Servidor da Câmara dos Deputados é preso no Amapá após “comprar” bebê
Suspeito e a mulher, que moram em Brasília, teriam pago R$ 1.250 para ter a criança. Além deles, também foi detida uma taxista que faria o transporte dos três e a mãe da menina
atualizado
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Um servidor da Câmara dos Deputados e a esposa dele foram presos na BR-156, na madrugada de quinta-feira (26/5), em Oiapoque, a 590 quilômetros de Macapá. Eles são acusados de comprar um bebê de 7 meses por R$ 1.250. A mãe biológica e a irmã dela, uma taxista que fazia o transporte dos moradores de Brasília, também foram presas. A detenção ocorreu após o padrasto denunciar o caso.
O delegado da Polícia Civil de Macapá Charles Corrêa, que efetuou a prisão e ouviu os envolvidos, contou, em entrevista ao site G1, que as negociações começaram em maio de 2015, quando a mulher ainda estava grávida. Em depoimento ela contou que era garimpeira, já tinha outros filhos e não queria mais uma criança. Ao ouvir, de uma amiga, que havia casais que compravam crianças, a acusada decidiu vender a própria filha.Ainda segundo a polícia, a mãe e o casal de Brasília tiveram o primeiro contato telefônico com a mulher por meio de um intermediário. Inicialmente, ela teria cobrado R$ 1 mil, comprometendo-se a entregar a criança logo após o nascimento. Nos cinco meses restantes da gravidez, o casal teria feito, conforme o delegado Corrêa, transferências bancárias para a mãe, a fim de custear exames e algumas peças de enxoval.
O delegado ainda disse que, em outubro do ano passado, quando estava perto de dar à luz, a mulher ela teria informado o casal que era portadora do vírus HIV e que, por essa razão, o parto deveria ser cirúrgico.
“Com o parto cesárea, a chance de transmitir o vírus ao filho é só de 10%. No parto, o casal veio de Brasília para pegar a criança e efetuar o pagamento. A mãe confirmou que recebeu, mas desistiu de dar a criança, acabou o acordo, e voltou a Oiapoque. Uma testemunha falou que o real motivo não era esse, mas sim de conseguir mais dinheiro do casal”, detalhou Corrêa ao G1.
Nova cobrança
Na sexta-feira da semana passada (20), o casal pagou mais R$ 250 à mulher. Os moradores de Brasília e a mãe da criança ainda passaram informações falsas ao Conselho Tutelar de Oiapoque a fim de não ter problemas no deslocamento com o bebê.
Por não concordar com a negociação, o companheiro da mulher que vendeu a criança denunciou o caso à Polícia Civil. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) foi acionada e, na madrugada de quinta (26), abordou o carro dirigido pela irmã da garimpeira na BR-156.
Até a noite desta sexta (27), os quatro permaneciam presos em flagrante no Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp) de Oiapoque, onde aguardam por audiência de custódia. A criança foi encaminhada ao Conselho Tutelar. A polícia, inicialmente, trabalha com a possibilidade de adoção irregular, mas não descarta a possibilidade de compra para tráfico de órgãos.