Você já ouviu falar do dólar negro? Casal de estelionatários do DF é preso após golpe milionário
Criminosos convenciam vítimas de que tinham moeda norte-americana tingida de preto para passar pela alfândega e conseguiam transformar o material em notas verdadeiras. O esquema foi desbaratado nesta quinta-feira (25/2), em operação conjunta das polícias civis do DF e do Pará
atualizado
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Imagine, em um passe de mágica, pedaços de papel borrados de preto se transformarem em dólares. Foi assim, vendendo uma ilusão, que dois brasilienses viajavam pelo país aplicando um golpe milionário, apelidado de “dólar negro”. O esquema foi desbaratado, na manhã desta quinta-feira (25/2), durante uma operação conjunta entre a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco) e a Polícia Civil do Pará. Um casal de empresários foi preso no Gama e encaminhado a Belém (PA), onde responderá a processo por estelionato. A suspeita é de que eles tenham roubado mais de R$ 1,35 milhão.
O Metrópoles teve acesso exclusivo aos detalhes da investigação, que começou em agosto do ano passado, na capital paraense. Uma empresária do ramo dos transportes amargou prejuízo de R$ 350 mil ao ser seduzida pela história dos dólares negros. O responsável por enganar as vítimas com a promessa de dinheiro fácil foi Ivenilson Pereira da Silva, 38 anos, e Sandra Aparecida Alves, 35.
Com uma boa lábia e muita habilidade com as mãos, o golpista convencia as vítimas de que era possível transformar papel sem valor em notas de US$ 100. “Ele contava que esse dinheiro vinha da África e havia recebido uma tinta especial para não ser detectado pelos equipamentos de raios X. Em seguida, o estelionatário aplicava uma solução química nas notas e as deixava em imersão”, explicou a delegada Rosamalena de Oliveira, chefe da Divisão de Investigação e Operações Especiais (Dioe), da polícia paraense.
Caixas de isopor
Imerso na solução, o dólar negro permanecia dentro de uma caixa de isopor. “Nesse momento, o golpista trocava os isopores e deixava uma caixa com dólares verdadeiros”, contou a delegada. As vítimas eram incentivadas a fazer o câmbio da moeda para terem certeza de que se tratavam de bilhetes verdadeiros. Em seguida, Ivenilson dizia que era capaz de transformar o dobro de notas negras na moeda americana. A empresária pagou os R$ 350 mil com a promessa de receber R$ 700 mil e acabou com uma caixa cheia de folhas de papel tingidas de preto.
Segundo o diretor da Deco, Luiz Henrique Dourado, o “empresário” — que é dono de uma madeireira, de vários imóveis e até uma fazenda — havia praticado um golpe ainda maior, também no ano passado, quando passou pela cidade de Vitória da Conquista, na Bahia. O método aplicado foi o mesmo usado contra a empresária de Belém, mas os valores foram bem mais altos. Segundo a polícia, um empresário baiano perdeu aproximadamente R$ 1 milhão com a história dos dólares negros. “Era uma grande jogada de ilusionismo, mas que rendia muito dinheiro”, disse.
Embora o golpe não seja novidade, a prática é incomum no país. Um dos últimos casos de que se tem registro ocorreu em 2013, na Paraíba, quando dois africanos foram presos. Veja vídeo abaixo: