Polícia do DF caça suspeito de assassinar Arlon Fernando
Segundo a polícia, Daniel Sousa de Andrade cumpria prisão domiciliar por outros roubos quando matou o estudante da UnB
atualizado
Compartilhar notícia
A polícia caça o suspeito de matar o estudante da Universidade de Brasília (UnB) Arlon Fernando da Silva, 29 anos, na noite de 7 de dezembro do ano passado. Daniel Sousa de Andrade, apelidado de Scooby e conhecido por roubar bicicletas há cinco anos no DF, teve a prisão decretada pela Justiça e está foragido. O criminoso gostava de se gabar com amigos.“Ele dizia que tinha sangue no olho e que resolvia tudo na mão grande”, contou Rogério Henrique Oliveira, delegado-chefe da 5ª DP.
A ficha corrida dele é extensa. Em 28 de outubro de 2015, Daniel atacou um servidor do Exército que andava de bicicleta próximo ao Museu do Índio. À época, o ladrão usou um pedaço de madeira para agredir o militar. A vítima caiu no chão, mas conseguiu atirar no criminoso, que acabou preso. Condenado a dois anos e nove meses de prisão no semiaberto, ficou detido por quatro meses até ser beneficiado pela progressão para o regime aberto.
Em 20 de setembro do ano passado, voltou a agir. Esfaqueou, de acordo com a polícia, um servidor do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT), no Eixo Monumental. O objetivo também era levar a bicicleta.Em ação conjunta, as polícias Civil e Militar chegaram a Daniel depois de localizar o receptador das peças da bicicleta de Arlon: Luiz Carlos dos Santos Ramos, 22 anos. Ele contou que tão logo soube do crime, tentou devolver as peças — rodas, sistemas de freios e manetes –, mas não conseguiu efetuar a troca (veja vídeo abaixo). Os investigadores acreditam que o quadro tenha sido derretido ou descartado em algum local ainda desconhecido.
“Ele falou que Daniel chegou a confessar o crime e disse que não daria os R$ 500 de volta”, explicou o porta-voz da PM, major Michello Bueno. Luiz Carlos foi abordado pela Polícia Militar na segunda-feira. “As peças foram encontradas na casa do receptador, no Itapoã, em cima de um armário”, completou o militar. A bicicleta, modelo mountain bike GT Avalanche Elite, pode custar até R$ 4 mil
Veja os vídeos divulgados pela polícia:
Arlon Fernando, que fazia doutorado em física, foi esfaqueado ao entrar em luta corporal com o criminoso, em pleno Eixo Monumental, entre as vias S1 e N1, na altura da Câmara Legislativa, quando voltava da universidade para casa, no Sudoeste, pela ciclovia.
Daniel é justamente o homem que os investigadores desconfiavam. Trata-se de um morador do condomínio Del Lago, no Paranoá. Ele já havia sido levado à delegacia para prestar esclarecimento pelo menos duas vezes.
Em todas as oportunidades, Daniel negou participação no crime. No entanto, o homem é aficionado por bicicletas de alta performance e já tinha passagens por roubo e furto na área central do DF.
Câmeras
Os investigadores da 5ª DP tiveram acesso a uma série de imagens gravadas por câmeras de segurança instaladas em diversos prédios públicos ao longo de todo o Eixo Monumental. Os vídeos possibilitaram traçar a rota de fuga usada pelo assassino. Após cometer o crime, o suspeito desceu pela via N1, na contramão. Em disparada, ele passou pelo Ginásio Nilson Nelson, Rodoviária do Plano Piloto, Congresso Nacional e Palácio do Planalto.
Depois de percorrer o Setor de Clubes e cruzar a Ponte JK, o criminoso seguiu pela pista que dá acesso à Barragem do Paranoá. Ele continuou até chegar ao condomínio Del Lago, onde mora.
Na noite de segunda (15), investigadores da 5ª DP e equipes da PM buscavam o suspeito, que estaria escondido em algum ponto do Paranoá. A ação contou com o apoio de um helicóptero da Polícia Civil. Até a última atualização desta reportagem, o acusado não havia sido encontrado.
Vítima se defendeu
Um dia após a morte de Arlon Fernando, o Metrópoles teve acesso à necrópsia feita no corpo do estudante. Segundo um perito do Instituto Médico Legal (IML), pelas características dos ferimentos, o doutorando da UnB reagiu à ação do criminoso. A informação foi confirmada semanas depois, quando o IML divulgou o laudo sobre a morte.