Sem buscar socorro: a cada 48h, uma pessoa morre por Covid-19 em residências do DF
Em comparação com 2019, esse tipo de morte cresceu 22% no ano passado, tornando-o o mais letal da história da capital do país até agora
atualizado
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A explosão de casos de Covid-19 no Brasil e a adoção de medidas de isolamento social para conter a disseminação do vírus fizeram com que muitas pessoas passassem a ter receio de frequentar hospitais. A mudança de hábito levou o número de mortes em domicílio a disparar no Distrito Federal. Na comparação com 2019, o total de óbitos registrados dentro de casas brasilienses cresceu 22,1% no ano passado.
No total, 129 moradores da capital morreram em decorrência do novo coronavírus sem auxílio especializado. As mortes por causas respiratórias fora de hospitais cresceram 48,3%, sendo que as principais doenças causadoras de óbitos nas residências foi septicemia (com aumento de 50%), seguida por causas indeterminadas (43,7%) e insuficiência respiratória (alta de 30,8%).
Os dados são do Portal da Transparência, administrado pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil). Há chance de o número de óbitos ocorridos em 2020 aumentar ainda mais, já que pode existir um intervalo de até 15 dias entre o falecimento e o registro oficial, além do posterior envio dos dados por parte de cartórios à Central de Informações do Registro Civil (CRC Nacional).
As mortes por causas cardíacas fora de hospitais também dispararam em 2020, com aumento de 10,2% na comparação com o ano anterior. Nesse tipo de doença, o maior aumento se deu nas mortes por acidente vascular cerebral (23,8%).
Ano mais letal da história
O ano de 2020 foi o mais letal da história do DF desde o início da série histórica das Estatísticas Vitais de Óbitos do Registro Civil, em 1999. Foram registradas 18.354 mortes no ano passado, 43,8% a mais que em 2019, cujo total ficou em 12.761.
A variação de mortes entre 2019 e 2020 superou a média histórica de variação anual na capital do país, que até então era de 4,1% ao ano. A principal causa do aumento foram os óbitos por doenças respiratórias, que cresceram 53,9%, passando de 5.976 para 9.200. Estão somados aí tanto os casos que tiveram atendimento hospitalar quanto os sem auxílio especializado.
Entre as ocorrências desse tipo, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), muito associada ao coronavírus, explodiu, com crescimento de 63,4%. Mortes por causas indeterminadas tiveram aumento de 3,7%.
Já entre os óbitos ocasionados por doenças cardíacas, a comparação aponta aumento de 1,3%, passando de 3.253 para 3.298. Dessa enfermidade, o registro que mostrou maior crescimento foi o de falecimentos por causas cardiovasculares inespecíficas, que subiu 4,4% entre os anos analisados.