Sem doações, Apae pode perder metade das vagas para alunos até 2024
Associação sem fins lucrativos perdeu mais de 40% do recebido antes da pandemia. Se situação continuar, total de vagas cairá de 480 para 240
atualizado
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A queda na arrecadação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais do Distrito Federal (Apae-DF) tem preocupado representantes da instituição. Só no último mês, a entidade sem fins lucrativos perdeu cerca de R$ 120 mil em doações.
Em três anos, a associação perdeu mais de 40% do que era recebido antes do início da pandemia da Covid-19. O valor impacta diretamente na capacidade de atendimento dos alunos — hoje, um total de 480. Caso as doações não aumentem, metade do público recebido pela instituição pode perder a matrícula.
Com a filha há 13 anos na Apae-DF, o engenheiro civil Adauto Santos, 57, teme a possibilidade de perder a vaga para Beatriz do Espírito Santo, 28. A jovem tem uma deficiência cognitiva “significativa”, segundo o pai.
Aos 2 anos, quando era bebê, Beatriz caiu e sofreu um traumatismo craniano, o que a fez perder parte da massa encefálica. “Ela tem dificuldades para falar, para andar, para compreender e a idade mental de uma criança de 6 anos”, detalha Adauto.
“Imagina você querer se comunicar e não conseguir ser entendida. Isso faz com que a pessoa se retraia e evite se socializar”, conta o engenheiro civil, que considera a Apae fundamental para estimular a filha.
Na associação, Beatriz faz atividades como pintura, música e teatro. “Em casa, as atividades seriam muito diferentes. Lá [na instituição], além do espaço para ofertar as oficinas, há o convívio social. [A situação financeira da Apae] me preocupa muito, porque, pelo porte, era para ela estar aumentando os atendimentos, não reduzindo”, lamenta o pai da jovem.
Corte de custos
Assessor de Políticas Públicas da Apae, Pedro Matias conta que cada aluno custa, em média, R$ 1.082 para a instituição. Porém, o ideal seria R$ 1.540 per capita, segundo o representante da instituição.
Atualmente, a associação tem convênio com o Governo do Distrito Federal (GDF) para atender 240 pessoas de baixa renda. Caso a Apae não consiga recuperar o nível de doações recebidas na fase pré-pandemia, só os alunos encaminhados por meio da parceria devem continuar na entidade.
“Nós oferecemos quatro refeições por dia, e algumas pessoas só tem aqui para se alimentar”, destaca Pedro Matias. Em um ano, a associação oferece 38 mil refeições. Porém, no momento, a Apae tem adotado medidas para conter gastos, a fim de manter as atividades.
Apoio multidisciplinar
Atualmente, a associação conta com psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, enfermeiros e terapeutas ocupacionais que prestam assistência diária aos estudantes.
Além disso, a Apae disponibiliza cursos profissionalizantes e assistência jurídica às famílias dos estudantes, segundo Pedro Matias. “Muitas delas não sabem os direitos das pessoas com deficiência. Então, damos um apoio multidisciplinar”, enfatiza.
“Estamos apertando o cinto, oferecendo uma alimentação com proteínas mais baratas e vamos incentivar que alguns profissionais que não precisam estar em contato direto [com os alunos] trabalhem de casa, para economizar luz e água”, detalha o assessor.
Doações
Para contribuir com a Apae, é possível fazer doações via Pix, transferências bancárias e boletos. Interessados em ajudar podem acessar os dados da instituição por meio deste link.