metropoles.com

Traficantes enviam drogas pelos Correios.Polícia investiga ações no DF

Um dos vendedores diz ter cinco anos de experiência, garante proteger os dados do ‘cliente’ e entregar os produtos de forma discreta e segura

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Fernando Frazão/Agência Brasil
Carro de entrega
1 de 1 Carro de entrega - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Bem embalada, com garantia e acima de qualquer suspeita. Entre faturas, encomendas e cartas, os mais variados tipos de drogas são entregues pelos Correios nas casas dos usuários. A comodidade de fazer compras on-line que já conquistou o brasileiro é usada agora por traficantes para aumentar o lucro e expandir o mercado. A prática é investigada pela Polícia Civil do Distrito Federal, por meio da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord).

drogs
Um dos sites encontrados pelo Metrópoles é especializado no cultivo e venda de skank, substância derivada da maconha com alto teor de THC, princípio ativo do entorpecente. Na página, são publicadas mensagens de clientes, que recomendam a compra e falam sobre a qualidade do produto. O vendedor também explica como planta a erva, garante sigilo das informações e o “melhor preço do mercado”. O origem do traficante ainda não foi descoberta.

Um homem, identificado como Marcos Alexandre, responde os e-mails dos usuários e explica as regras para a entrega dos produtos. São sete tipos de skank e cinco de haxixe, resina da maconha. Ele pede para que confiem no trabalho da “empresa” que atua há cinco anos no ramo.

“Sabemos de todos os procedimentos viáveis para a venda ilícita de skunk. Fazemos um envio com total segurança e sigilo. A sua mercadoria será enviada dentro de caixas discretas e com embalagens personalizadas. Evitando qualquer tipo de problema futuramente”, disse. O máximo permitido para a compra são 200g, equivalente a R$ 3 mil. Dez gramas de qualquer produto custa R$ 25. A encomenda é enviada de dois a três dias depois do pagamento.

Por meio de nota, os Correios informaram que adotam ações em conjunto com os órgãos de fiscalização para combater o envio e o recebimento de objetos ilícitos nas remessas postais. As ações são desenvolvidas com o uso de equipamentos de raios-x e espectrômetros de massa (que identificam substâncias por meio da análise de micropartículas).

“A inspeção ocorre de forma sistemática e conta com a parceria dos órgãos de fiscalização. A operação dos equipamentos é feita exclusivamente por empregados treinados e em caráter reservado”, informa nota da empresa.

Quando é identificada a presença de conteúdo proibido, os Correios explicam que fazem a retenção do objeto e informam ao órgão competente para adoção das medidas legais cabíveis. No caso de o conteúdo ilícito ser drogas, a Polícia Civil é acionada para identificar os responsáveis pelo envio do entorpecente. Por ser assunto relacionado com a segurança postal, a empresa não divulgou detalhes dessas ações e estatísticas.

 

Mirelle Pinheiro/Metrópoles
Rodrigo Bonach, delgado-chefe da Cord

Investigação
O delegado-chefe da Cord, Rodrigo Bonach, afirmou que os perfis que anunciam drogas no Distrito Federal, por meio das redes sociais e sites, são monitorados pela polícia.

“São desde traficantes a aventureiros que tentam faturar. Antigamente, para entrar no tráfico, o criminoso tinha que ter uma rede de contatos. Atualmente, ele pode fazer um perfil falso nas redes sociais e vender os entorpecentes. O volume de tráfico no Brasil é grande e, com o decorrer do tempo, a prática vai sendo aperfeiçoada para dificultar a ação da polícia”, explicou.

Como em qualquer compra realizada pela internet, o risco de pagar e não receber pela mercadoria existe. “Alguns anunciam e não entregam ou o produto enviado não corresponde ao anúncio. É semelhante ao estelionato, no entanto, envolvendo produtos ilícitos. Nesse caso, o prejuízo é apenas do usuário”, contou Bonach. Com relação aos sites, um dos obstáculos é rastrear o IP, endereço físico do portal. “Muitas vezes, as páginas estão registradas em outros países, o que dificulta a localização do criminoso”, ressaltou o delegado.

O marco legal da internet permite uma intervenção rápida apenas nos casos de publicações com cunho sexual. Quando a pessoa exposta consegue denunciar e tirar o conteúdo rapidamente do ar. Em outras situações, é preciso de ordem judicial. Em alguns casos, o servidor é de outro país, com outra legislação. O que é crime para nós pode não ser crime para outras nações

doutor em tecnologia e coordenador do curso no UniCeub, Paulo Rogério Foina

Segundo o especialista, para facilitar a comunicação e investigações da rede global, seria necessário criar uma Corte internacional responsável por julgar esses casos.

Apreensões
A maconha foi a droga que liderou o número de apreensões de entorpecentes no DF nos últimos dois anos. Em 2014, 4.797kg foram tirados das ruas. No ano passado, o número caiu para 2.336 Kg, mas seguiu liderando, seguido do crack e cocaína.

Só em fevereiro, a Cord apreendeu uma tonelada de maconha, em Águas Lindas, no Entorno. A droga seria vendida em Brasília. No mesmo mês, cerca de R$ 200 mil em skank foram apreendidos por agentes da Cord no Aeroporto de Brasília. Em outra ação, a Polícia Federal apreendeu mais uma tonelada do entorpecente próximo à entrada de Anápolis (GO), a droga também tinha o DF como destino final.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?