Servidor do Banco Central pedia esmola de R$ 10 em frente à sede: “Passava fome”
“A verdade é que minha mãe morava em Portugal entre 2012 e 2018 e absorvia todo o salário dele, o deixando na miséria”, disse a filha
atualizado
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Há pelo menos 10 anos, o servidor aposentado do Banco Central (Bacen), de 49 anos, sofre maus-tratos cometidos por sua companheira. A informação foi revelada pelos três filhos de Maruzia das Graças Brum Rodrigues, 53. Entre 2012 e 2018, mesmo ocupando cargo de analista do banco, com salário superior a R$ 20 mil, o servidor pedia esmolas de R$ 10 aos colegas de banco, em frente à sede do Bacen.
Uma das enteadas do aposentado e filha de Maruzia, relatou ao Metrópoles que funcionários do banco, ao saberem que o servidor estava pedindo esmola, ligaram para familiares para saber o que estava ocorrendo. “A verdade é que minha mãe estava morando em Portugal entre os anos de 2012 e 2018 e absorvia todo o salário dele, o deixando na miséria passando necessidade. Nós é que fazíamos compras para ele algo decente para comer”, contou.
De acordo com a enteada do aposentado, ele passava meses comendo apenas lasanha congelada, e tinha um galão de água com suco em pó dissolvido. ” Ele chegava ao desespero de nos pedir um lanche de fast-food e acabava mendigando na calçada em frente ao banco para tentar conseguir algum dinheiro e ter uma refeição decente”, disse.
Clínica desconfiou
Segundo a filha de Maruzia, em 2018 o aposentado ainda estava na ativa, mas já apresentava sinais de alienação mental e não tinha os cuidados da companheira, que decidiu deixá-lo sozinho no DF para continuar trabalhando, mesmo necessitando de cuidados psiquiátricos. “Minha mãe decidiu colocá-lo em sessões de terapia em uma clínica na Asa Norte, mas ele ia para sessões apenas para comer, depois ia embora. Os médicos desconfiaram que meu padrasto estava sendo alvo de maus tratos”, explicou.
Assustada com a repercussão no Banco Central e a suspeita da clínica, Maruzia resolveu embarcar para o Brasil e conseguir a aposentadoria integral do companheiro. “O medo dela sempre foi perder esse dinheiro, pois não tem nenhuma outra renda. Enquanto meu padrasto morava em um apartamento insalubre, sujo, e sem qualquer cuidado, ela bancava o aluguel de um imóvel de luxo, em Lisboa”, revelou.
No ano seguinte, em 2019, a mulher conseguiu finalizar o pedido de aposentadoria integral do companheiro. Com o passar dos meses, o aposentado ficou com a saúde cada vez mais debilitada, de acordo com os enteados, principalmente pela ministração de super dosagens de medicamentos para mantê-lo dopado.
O caso
Vídeos, fotos e uma série de documentos foram juntados por três irmãos, filhos da suposta autora e enteados da vítima. O inquérito foi instaurado na 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul). O caso veio à tona após uma viatura da Polícia Militar e uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) serem acionadas para socorrer o servidor, em 8 de setembro.
Na delegacia, as testemunhas, filhas de Maruzia das Graças Brum Rodrigues, 53 anos, contaram que a mãe dopava, agredia e obrigava o aposentado a tomar medicamentos usados para castração química. A motivação da mulher seria controlar a aposentadoria do analista do Bacen, com vencimentos próximos aos R$ 23 mil.
Os enteados da vítima esperaram o momento em que a mãe estaria passando por procedimentos de cirurgia plástica em um hospital no DF para tentar visitar a vítima e descobrir em que condições ele vivia. Grogue e prostrado em uma cama, o homem não conseguia falar com coesão e apresentava hematomas e lesões nos braços, segundo uma das enteadas do servidor aposentado.