Sequestradora de bebê tentou aliciar outras mães. Polícia investiga
Após a divulgação do caso Valentina, delegacia recebeu outras denúncias contra a acusada, relatando circunstâncias parecidas
atualizado
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Assim como se aproximou da faxineira Arlete Bastos, 29 anos, oferecendo auxílio e se passando por uma assistente social, a sequestradora Cevilha dos Santos, 44 anos, teria usado o mesmo modus operandi para tentar enganar outras mulheres grávidas ou com filhos recém-nascidos. Tudo para roubar o bebê. Por volta das 10h40 desta quinta-feira (29/6), ela quase conseguiu o que queria. Levou a pequena Valentina, de três meses, resgatada sete horas depois. Após a divulgação do caso, a polícia recebeu outras denúncias contra a acusada, relatando circunstâncias parecidas.
A informação é corroborada pela mãe de Valentina. “Ela procurava alguém que estava com o filho prestes a nascer e dizia que queria ajudar, que era assistente social e queria doar enxovais para as famílias que estivessem realmente precisando”, contou Arlete ao Metrópoles.
Cevilha entrou na vida de Arlete Bastos na segunda-feira (26), quando apareceu na casa da faxineira, na Vila Rabela, em Sobradinho, oferecendo auxílio e emprego. Como ela e o marido estão desempregados, a mãe de Valentina aceitou uma suposta oferta de trabalho como auxiliar de serviços gerais na empresa Dinâmica. Daí para ela sequestrar a criança foram poucas horas.O delegado do Centro Integrado de Operações de Segurança de Planaltina de Goiás (GO), onde a mulher foi detida, Cristiomário de Sousa Medeiros, também apura a possibilidade de participação de outras pessoas no crime. Existe a suspeita de que ela faça parte de uma quadrilha de tráfico de crianças, já que tudo indica que o sequestro foi planejado em detalhes.
Na cela da delegacia, Cevilha aparentava desequilíbrio. Xingava e agredia policiais, sempre inquieta. Disse que estava com depressão e havia perdido um bebê há cinco meses. Segundo a sequestradora, o marido ameaçava largá-la caso não tivesse outro filho. “Eu errei, foi um momento de fraqueza”, afirmou. Além dela, foram ouvidos Arlete e o taxista que dirigia o carro no momento da prisão da sequestradora.
Chamou a atenção dos policiais o fato de a mulher ter uma extensa ficha, com passagens por tentativa de homicídio, furto, apropriação indébita, lesão corporal, injúria e ameaça. Ela também já estava com uma certidão de nascimento com dados falsos sobre a menina.
Ameaça de morte
Nesta quinta, Arlete foi até uma clínica no Conic para fazer um exame de admissão para o falso emprego. Segundo a mulher, Cevilha fez questão de acompanhá-la. Para passar pelos exames, a faxineira deixou a filha com a conhecida. Poucos minutos depois, no entanto, as duas tinham sumido.
A sequestradora e a criança só foram encontradas quando estavam a bordo do táxi dirigido por José Valdemir, 62 anos. “Peguei ela no ponto próximo ao Hospital de Planaltina de Goiás. Ela me disse que ia para Planaltina (DF), mas não quis falar o endereço exato. Quando entraram no carro, a menina estava toda empacotada. Na hora, nem notei que era uma criança”, contou o taxista ao Metrópoles.
No caminho que separa as duas cidades, José recebeu uma ligação da Polícia Militar de Goiás pedindo para que ele retornasse à cidade. O taxista afirmou que assentiu e, no momento, em que mudou o curso do carro, foi ameaçado pela sequestradora. “Ela abriu a porta e disse: ‘Você precisa ir para Planaltina (DF), ou eu vou matar essa criança”‘, disse
Com medo, o motorista voltou ao percurso programado, mas, a essa altura, a polícia já estava no encalço de Cevilha, que foi abordada e presa momentos depois.
Apesar do susto e do cansaço, o final foi feliz para Arlete Bastos, que teve o prazer de reencontrar a filha. “Foi um alívio muito grande. Quando encontrei ela (sic), tive vontade de sorrir de novo, porque mais cedo só queria chorar. A sensação é muito boa”, desabafou.
Doações
Como estão desempregados e com uma filha pequena, Arlete e o marido têm passado por dificuldades financeiras. “Foi mais por isso que aceitei a oferta dela [Cevilha]. Eu estava desesperada”, conta a mãe de Valentina. Vivendo com o auxílio de parentes, ela pede ajuda: “Queria um emprego para poder cuidar melhor da minha filha”.
Quem quiser ajudar a família pode entrar em contato com Arlete pelo telefone (61) 98567-0120.