Sem proteção. Viadutos do DF oferecem riscos a motoristas e pedestres
Como as estruturas são antigas, falta manutenção constante e itens de segurança mais modernos, alerta professor da Universidade de Brasília
atualizado
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Não é difícil encontrar viadutos com sinais de deterioração no coração da capital do país. Basta fazer uma ronda nos eixos L e W na Asa Sul e Asa Norte, por exemplo, que é possível ver guarda-corpos corroídos e estruturas à mostra. A situação é tão grave que levou o professor João Carlos Teatini, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília (UnB), a denunciar os riscos à segurança dos brasilienses.
O engenheiro civil cita o caso da proteção do viaduto na entrequadra 105/106 do Eixo W Norte, que caiu na via abaixo do elevado e, por pouco, não causou um acidente. “Imagine um veículo passando embaixo e sendo esmagado por quase uma tonelada de concreto armado. E a extensão da tragédia, no caso de um transporte escolar com crianças”, dispara.
Segundo o professor Teatini, o principal problema dos viadutos é a falta de manutenção. “Essas estruturas são muito antigas. Então, é necessário que exista uma equipe que faça reparos periodicamente. Os que aparentam deterioração já deveriam ter sido recuperados. É uma situação que constatamos em toda Brasília”, afirma.
O especialista ressalta que os equipamentos dos eixos Rodoviário e Monumental de Brasília, dos eixinhos Leste e Oeste, além de todos da área central, são das décadas de 1950 e 1960 e foram afetados pela ação do tempo, principalmente pela corrosão do aço estrutural.
Essas obras de arte foram edificadas com projetos arquitetônicos e tecnologias inovadoras, mas têm deficiências sérias, como corrosão avançada nas barras das armaduras
João Carlos Teatini
Solução
O docente alerta que o governo faz apenas consertos superficiais nessas estruturas e afirma que, além de manutenção, outras medidas de segurança deveriam ser tomadas. “É imperativa a instalação de dispositivos de proteção lateral, como guardrails, em geral metálicos. É uma solução rápida e muito mais barata que a substituição total dos atuais guarda-corpos”, explica.
A deterioração das estruturas já foi alvo de um relatório elaborado pelo Sindicato de Engenharia e Arquitetura (Sinaenco). Nove viadutos do Distrito Federal avaliados pela entidade entre os anos de 2009 e 2011 apresentaram problemas, entre eles as pontes do Bragueto, das Garças e a JK. Foram detectadas desde infiltrações e ferros expostos até descolamento do concreto e fendas abertas.
Após ficar oito anos sem manutenção, a Ponte JK recebeu a atenção do GDF em 2011, quando uma das peças de apoio da estrutura teria se desgastado. Com isso, a pista oscilava com a passagem dos veículos, abrindo uma fissura que ultrapassou 4 centímetros de largura.
Reforçada duas vezes, a Ponte do Bragueto é outra estrutura que pede socorro. É possível ver trincas na laje inferior e ondulações na parte superior.
O outro lado
Em resposta aos questionamentos do Metrópoles, a Novacap afirma que “faz o monitoramento das muretas de contenção nos eixos W e L com o intuito de realizar a manutenção necessária. Os reparos são realizados de acordo com a avaliação dos técnicos da empresa e do grau de urgência de cada um”.
A empresa alega ainda que, em 2016, “foram realizados cinco reparos nos guarda-corpos de concreto das quadras das Asas Sul e Norte – dois na parte Norte (216/215 Norte e 105/106 Norte) e outros três na parte Sul, como na 104/304 Sul”. Por fim, a Novacap afirma que faz consertos pontuais nas estruturas mediantes solicitação, após constatação de problemas.