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Manifestantes são detidos com drogas e armas na Marcha da Maconha

Rotam fez a abordagem nos participantes, que se reúnem na região central de Brasília

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Marcha da Maconha
1 de 1 Marcha da Maconha - Foto: Mídia Ninja/Reprodução

A Marcha da Maconha, realizada na tarde deste sábado (28/5) na Esplanada dos Ministérios, foi palco de confrontos entre policiais e manifestantes que resultaram, por um lado, em mais de 40 detenções e, pelo outro, no uso de spray de pimenta para dispersar manifestantes que se revoltaram contra as detenções. Entre os objetos encontrados com as pessoas presas, estavam porções de drogas e armas brancas, como facas e canivetes.

Mesmo com a manifestação marcada para às 15h, a ação policial teve início próximo às 14h. Os militares fizeram uma barreira para verificar as mochilas e os carros dos participantes. A PM informou que monitorou a movimentação no gramado central e deflagrou a Operação Tolerância Zero. Cerca de 110 militares atuam no local com apoio de cães farejadores.

Segundo um dos organizadores do movimento, o estudante de Direito Henrique Rocha, a movimentação policial foi um ato de repressão ao ativismo pela legalização da maconha. Já a Policia Militar rebateu as declarações com o argumento que um protesto a favor da legalização da maconha não garante salvo conduto para o uso da substância, ilegal no Brasil.

“Defender uma ideia, uma ideologia, é ok, vivemos em uma democracia. Mas isso não quer dizer que vamos ignorar o fato que as drogas são proibidas”, rebateu o tenente-coronel Carlos André, comandante do 6º Batalhão da Polícia Militar.

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Henrique Rocha, então, criticou a abordagem policial e o número de oficiais no evento, que pediram aos organizadores para solicitar no carro de som que os presentes não consumissem drogas. “Se nem a polícia consegue impedir que as pessoas consumam de drogas no país, por que agora eles querem que um movimento que pede a legalização da maconha seja responsável pelo não consumo na ocasião? “, questionou, após conversa com a polícia.

De acordo com os policiais, havia 1.500 manifestantes. Já do lado dos organizadores, a estimativa girava entre 6 e 8 mil. Mesmo com o trajeto marcado para seguir da rodoviária até o STF (Supremo Tribunal Federal), a rota final foi até o gramado do Congresso Nacional, já que nas imediações do STF é proibida a presença de carros de som. Uma vez no gramado, foi organizado um ato em que os manifestantes formaram uma folha gigante de cannabis. No Facebook, o evento contava com a confirmação de 5,6 mil pessoas. A marcha pedia a legalização da produção, circulação e uso de cannabis no Brasil. Os organizadores defendem que esse seria o primeiro passo rumo ao fim da guerra às drogas.

Apesar da repressão policial, o consumo de drogas era feito abertamente no local. O cheiro da fumaça de maconha tomou o ar enquanto as pessoas se preparavam para dar início à marcha. No caminhão de som havia ao menos três DJs. Na playlist, figuravam artistas jamaicanos e brasileiros, como Racionais e Sabotage. Em um momento que a abordagem policial começou a ser criticada pelos manifestantes, a música “Negro Drama”, dos Racionais, que contém duras críticas à polícia, foi tocada à exaustão.

Uma das pessoas presentes na marcha, a arquiteta aposentada Luciana Rocha, de 70 anos, afirmou que luta pela legalização da maconha porque não conceGuilherme Waltenberg/Metrópolesbe a ideia de uma sociedade que legaliza o álcool, o cigarro e o rivotril (remédio calmante), mas não permite o uso da cannabis. “Quero plantar meu remédio. Não ao tráfico”, dizia a placa que segurava. “Esse debate demorou para acontecer no Brasil, estamos na retaguarda do mundo todo”, criticou, citando a legalização da erva no Uruguai e nos Estados Unidos.

Também estavam na marcha o casal Katiele e Norberto Fischer, que ganharam notoriedade após começarem um movimento pela legalização do uso de canabidiol, derivado da maconha, para sua filha, Anny Fischer, de apenas 7 anos, que tem um tipo raro de epilepsia que pode ser tratado com o produto. Ela chegou a ter 80 convulsões por semana, mas com o remédio derivado da cannabis, hoje, segundo Katiele, as crises baixaram para apenas quatro ou cinco.

“Precisamos fazer com que as pessoas tenham acesso não apenas ao uso medicinal da maconha, mas que tenham liberdade de escolher o seu uso seja para esse propósito ou por religião e recreação”, defendeu.

Entre os argumentos usados para a defesa da legalização estavam, além do uso medicinal, a redução no contato entre usuários e traficantes e um possível aumento na arrecadação tributária do governo. O empresário Chrystian Sarkis, de 27 anos, chegou cedo à marcha. Ele citou uma suposta alta na arrecadação de impostos e tributos nos Estados Unidos após a legalização do uso da maconha. “Eu estudo o tema, o aumento na arrecadação foi de US 5,4 bilhões em 2015”, argumentou. “Com três a quatro anos de legalização, vencemos essa crise que estamos vivendo”, defendeu.

Ao longo da marcha, que tomou duas faixas da avenida no trajeto entre a rodoviária e o Congresso, carros que passavam ao lado apoiando o movimento eram aplaudidos enquanto quem se colocava contrário a marcha era chamado de “fascista”.

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