Sem pinheiros, área do Parque da Cidade ficará sem sombra por 10 anos
A Novacap estima que o início das sombras das novas árvores deva começar a partir do 4º ano do plantio
atualizado
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As árvores que substituirão os pinheiros no Parque da Cidade Dona Sarah Kubitschek, em Brasília, levarão cerca de 10 anos para fazer um “sombreamento total” na área dos estacionamentos 4 e 5.
A Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) estima que elas devam começar a dar um pouco de sombra a partir do quarto ano do plantio, entre novembro e dezembro de 2027.
Desde a manhã de quinta-feira (3/8), a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) realiza a retirada dos 1.628 pinheiros para replantio de 3,1 mil árvores do Cerrado e exóticas. A retirada foi motivada após um adolescente de 15 anos ser atingido por uma árvore de 20 metros e ficar tetraplégico, há mais de um ano (leia mais abaixo).
As novas árvores são jovens e ainda passarão por um processo de desenvolvimento. No estágio final de crescimento, vão atingir entre 20 e 25 metros de altura. Os pinheiros derrubados têm mais de 40 anos e possuem entre 15 e 30 metros de altura.
Veja os pinheiros derrubados e que serão cortados:
Árvores replantadas
Confira as espécies de árvores que serão replantadas no lugar dos pinheiros:
- Caesalpinia peltophoroides, Benth
- Peltophorum dubium, Taub
- Bombax aquaticum, K. Schum
- Bauhinia blakeana, Dunn
- Ficus pertusa, L
- Couroupita guianensis, Aubl
- Tibouchina candolleana, Cogn
- Bombax aquaticum, K. Schum
- Zizyphus joazeiro, Mart
- Pithecolobium tortum, Mart
- Couroupita guianensis, Aubl
Frequentadores a favor
Frequentador desde a juventude do espaço de lazer sob os pinheiros, o analista judiciário do Superior Tribunal de Justiça Romário Monteiro, 60 anos, não vê problema em ficar sem a sombra das árvores para realizar churrascos e se divertir com amigos.
“A sombra é maravilhosa, mas a segurança é melhor, né? Fazer [churrasco] é mole. Traz barraca, traz o toldo, vai ser melhor. Bota um toldão aí, a moda agora é essa.”
Morador do Cruzeiro, Romário conta que ainda se reúne com “os amigos das antigas” no espaço, pelo menos uma vez ao ano, em datas comemorativas.
Agachado ao lado de sua bike e tirando fotos das árvores caídas, o designer Olavo Maciel, 36 anos, conta que se divertiu muito na infância no parque. Os encontros nas churrasqueiras eram comuns na época. No entanto, afirma que está preocupado com a mudança de cenário.
“Estou meio apreensivo, porque, para quem é acostumado com essa paisagem aqui, ver tudo descampado vai ser meio estranho. Eu, pelo menos, sempre gostei desse cantinho que você passa na curva, é um monte de sombra e a característica aqui do parque”, avalia.
Circulando a pé, o professor da rede privada Bruno Machado, 41 anos, relembra o acidente com o adolescente. “[A retirada dos pinheiros] está sendo feita com segurança, estão sendo tirados de forma rápida também. Eu acho que, do tempo que teve o acidente para cá, demorou um pouco ainda”, avalia Bruno.
Relembre o caso de queda do pinheiro
Em 8 de maio do ano passado, um domingo, o estudante Pedro Miguel Rodrigues Cardoso celebrava o Dia das Mães com um churrasco em família sob os pinheiros. Por volta das 11h, o adolescente se deitou no gramado e cochilou. Minutos depois, um pinheiro de 20 metros caiu sobre ele.
No local, ele chegou a sofrer uma parada cardiorrespiratória, mas teve o quadro revertido pelo Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF). De acordo com Luciane Rodrigues, mãe de Pedro, o filho teve o crânio fragmentado em 22 pedaços, o que fez o cérebro inchar e ter coágulos.
Logo após o acidente, o adolescente foi encaminhado para o Hospital de Base e, quatro dias depois, transferido para o Hospital Anchieta, em Taguatinga. Lá, exames constataram uma lesão medular que afetou os movimentos de Pedro. Por conta do impacto do acidente, o jovem ficou tetraplégico, mas sem sequelas na parte cognitiva.
Em outubro do ano passado, após cinco meses hospitalizado, o adolescente pôde ir para casa com a família e iniciou um acompanhamento na Rede Sarah, especializada em atendimento de reabilitação.
Desde o acidente, Pedro já passou por uma série de procedimentos, tais como: laparotomia, para fechar uma pequena perfuração no estômago, e também por uma cirurgia de descompressão da coluna cervical. Além desses, foi submetido a uma traqueostomia, a um dreno de tórax e precisou ser três vezes entubado.
“Foi um período muito difícil para nós. Eu estava no início da minha terceira gestação e tivemos que praticamente nos mudar para o hospital. Meu Pedro Miguel, ou Pedro Milagre, ficou onze dias sedado e entubado em estado gravíssimo. Depois, foi um longo período em que ele se comunicava apenas pelos olhos e sem conseguir se mexer. Posteriormente, teve que passar por um treinamento da fala”, disse Luciane em entrevista ao Metrópoles em abril último.