Sem chuva, Caesb pretende usar volume morto do Descoberto neste mês
Reserva técnica será usada caso o nível da Barragem do Descoberto caia a 5%, o que deve ocorrer até 31 de outubro
atualizado
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Embora já autorizada a ampliar o racionamento no Distrito Federal para dois dias, a Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) aposta na chegada das chuvas e em obras para reduzir a vazão nos reservatórios e, assim, retardar a adoção da medida mais severa.
Na hipótese de a estiagem não cessar nos próximos dias, a concessionária se prepara para utilizar o volume morto – espécie de reserva técnica de recurso hídrico – da Barragem do Descoberto. A providência seria inédita na história da capital do país, e pode ser implementada caso a maior bacia do DF atinja 5% do seu volume. Se a redução média continuar caindo 0,5% por dia, a tendência é que o governo autorize o emprego da técnica em 31 de outubro, quando o manancial chegará a 4,7%.
Para usar o volume morto, os engenheiros teriam de esperar que a barragem secasse para iniciar perfurações na tubulação que fica abaixo do solo, mas uma nova tecnologia permitirá a escavação na bacia ainda com água.
Os detalhes da provável operação foram explicados pelo presidente da Caesb, Maurício Luduvice, em entrevista coletiva concedida na tarde desta sexta (20). “O objetivo é segurar o Descoberto e vencer a seca de 2017 para recuperarmos os reservatórios. Esperamos nos preparar para deixar o volume morto pronto para ser utilizado, mas esperamos não ser preciso”, disse Luduvice.
O presidente admitiu que a situação do Descoberto é a mais alarmante. O reservatório atingiu, nesta sexta, 10,2% de seu volume – 1,2% acima do valor de referência estabelecido pela Adasa para o fim deste mês. Já o nível da bacia de Santa Maria registrou 24,9%, 1,9% superior à previsão. “Planejamos diminuir a dependência do Descoberto. O Guará I e II, por exemplo, já é abastecido por Santa Maria”, explicou.
Chuva
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as temperaturas devem se manter elevadas nos próximos dias. Embora as previsões indiquem chuva – em forma de pancadas – no fim de semana, o domingo (22) deve registrar 36ºC, com mínima de 20°C. No último domingo (15), os termômetros marcaram 37,3ºC – o dia mais quente da história do DF.
Histórico
Com o agravamento dos problemas, em 14 de outubro a companhia divulgou novos cortes no fornecimento de água. Três cidades foram atingidas: Sobradinho, Planaltina e Brazlândia. A medida vigorou no mesmo dia em que a Subsecretaria do Sistema de Defesa Civil do Distrito Federal decretou estado de emergência climática devido à baixa umidade relativa do ar. Na quarta (18), essa determinação foi suspensa.
No início do mês, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) inaugurou, no Lago Paranoá, a primeira obra de captação de água dos últimos 17 anos. A atividade foi marcada sob protestos.
O GDF ainda corre para entregar a obra do Subsistema Produtor do Bananal, que deve ficar pronta até o fim de outubro. De acordo com a Caesb, o Bananal vai dar vazão a 726 litros de água por segundo e aliviará o Sistema Produtor Santa Maria-Torto.
A míngua nos reservatórios tem afetado, inclusive, o cultivo e o consumo do brasiliense. Conforme o Metrópoles mostrou, os preços de alguns produtos da agricultura chegaram a dobrar.