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Sem crematório público, 24 toneladas de animais são aterrados no DF

Dados são de 2022. Apesar de existir pelo menos 47,9 milhões de domicílios com pets no DF, capital não conta com crematório público de pets

atualizado

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Urna com cinzas de pet cremado
1 de 1 Urna com cinzas de pet cremado - Foto: Agency Animal Picture

Apenas no primeiro trimestre de 2022, o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) do DF precisou aterrar 24 toneladas de animais mortos recolhidos nas ruas da capital. Brasília não tem crematório nem cemitério público para dar destino a animais de estimação depois que eles morrem, o que deixa tutores que não têm condições de arcar com um serviço privado sem opção para dar um funeral digno aos bichinhos.

Hora do adeus! Saiba o que fazer após a morte do pet

Quando o animal morre em uma clínica veterinária, o estabelecimento, geralmente, cuida dos trâmites para realizar a cremação ou enterro do corpo. O tutor também pode ir atrás de uma empresa especializada no serviço por conta própria. Foi o que fez a professora Gilmara Izabel Sousa, 43 anos. O gatinho dela, Simba, morreu na madrugada de 12 de julho. Ele estava internado em uma clínica pet.

Até então, a moradora de Vicente Pires não tinha pensado que um dia precisaria contratar uma funerária de animais. “Todo tutor, de qualquer tipo de animal, quando tem a perda do bichinho, a primeira coisa que pensa é o que vai fazer com o corpinho dele. Temos um sentimento de gratidão e amor por eles”, explica a professora. Izabel conta que depois que Simba morreu, buscou por um serviço público, mas descobriu que esta não é uma opção em Brasília.

“Independentemente do plano que escolhi, fico me perguntando: meu animalzinho morreu numa clínica, se tivesse morrido em casa, qual seria o destino dado ao corpo? É uma questão sanitária. Se ele fosse portador de uma doença contagiosa, quanto tempo teria de isolamento? Que tipo de sepultamento precisa acontecer?”, questiona Gilmara. A dúvida dela é a mesma de muitos brasilienses.

A saída para a professora foi desembolsar R$ 500 para cremar o gatinho dela, individualmente. Ela poderia ter pago R$ 300 para que o pet fosse cremado coletivamente, com outros animais. Ela, porém, preferiu a opção mais cara, para ter acesso as cinzas de Simba, que considerou importante para viver o processo de luto.

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Simba morreu em uma clínica veterinária
Tutora cremou animalzinho de estimação e guardou cinzas
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Gilmara Izabel e seu gatinho, o Simba

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Simba morreu em uma clínica veterinária

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Tutora cremou animalzinho de estimação e guardou cinzas

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O Governo do Distrito Federal (GDF) orienta que os consumidores procurem os serviços privados por meio das clínicas veterinárias com contratos com empresas de incineração. Além disso, informam que animais de pequeno porte podem ser recolhidos pelo SLU durante a coleta de lixo. Para animais de grande porte é preciso acionar o SLU pelo telefone 162 (veja a manifestação completa do GDF no fim da matéria).

Vale lembrar que enterrar, por conta própria, pets no quintal de casa é crime ambiental, de acordo com artigo 54 da Lei nº 9.605, do governo federal. A prática pode ter como punição multa e reclusão de até quatro anos. Isso acontece porque, caso sejam enterrados de forma incorreta, o animal pode poluir lençóis freáticos e até espalhar doenças, segundo a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Veja a quantidade de animais recolhidos pelo SLU nos últimos anos no DF:

  • 2020 – 65 toneladas
  • 2021 – 76 toneladas
  • Primeiro trimestre de 2022 – 24 toneladas

Em 11 de novembro, o deputado distrital Daniel Donizet (PL) enviou indicação ao GDF pedindo a criação de um “crematório pet público” na capital. Segundo o documento, 47,9 milhões de casas do DF têm, pelo menos, um cão e gato, que fazem companhia aos humanos. O parlamentar enaltece que a interação, hoje, é fundamental para a sociedade.

“A preocupação alusiva à destinação dos animais após sua morte tem correlação com a questão da verticalização das cidades. De acordo com o Censo 2010 do IBGE, houve uma intensificação do processo de verticalização das grandes cidades, com um forte aumento do número de domicílios na categoria apartamento. Como resultado, surge a necessidade de um local apropriado ao descarte dos pets”, diz, ainda, a indicação.

A reportagem indagou o GDF se há previsão para a criação de um crematório público para animais de estimação, mas o Executivo local não respondeu o questionamento.

“Precisamos de fato pensar nessas questões. Não é porque ele é um animal que não precisamos pensar no destino correto, pensando no coletivo, no meio ambiente. Fiquei bastante apreensiva e pensativa [depois da morte do meu pet]. Não temos uma politica efetiva nem uma clareza por parte da comunidade, das ONGs de proteção, das autoridades de proteção ambiental”, pondera a tutora do Simba.

Veja a orientação do GDF:

“O DF não possui cemitério ou crematório público para animais. Para essa finalidade, os tutores devem procurar os serviços privados por meio das clínicas veterinárias que têm contratos com empresas que realizam a incineração dos corpos.

O Serviço de Limpeza Urbana (SLU) informa que animais mortos de pequeno porte (como pássaros e roedores) são recolhidos durante a realização do serviço de varrição. Já no caso de animais de grande porte, o cidadão deve solicitar a coleta e informar a localização pelo telefone 162. Desta forma, o SLU vai realizar a coleta.

Cabe lembrar que o SLU não recolhe animais vivos (em hipótese alguma), nem os encontrados em áreas particulares, dentro de rios, lagos e bueiros, e também não recolhe mortos por doenças contagiosas.”

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