Seis dias após decisão judicial, Alice ainda espera por cirurgia
Estado de saúde da recém-nascida só piora, aumentando o desespero da família, que não sabe mais a quem recorrer
atualizado
Compartilhar notícia
Seis dias após a Justiça determinar cirurgia cardíaca imediata, a recém-nascida Alice ainda não realizou o procedimento. A mãe da criança, a comerciária Adrielle Divina Ribeiro, 22 anos, espera desesperadamente há três semanas por uma das limitadas vagas no Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF).
A menina foi diagnosticada com Tetralogia de Fallot, e segue internada em leito da UTI Neonatal do Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib). Mas seu estado só se agrava a cada dia, aumentando ainda mais a angústia da família.
Essa condição rara, na qual o paciente apresenta quatro defeitos cardíacos observados logo após o nascimento, exige que Alice passe por duas cirurgias: uma paliativa e outra de correção total. Apenas o ICDF tem estrutura e equipamentos necessários para a realização dos procedimentos.
De acordo com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, todas as vagas da unidade estão ocupadas e Alice depende apenas que um leito fique disponível para ser submetida ao procedimento cirúrgico. A pasta garantiu que “a recém-nascida recebe toda assistência na UTI Neonatal do Hmib”.
A secretaria informou ainda que 21 crianças estão na fila eletiva e outras 15 – incluindo Alice – na de urgência, aguardando vaga para cirurgia. “A maioria necessita de leito de UTI de retaguarda, ou seja, para ocupação após procedimento cirúrgico”, detalhou a pasta.
Piora
Na manhã desta terça-feira (5/6), o quadro de saúde da pequena se agravou. Alice teve febre alta, contraiu uma infecção e precisou ser dopada com morfina. Segundo a mãe, as medicações evitam que a bebê sofra outra parada cardiorrespiratória. “Tomar quatro medicamentos fortes como esses é muita coisa para uma recém-nascida com menos de 1 mês de vida [a menina nasceu no dia 7 de maio]. Estamos muito preocupados”.
No último dia 25, a menina sofreu duas paradas cardiorrespiratórias e ficou sem sinais vitais por cinco segundos, mas os médicos conseguiram reanimá-la. Adrielle não sabe mais a quem recorrer. “Tem sido muito angustiante”, conta.
A mãe explica que não há mais o que fazer, além de aguardar. A família mora em Formosa, no Entorno do Distrito Federal, e já pediu ajuda à Defensoria Pública do Distrito Federal. O órgão “requereu de imediato o cumprimento da decisão” e esclarece que “está atuando com o devido empenho no caso”.
Mateus
O drama de Alice é o mesmo de Mateus, que também sofria com uma malformação cardíaca e ficou por duas semanas no Hospital Regional de Sobradinho esperando ser transferido para o ICDF. Apesar de duas decisões judiciais, o menino não passou pelo procedimento indicado pelos médicos por falta de vaga em UTI da unidade especializada.
Mateus virou símbolo de campanha realizada pelo Metrópoles. Em 1º de junho, cinco dias após conseguir a tão esperada transferência para o ICDF, o menino morreu nos braços da mãe, antes mesmo de conseguir fazer a cirurgia.