram em frente à biblioteca para protestar contra a suspensão do edital do Fundo de Apoio à Cultura (FAC). Na oportunidade, eles pediam a liberação dos recursos para a promoção das atividades artísticas na capital da República.

A Secult havia suspendido o edital lançado em outubro de 2018, no valor de R$ 25 milhões. A ideia era usar esses recursos para bancar a reforma do Teatro Nacional Claudio Santoro, fechado há cinco anos. A ação gerou reação da comunidade artística, que contava com os recursos para tocar cerca de 300 projetos, conforme revelado pelo Metrópoles. No entanto, em 11 de junho, o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) proibiu a destinação da verba do FAC para obras.

Guerra do trono

Outra polêmica envolvendo a pasta foi justamente o anúncio de que o prédio, que é patrimônio tombado, passaria por reformas. Isso porque o projeto incluía a construção de um banheiro particular para uso do chefe da pasta. A obra aconteceu em meio à crise financeira e à falta de investimentos em outras prioridades, como o Teatro Nacional fechado há cinco anos.

Veja as fotos da reforma:

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Material cedido ao Metrópoles
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Material cedido ao Metrópoles

Nesta terça (09/07/2019), o secretário-executivo explicou que as reformas eram necessárias. “Quando assumimos, o teto estava caindo. Era preciso realizar uma adaptação para que o forro não despencasse na cabeça de ninguém. Por isso, o terceiro andar foi interditado e entregue todo reformado hoje”, disse Vasconcelos.

A Secult planeja economizar R$ 1 milhão com a transferência da sede da pasta do Teatro Nacional para a Biblioteca. Os funcionários transferidos devem ser alocados no quarto andar do prédio.

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