Traficante vendia droga cara pelo WhatsApp e entregava em domicílio
Clientela do tatuador de 26 anos, que foi preso, eram adolescentes de classe média alta do Plano Piloto
atualizado
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) prendeu um traficante de 26 anos que vendia drogas a adolescentes de classe média alta do Plano Piloto. Segundo a Coordenação de Repressão às Drogas (Cord), responsável pela investigação do caso, o homem comercializava entorpecentes de alto custo, como skunk – tipo de maconha potencializada –, haxixe e ecstasy, via WhatsApp. O rapaz entregava as substâncias em domicílio, em uma moto.
A prisão ocorreu na segunda-feira (20/8), em um estúdio no Conic, Setor de Diversões Sul (SDS), onde o suspeito trabalhava como tatuador. No local, agentes encontraram porções de drogas, balança de precisão e R$ 2 mil em espécie.
Ainda de acordo com a PCDF, o homem utilizava o apelido DevilMan (“homem mau”, em tradução livre do inglês) nas conversas por telefone, e atuava há cerca de dois anos. A corporação não divulgou a identidade dele.
“Há mais ou menos três meses, seis pais de adolescentes nos procuraram após terem descoberto que os filhos compravam drogas desse traficante. Eles perceberam que os garotos chegavam em casa sob efeito dessas substâncias, com olhos arregalados, e os confrontaram. Depois de muita insistência, pegaram os celulares dos filhos e viram as conversas por WhatsApp”, conta Erick Sallum, delegado da Cord, responsável pela investigação.
Ainda segundo o investigador, o suspeito tem passagem por tráfico de drogas. Foi detido em 2016, mas não ficou preso. A PCDF apura se o homem adquiria os entorpecentes no Paraguai. “Ele anunciava as drogas apenas para conhecidos, como se fossem jujuba, por linhas de transmissão. Fazia promoções. Vendia somente a eles ou pessoas que conheciam esses outros clientes. Quem comprava achava fácil, pois não precisava sair de casa”, detalha.
Sallum destaca que o meio utilizado pelo traficante dificulta a investigação das polícias em todo o mundo, pois o aplicativo tem sistema de criptografia de ponta a ponta. Na prática, isso significa que, uma vez uma mensagem é enviada, ela será “embaralhada” digitalmente e só poderá ser reorganizada quando chegar ao destinatário.
O delegado acredita que, nos próximos dias, outros pais procurem a polícia para denunciar casos semelhantes. E faz um alerta.
“A Cord solicita que os responsáveis conversem com os adolescentes e tenham acesso ao celular desses meninos, para saber o que estão fazendo. Senão vão perder seus filhos
Erick Sallum, delegado da Cord
Tráfico no Plano Piloto
Em junho deste ano, agentes da 30ª Delegacia de Polícia (São Sebastião) prenderam um estudante de agronomia da Universidade de Brasília (UnB) com aproximadamente 7kg de skunk e haxixe, entre outras drogas, além de R$ 550 em espécie. O rapaz fazia estágio no Centro de Excelência para o Turismo (CET) da instituição.
Segundo a PCDF, o estudante utilizava o espaço interno do setor de documentação do CET para armazenar e vender as drogas. Toda ação foi filmada e faz parte de um desdobramento da Operação Sombra, deflagrada naquele mês.
Em fevereiro, a PCDF desarticulou quadrilha que vendia drogas na Esplanada dos Ministérios, no âmbito da Operação Delivery. O bando comercializava os produtos em estacionamentos e arredores de órgãos públicos e tinha, inclusive, uma espécie de assessoria jurídica.