Senador sobre servidor comissionado que atropelou casal: “Caráter pessoal”
O parlamentar Paulo Barreto afirma que tomou conhecimento do fato, mas não irá se manifestar sobre as acusações contra o seu funcionário
atualizado
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O senador Paulo Barreto (PSD-AP) afirmou, por meio de nota, que não irá se manifestar sobre as investigações da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) que colocam o servidor comissionado do Senado Federal Caio Ericson Ferraz Pontes Mello, 32 anos, como responsável por atropelar um casal na QI 29 do Lago Sul na madrugada de domingo (16/8).
Mello trabalha como auxiliar parlamentar sênior no gabinete do senador. Ele tem remuneração média de R$ 11.245, conforme consta no Portal da Transparência.
Na nota enviada ao Metrópoles, Paulo Barreto afirma ter tomado conhecimento do fato, que classifica como de “caráter pessoal” do comissionado.
“O que podemos informar é que o servidor comunicou o fato e tomará as medidas necessárias para atender às solicitações pertinentes ao acidente e assim prestar todos os esclarecimentos devidos, bem como atender aos pedidos da Justiça”, defendeu o senador no texto.
Reincidente
Não é a primeira vez que Mello tem problemas por má conduta no trânsito. Mais cedo, o Metrópoles noticiou que o servidor estava com a carteira de habilitação suspensa e, com isso, impedido pelo Código de Trânsito Brasileiro de dirigir. Ele teve a CNH invalidada por embriaguez ao volante. A decisão foi publicada no Diário Oficial do DF em 2009.
Ele já foi alvo de outros processos envolvendo infrações de trânsito, principalmente por Lei Seca e trafegar em velocidade superior à permitida nas vias do Distrito Federal. Na publicação feita no DODF, em 20 de março de 2009, consta que Caio teve o direito de dirigir suspenso por um ano com base no artigo 165 do CTB, que consiste em “dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência”.
A reportagem apurou que há dois processos de alcoolemia em nome dele. Uma infração ocorreu em setembro de 2008, às 2h15 da madrugada. Em 2010, ele voltou a ser flagrado alcoolizado 1h10 da madrugada. A carteira estava com bloqueio no sistema do Detran, o que significa que, se o motorista tivesse ficado no local do acidente ele poderia ter sido preso em flagrante.
DODF
Análise de câmeras
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) ainda analisa imagens de câmeras de segurança de casas e condomínios ao longo da Estrada Parque Dom Bosco (EPDB) para saber se Caio estava em alta velocidade e participava de um racha quando atropelou um casal na altura da QI 19 do Lago Sul.
Segundo o delegado-chefe adjunto da 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul), Bruno Dias, a investigação segue com análise das imagens e colheita de outras que poderão ser úteis para confirmar ou não a versão apresentada pelos ouvidos.
“Além disso, serão feitos exames periciais e temos de aguardar os laudos daqueles que já foram realizados. Ainda há muito a ser feito. Sobre eventual prisão, apenas ao final do procedimento haveria a possibilidade”, afirmou o policial.
Os responsáveis pelo caso farão o cálculo da velocidade do veículo baseado nas imagens que conseguirem. “Vamos ver quanto tempo ele demorou para ir de um ponto a outro, ir no local e fazer a medição da distância. Dessa forma, saberemos se ele estava em alta velocidade ou não”, acrescentou o delegado-chefe da 10ª DP, Wellington Barros.
Um exame toxicológico também foi pedido pelos investigadores para confirmar a versão de Caio de que ele não teria usado drogas. A defesa dele também pediu para que o teste de alcoolemia fosse feito, mesmo três dias depois do atropelamento.
Quem ainda falta ser ouvida é Paula Thays Gomes de Oliveira, 18 anos. Internada em estado grave, ela é considerada peça fundamental para explicar o que aconteceu. “Temos que esperar o momento em que ela esteja melhor para podermos ouvi-la e entender a questão de ela ter sido arrastada”, conta Wellington Barros.
Estado gravíssimo
Paula está internada no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) e segue em estado gravíssimo segundo a última atualização do estado de saúde dela na manhã dessa terça-feira (18/8). Ela precisou amputar a mão esquerda e passou por uma mastectomia bilateral.
A vítima, arrastada por cerca de 4 quilômetros pelo veículo, teve múltiplas escoriações no tórax, coxa, joelho, mão e pé. Ela chegou ao hospital com alguns dedos dilacerados e múltiplas fraturas expostas. Precisou ser entubada.