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Vídeo mostra Thiago Soares sendo colocado em camburão da PM

Thiago morreu após passar 15 dias internado. Família diz que ele foi espancado por PMs, mas relatos de testemunhas são contraditórios

atualizado

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Um vídeo obtido com exclusividade pelo Metrópoles mostra o momento em que Thiago Henrique Moura Soares, 22 anos, é colocado em um camburão na noite de 12 de outubro. Na gravação, enviada por um policial militar à reportagem, o rapaz está agitado, tenta sair do veículo e recebe a ordem para voltar ao cubículo. Um PM aponta a arma para o jovem, que balança a perna esquerda como se estivesse tentando chutar algo. Pouco depois, a parte traseira da viatura é fechada e não é mais possível ver o detido.

A família de Thiago afirma que os PMs espancaram o rapaz. Ele morreu na madrugada de quinta (27/10), após passar 15 dias internado. A versão é reforçada por um estudante de direito. O universitário relatou à reportagem ter visto os policiais batendo violentamente no jovem. Os PMs negam as agressões e dizem que Thiago se debateu contra o chão ao ser capturado por estar sob o efeito de narcóticos. O relato dos militares condiz com o de uma das socorristas responsáveis pelo atendimento da vítima.

Na noite do dia 12, Thiago fugiu da Polícia Militar em uma abordagem pouco depois de participar de uma festa no Parque da Cidade. Ele foi alcançado na W3 Sul e, depois, conduzido à 1ª DP (Asa Sul). Na mesma noite, teve que ser levado no Hospital de Base (HBDF).

Veja o vídeo:

 

As causas que levaram Thiago à morte ainda são uma incógnita. Tanto a família quanto a PM aguardam o laudo da Polícia Civil para saber a origem das lesões do rapaz. A expectativa é de que a perícia seja concluída nos próximos dias. No entanto, parentes pediram ao Instituto Médico Legal uma necrópsia mais detalhada — o procedimento pode levar até 60 dias. Entre a segunda-feira (31/10) e a terça (1º/11), serão tomados os depoimentos de três dos policiais envolvidos na abordagem.

O relato da socorrista
Na sexta-feira (28), o Metrópoles entrevistou uma socorrista que atendeu Thiago no Hospital de Base, por volta de 0h de 13 de outubro. Segundo a mulher, que pediu para não ser identificada, o jovem chegou à unidade de saúde alterado, com delírios, taquicardia e as pupilas dilatadas.

“Foi muito difícil fazer o atendimento. Ele estava descontrolado, arranhava-se, batia a cabeça contra o chão e a parede. Pedimos auxílio de cinco homens para poder colocá-lo na maca. O paciente teve de ser amarrado na cama porque estava tirando e quebrando os aparelhos. Durante os procedimentos que adotamos nos primeiros socorros, ele teve diversas convulsões. Em uma delas, chegou a vomitar. Parte do líquido acabou indo para os pulmões, causando broncoaspiração e, em seguida, evoluiu para pneumonia. Também houve falência nos rins. O organismo dele já estava bastante debilitado”, narrou a enfermeira.

Ainda de acordo com a funcionária, os remédios aplicados no jovem não faziam efeito. Com isso, o amigo que o acompanhava foi questionado sobre o consumo de drogas. “O rapaz nos contou que a vítima havia feito uso de LSD, ecstasy, cocaína e maconha”, disse a mulher.

Para os investigadores, o caso precisa ser tratado com cautela. Uma das possibilidades averiguadas é de a morte ter sido causada em decorrência do uso excessivo de drogas. Também não está descartada a hipótese de os PMs terem agido com força excessiva ao conter o rapaz. Essa versão é reforçada pelo relato do universitário que diz ter visto os policiais espancarem Thiago antes de conduzi-lo à delegacia.

Corregedoria
A Polícia Militar acompanha o caso e aguarda a conclusão dos laudos médicos e da perícia para definir os procedimentos em relação aos três policiais que participaram da abordagem. “Temos convicção de que não houve abuso por parte da corporação. Os próprios militares envolvidos no caso procuraram a corregedoria para relatar o fato. O rapaz estava se debatendo antes mesmo de ser colocado na viatura e encaminhado à delegacia. Ao chegar na DP, os agentes da Polícia Civil constataram que ele estava incontrolável”, explicou o porta-voz da PM, capitão Michello Bueno.

Sobre a testemunha que relatou ao Metrópoles ter visto o momento da suposta agressão, o capitão ponderou que é preciso ter cuidado ao tratar do caso. “Esse depoimento sequer foi registrado na delegacia. É preciso esperar a conclusão das investigações antes de ter julgamentos precipitados”, ressaltou o capitão.

Para o advogado Eduardo Frade, que defende um dos policiais investigados, as acusações de espancamento são infundadas. “No momento da abordagem policial, não houve qualquer tipo de agressão. O que ocorreu foi o uso progressivo da força, feito por militares treinados”, disse.

Enterro
O enterro do jovem foi realizado na manhã desta sexta (28). Na ocasião, um dos tios, visivelmente emocionado, pediu por Justiça. “O Thiago foi brutalmente agredido. Não queremos cometer injustiça com ninguém. Apenas gostaríamos que os culpados pela morte do meu sobrinho pagassem pelo que fizeram”, disse Carlos Alberto de Carvalho.

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