Vítimas de pastor acusado de estupros relatam tortura e perversão
Segundo depoimentos a que o Metrópoles teve acesso, Renato Bandeira obrigava mulheres a fazer sexo oral, anal e introduzia objetos nelas
atualizado
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O Metrópoles teve acesso aos depoimentos que integram a investigação da Polícia Civil do DF sobre o pastor e músico evangélico Renato Bandeira dos Santos, 31 anos, suspeito de pelo menos cinco estupros nas cidades de Taguatinga e Águas Claras. Os relatos das vítimas trazem detalhes dos momentos de terror que elas passaram e situações constrangedoras. As mulheres, com idade entre 20 e 46 anos, contaram que eram obrigadas a fazer sexo oral e anal com o pastor.
O grau de perversidade do estuprador era tamanho que em uma das ocasiões teria enfiado um objeto no ânus de uma delas. O modus operandi do criminoso, segundo as ocorrências policiais, era o mesmo. No período entre 18 de agosto e 29 de dezembro de 2014, ele abordou as mulheres dirigindo um carro. Usava uma faca grande, tipo peixeira, ou um revólver para intimidar as vítimas.
“Ele parou o carro em frente a uma casa. Novamente, fui obrigada a fazer sexo oral nele. Depois, mandou que eu abaixasse o banco do passageiro e ficasse de costas. Depois da penetração vaginal, pegou um objeto e usou no meu ânus”, contou uma delas.
As abordagens eram feitas em locais com pouco movimento, sempre entre 5h e 6h30. Renato usava de violência e chegava a agredir as mulheres. Em uma das ocorrências, a vítima disse que foi sufocada no momento em que resistia ao abuso. Ao que tudo indica, o pastor escolhia seus alvos aleatoriamente. Entre eles estão uma estudante da Universidade de Brasília e uma vendedora.
O suspeito rodava com elas sempre em veículos de marcas diferentes, estuprando-as e obrigando-as a fazer sexo oral e anal com ele diversas vezes. Depois, vasculhava as bolsas e olhava os documentos. Antes de liberá-las, ameaçava as vítimas, dizendo que sabia o nome e o endereço delas e que, se o denunciassem, voltaria para matá-las. “Agora eu sei onde você estuda”, disse ele, após vasculhar a bolsa de uma estudante.
Em dezembro de 2014, uma jovem de 23 anos afirmou que conhecia Renato. Ela disse em depoimento que teria pego uma carona com o pastor depois de uma festa. Na época, ele também atuaria como designer de sobrancelhas em um salão de Vicente Pires. A mulher foi obrigada a ir a um apartamento em Águas Claras. No percurso, tentou se jogar para fora do carro, mas teria sido enforcada por seu algoz. Confira o que ela contou à polícia:
Renato Bandeira dos Santos foi preso em Belo Horizonte (MG), acusado de assédio, em 2015. Após ter o seu DNA ligado aos casos no Distrito Federal, acabou transferido na terça-feira (7/3) para Brasília e foi apresentado pela Polícia Civil. Os investigadores acreditam que com a divulgação do caso, outras vítimas apareçam para denunciá-lo na 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga).
Ele deu entrevista e garantiu ser inocente. Com a cabeça erguida e tentando passar a sensação de tranquilidade, se apresentou como pastor, cantor, compositor e escritor. Atribuiu a repercussão do caso à suposta fama que ele diz ter em todo o Brasil. Bem articulado, chegou a agradecer o apoio de patrocinadores.
“O tempo é a resposta para todas as coisas que precisamos saber”, disse ao ser questionado se realmente cometeu os crimes. As vítimas, no entanto, acreditam que o tempo não vai cicatrizar as marcas de violência deixadas por Renato.
Na quarta (8), uma mulher de 48 anos foi até a delegacia e o reconheceu como autor do estupro. Ela contou que foi obrigada por ele a entrar em um carro, em Águas Claras. Foi dentro do veículo que o estupro ocorreu, sob ameaça de uma faca. Segundo o delegado Raimundo Vanderly, da 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga), o homem, natural do Maranhão, fazia shows de música gospel em diversas cidades, reunindo até 80 mil pessoas.
Confira uma apresentação feita por Renato Bandeira:
Em um blog, no qual o pastor publicava a agenda de shows antes de ser preso, ele chegou a dizer que teve um passado difícil. Foi considerado o mais jovem traficante de drogas do Maranhão, era conhecido no mundo do crime pela alcunha de “Diabo Loiro”, mas teria se convertido, passando a se dedicar a pregar o evangelho. .
Banco de DNA
Quando o pastor foi preso em Minas Gerais, o DNA dele foi colhido e as informações cruzadas com o que havia no banco de dados genéticos da Polícia Civil do DF, ligando-o a pelo menos três crimes na capital federal. Graças ao banco, investigadores já prenderam 78 estupradores que violentaram 229 mulheres nos últimos 15 anos no DF.
Criado em 2000 e contando com o perfil genético de mais de 700 criminosos sexuais, o banco de DNA da Polícia Civil brasiliense é o maior do país e está entre um dos mais completos da América Latina. A ferramenta tem importância especial no contexto dos delitos sexuais, pois a investigação dos casos, quase sempre, conta com poucas provas materiais.
Para chegar aos estupradores, os peritos entram em cena para coletar e analisar o material biológico (sêmen, fios de cabelo, saliva) que pode ser encontrado na cena do crime. Em seguida, todos os vestígios são inseridos no banco de dados do DF e ganham um perfil genético, que logo é definido pelo computador, chamado de Sequenciador, no qual são identificadas as informações do DNA e armazenadas no banco.