Greve dos vigilantes afeta atendimento em hospitais e bancos no DF
Os profissionais reivindicam aumento de 7% e a manutenção de todas as cláusulas da convenção coletiva. Paralisação é por tempo indeterminado
atualizado
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A greve dos vigilantes decretada na noite dessa quarta-feira (28/2) afetou o atendimento em hospitais, postos de saúde e bancos do Distrito Federal nesta quinta (1º/3). A categoria reivindica dos patrões aumento de 7% e manutenção de todas as cláusulas da convenção coletiva. A data-base era no início de janeiro, mas as negociações sobre o reajuste e a discussão a respeito das condições de trabalho não ocorreram, denuncia o deputado distrital Chico Vigilante (PT).
A categoria não aceitou a proposta das empresas de dividir os R$ 34 do tíquete-alimentação — metade seria paga em dinheiro, e o restante, em cesta básica, informou o parlamentar.
Em nota, a Secretaria de Saúde afirma ter preparado um plano de contingenciamento. Diz, ainda, que a greve por causa do acordo coletivo não envolve questões relativas aos pagamentos realizados pela pasta. “Diante dessa paralisação, as empresas foram notificadas para que garantam o percentual mínimo de 30% dos vigilantes nas unidades e hospitais. Havendo necessidade, os diretores foram orientados a buscar reforço junto à Polícia Militar”, destaca o texto.Ainda de acordo com a pasta, por questões de segurança, os hospitais de Ceilândia, Taguatinga, Samambaia, Região Leste (antigo Paranoá), Sobradinho, Planaltina, Asa Norte, Santa Maria e o Instituto Hospital de Base suspenderam as visitas aos pacientes internados. Além disso, o acesso às portarias centrais foi restringido.
A Associação dos Bancos no Distrito Federal (Assban-DF) ressalta que o funcionamento dos estabelecimentos deverá ser definido por cada instituição, desde que haja garantia de segurança. “Em casos como este, a Polícia Federal autoriza as agências bancárias a operarem sem numerário. No entanto, cada instituição tem a prerrogativa de optar por não abrir uma ou mais agências, caso avalie que tal escolha é a mais segura para seus clientes e funcionários”, reforça a entidade.
Histórico
Os problemas entre vigilantes e as empresas não são recentes. No mês passado, por exemplo, os empregados fizeram uma paralisação cobrando o pagamento do salário referente a dezembro, que deveria ter sido repassado no quinto dia útil de janeiro.
Em abril de 2017, outro episódio semelhante: devido à greve deflagrada no dia 18, hospitais funcionaram de maneira precária e bancos nem abriram as portas. Os serviços em órgãos federais também foram prejudicados.
Para tentar chegar a um acordo e não prejudicar mais os cidadãos, Chico Vigilante diz ter procurado o Ministério Público do Trabalho solicitando uma intermediação. “Já conversamos com o procurador-geral do Trabalho. De lá, o Tribunal Regional do Trabalho será acionado para convocar uma reunião, a fim de resolver o assunto”, esclarece.
Por outro lado, o presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada, Sistemas de Segurança Eletrônica, Cursos de Formação e Transporte de Valores no Distrito Federal (Sindesp-DF), Luis Gustavo Barra, rebate as informações dos vigilantes. “Nós tentamos negociar 21 vezes só neste ano. Nós tínhamos agendada uma reunião às 9h30 de amanhã [quinta]. Uma vez deflagrada a greve, não tem sentido nós negociarmos agora”, declara.
Ele defende que o ganho real solicitado pelos profissionais é bastante superior ao Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) de janeiro a dezembro de 2017. “O IPCA de 2017 é de 2%”, pontua Barra.
Patrões rebatem
Por meio de nota, o Sindicato das Empresas de Segurança e Vigilância do DF (Sindesp-DF) afirmou que, ao contrário do que vem sendo divulgado pela entidade que representa os vigilantes, “os empresários do setor esgotaram todas as possibilidades de negociação com a categoria”.
“Vale lembrar que ocorreram mais de 20 reuniões, desde dezembro de 2017, muitas das quais acompanhadas por integrantes do Ministério Público do Trabalho, envolvendo os dois sindicatos. Estas negociações resultaram na concordância de vários pleitos da categoria laboral”, frisa o Sindesp.
A entidade diz ainda que “as empresas não querem acabar, em momento algum, com o plano de saúde, auxilio-odontológico e fundo de indenização decorrente de aposentadoria por invalidez por doença de qualquer natureza. A intenção é ter mais transparência, prestação de contas e adequação ao valor de mercado em cada um destes itens supracitados”.