“Será intolerância?”, pergunta Conceição sobre ataques a banca
Arte gráfica que estampa lateral do comércio apareceu com cortes pelo segundo dia seguido. Imagens de prédio vizinho podem ajudar
atualizado
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A jornalista Conceição Freitas, proprietária da Banca da 308 Sul, denunciou nesta quarta-feira (06/11/2019) que, pela segunda vez em um intervalo de dois dias, rasgaram o painel da fachada leste do estabelecimento. Os quatro cortes na arte gráfica parecem ter sido feitos com estilete. Dois ataques ocorreram de segunda (04/11/2019) para terça-feira (05/11/2019); e outros dois, nesta madrugada.
A ilustração destruída foi feita pela artista Anna Mendes e representa o Plano Piloto. “Eu não posso afirmar o que ocorreu. Ontem [terça-feira], publiquei uma crônica no Metrópoles dizendo o que eu achava que podia ser. Hoje [quarta-feira], antes de abrir a banca, passei para comprar uma fita e fazer o remendo. Quando cheguei, dois outros rasgões maiores ainda estavam ali”, comentou Conceição.
“Será intolerância?”, pergunta. “Nesse clima do país, sou uma pessoa que me coloco muito claramente à esquerda. Há algum tempo, eu escrevi uma crônica sobre a palavra comunismo e um comentário no meu Facebook me entristeceu”, lembra a jornalista e escritora.
“Sabia que estava tocando num tema delicado. Uma pessoa escreveu ‘Comunista. Ainda se fosse uma cabrita nova. Mas, uma vaca velha’. Ficou óbvio que o comentário era para mim e senti que o ódio estava se aproximando”, acrescentou.
Motivos
Por intuição, Conceição acredita que as ações de vandalismo podem, sim, ter sido ocasionadas pela postura política e ideológica, mas não há como ter plena certeza, segundo ela. “Pode ter sido uma criança ou até moradores de rua. Mas acredito que não. Eles não saem por aí vandalizando. Nunca fizemos nada contra eles. Nunca houve depredações anteriormente. Pela situação, isso me leva a crer que o ódio chegou à banquinha.”
A jornalista solicitou à administração do Bloco A, que fica em frente ao local, as imagens das câmeras de segurança para tentar identificar algum suspeito. “Classificamos esse episódio como lamentável. Vamos ajudar no que for possível para tentarmos reconhecer quem são as pessoas que fizeram isso”, disse Landejaine Maccori, 64 anos, membro da gestão do prédio.
Ainda segundo Conceição, também pelas redes sociais, há uma movimentação de usuários para fazer uma vaquinha e comprar um novo banner. “Eu ganhei de presente. Então, é a coisa mais linda do mundo as pessoas se juntando para trocar o banner. Eu vou topar.” A jornalista preferiu não fazer queixa na delegacia.