Servidor do TJDFT denunciou golpista do amor: “Perigo para sociedade”
Homem de 36 anos repassou R$ 300 mil a Darlan Jessie, que fingia ser empresário, neto de desembargadora e ter câncer terminal
atualizado
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A Polícia Civil prendeu preventivamente Darlan Jessie de Oliveira Bolener (foto em destaque), 31 anos, acusado de aplicar estelionato sentimental em diversas regiões do país. O suspeito usava perfis nas redes sociais para atrair suas vítimas, que tinham amigos em comum com ele. No DF, se aproximou de um servidor do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), com quem manteve um relacionamento por cerca de quatro meses. Deu um golpe de R$ 300 mil e depois desapareceu, alegando que tinha câncer em fase terminal.
Policiais da Coordenação de Repressão a Crimes Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Corf) chegaram até o suspeito, que era conhecido como “Arcanjo Gabriel”, por meio da denúncia do servidor público. Ele foi encontrado em Aparecida de Goiânia (GO), na casa de um parente. Contra o acusado, havia um mandado de prisão em aberto.
A polícia descobriu que Darlan comprou passagem para os Estados Unidos, mas desistiu de sair do país provavelmente porque sabia do mandado. Ele foi preso nessa terça-feira (23/07/2019) no âmbito da Operação Angelo. Além de no DF, fez vítimas em São Paulo, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás. “Não eram apenas golpes sentimentais, havia esquemas envolvendo bolsas de estudos falsas e ofertas de emprego que não existiam”, disse a delegada Isabel Davila Lopes Borges de Moraes, da Corf.
O servidor do TJDFT, que tem 36 anos, conta ter registrado ocorrência policial há cerca de dois meses, após descobrir que havia sido vítima de um golpe. Ele diz ter sido procurado nas redes sociais por um amigo de Darlan, que alegava conhecer seu ex-namorado. Logo em seguida, o contato do acusado, que usava nome falso de Gabriel Arcanjo Ribeiro, foi fornecido ao servidor público.
Darlan e o funcionário do TJDFT passaram a se falar pelas redes sociais. Por três dias, trocaram mensagens até que decidiram se encontrar em um barzinho no Guará. A princípio, viraram amigos. Depois, passaram a se relacionar amorosamente. No período em que ficaram juntos, dizia ser empresário e neto da desembargadora Maria Erotildes, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
Afirmou ainda que sonhava ser proprietário de uma boate em Brasília, mas não tinha recurso financeiro. Darlan usou esse argumento para atrair a vítima com os planos para abrir o negócio. A partir daí, o servidor começou a emprestar dinheiro ao golpista. Foram 22 depósitos que totalizaram R$ 300 mil.
Em seguida, Darlan alegou ao funcionário do TJDFT que estava com câncer terminal e precisava fazer uma cirurgia muito cara. Afirmou ainda que sua “avó desembargadora” só pagaria metade e precisava de mais dinheiro. “Ele me ligou chorando, fez o maior melodrama. Acabei me comovendo, acreditando na história de que estava prestes a morrer. Então, transferi a quantia diretamente a ele”, conta o funcionário público.
Durante o período em que relacionaram, Darlan levou a vítima em um terreiro de candomblé. Lá, apresentou um suposto pai de santo ao namorado. “Ele incorporou um espírito na hora e disse que a boate de Gabriel seria um sucesso. Afirmou ainda que ele ia precisar muito de mim, por isso acabei caindo na história e me oferecendo para ser sócio e fazer os depósitos em várias contas que ele me passava”, contou.
A vítima começou a investigar o nome das contas para as quais fazia transferência e acabou desmascarando o autor do golpe. Descobriu seu verdadeiro nome e jogou no Google. Na pesquisa, apareceram diversos casos de fraudes envolvendo Darlan. A partir daí, o funcionário do TJDFT procurou a polícia e fez a denúncia.
“Espero que agora a justiça seja feita e ele fique preso, pois é um perigo para a sociedade”, ressaltou a vítima. O servidor acredita que outras pessoas estejam envolvidas nos golpes.
“Trata-se de criminoso contumaz que também é investigado pela prática de estelionato nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais”, pontuou a delegada Isabel Moraes. Segundo ela, Darlan não ostentava, mas “vivia bem” com golpes que aplicava. O mandado de prisão preventiva contra Darlan foi expedido pela Vara Criminal de Taguatinga. Se condenado, ele por pegar até 5 anos de reclusão e multa.