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Testemunha diz ter visto PMs espancarem jovem que morreu no hospital

Estudante de direito contou ao Metrópoles ter presenciado o momento em que policiais supostamente espancaram o rapaz. Corporação nega

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Arquivo Pessoal
A família de Thiago Henrique Moura Soares, 22 anos, alega que o jovem foi covardemente espancado por policiais militares na noite dessa quarta-feira (12/10)
1 de 1 A família de Thiago Henrique Moura Soares, 22 anos, alega que o jovem foi covardemente espancado por policiais militares na noite dessa quarta-feira (12/10) - Foto: Arquivo Pessoal

Uma nova testemunha pode esclarecer as circunstâncias que envolvem a morte do jovem Thiago Henrique Moura Soares, 22 anos. Um estudante de direito de 30 anos contou ao Metrópoles ter presenciado o momento em que policiais militares supostamente agrediram o rapaz na noite de 12 de outubro, após uma festa no Parque da Cidade. “Foi uma sessão de tortura generalizada”, garante. Desde a agressão, Thiago estava internado na unidade de terapia intensiva do Hospital de Base. Mas não resistiu e morreu na madrugada desta quinta-feira (27/10).

De acordo com a testemunha, que pediu para não ter o nome divulgado por medo de represálias, já passavam das 22h quando ele saltou em uma parada de ônibus na altura da Quadra 712 Sul. O universitário percebeu a movimentação de quatro viaturas no local. “Quando olhei para o beco que divide os blocos comerciais, vi um grupo de pelo menos 12 policiais agredindo um rapaz que estava caído no chão, algemado com as mãos para trás”, relatou.

Segundo o universitário, Thiago gritava, perguntando o que estava acontecendo. “Depois de levar vários pontapés e muito spray de pimenta no rosto, o rapaz aparentemente desmaiou. Em seguida, jogaram ele igual no cubículo de uma das viaturas e saíram. Tenho certeza de que os policiais perceberam a presença de pessoas vendo a cena”, contou a testemunha.

Na entrevista, a testemunha diz que Thiago foi colocado algemado na viatura “igual a um porco”. “Ouvi quando ele falou uma vez: ‘Para com isso, tá me machucando. Para, para'”, contou. Questionado sobre o motivo pelo qual não procurou uma delegacia para denunciar as supostas agressões, o universitário afirma ter ficado com medo de sofrer ameaças.

Fiquei com receio por conta do corporativismo que existe entre as forças policiais. No entanto, penso em procurar o Ministério Público e relatar tudo o que eu vi

Universitário que testemunhou a agressão a Thiago

Ouça trecho do áudio:

Família quer autópsia
A Polícia Militar nega as agressões e afirma que Thiago se machucou ao se debater contra o chão quando foi detido, pois estava sob o efeito de entorpecentes. Parentes do jovem não acreditam nessa versão. Nesta quinta-feira (27), advogados da família dele pediram ao Instituto Médico Legal uma necropsia detalhada para que a causa da morte seja revelada. Foram colhidas amostras de tecidos e órgãos para o procedimento. O laudo do IML deve ser concluído em até 60 dias.

Por meio de nota divulgada na quinta (27), a PM lamentou a morte de Thiago Soares, mas voltou a negar que policiais tenham espancado o rapaz. Segundo o documento, o jovem “tentou fugir de uma abordagem policial e foi alcançado”. “Após parcialmente imobilizado pela equipe, Thiago continuava a colidir a própria cabeça e as pernas contra o chão”, alega a corporação. Ainda segundo o documento, foi instaurada uma sindicância para apurar o fato. Enquanto isso, os policiais envolvidos continuam trabalhando.

O corpo de Thiago será velado no Cemitério Campo da Esperança da Asa Sul. O enterro ocorrerá às 11h desta sexta-feira (28).

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