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Sequestros a motoristas de apps triplicaram no DF em dois anos

Foram 38 casos de roubo com restrição de liberdade em 2018 e 107 ocorrências registradas em 2019

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Felipe Menezes/Metrópoles
Motorista com a mão no volante e outra com o celular na mão
1 de 1 Motorista com a mão no volante e outra com o celular na mão - Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

O número de sequestros a motoristas de aplicativos no Distrito Federal triplicou de 2018 para 2019. Neste ano, dois colaboradores das plataformas de mobilidade urbana, Maurício Cuquejo Sodré e Aldenys da Silva, ambos de 29 anos, foram encontrados mortos após aceitarem corridas na capital.

Segundo levantamento da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF), em dois anos, a capital teve 145 ocorrências de roubo com restrição de liberdade em que as vítimas trabalhavam como condutores de apps. O balanço expõe o crescimento da prática criminosa: o montante saltou de 38 registros em 2018 para 107 episódios no último ano.

Os casos demonstram a vulnerabilidade de quem tem, nessas plataformas, fonte de renda extra. De acordo com os motoristas, a grande incidência de casos resulta de falta de procedimentos cadastrais que garantam, também, a segurança dos próprios colaboradores.

“Selfies”

Para serem aprovados pelas empresas, por exemplo, os condutores interessados precisam enviar fotos pessoais e cópias de documentos, como Carteira Nacional de Habilitação (CNH); atestado de antecedentes criminais e o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículos (CRLV).

Enquanto os usuários, em sua maioria, não precisam fornecer cópia de nenhuma documentação. Para terem o cadastro aprovado, basta que informem nome e telefone e, em alguns casos, o CPF. Isto é, não são cobradas fotos ou identificação dos meios de pagamento usados pelo passageiro.

Segundo o presidente do Sindicato dos Motoristas Autônomos de Transporte Privado Individual por Aplicativos do DF (Sindmaap-DF), Marcelo Chaves, é da falta de cobrança aos passageiros que os criminosos se aproveitam. “Enquanto os aplicativos não acordarem e se mobilizarem, essa matança dos motoristas vai continuar. É preciso que algo seja feito.”

“Estamos vulneráveis à bandidagem. O bandido, hoje, assalta uma pessoa na rua, leva o celular e usa esse mesmo telefone roubado para solicitar a corrida de aplicativo. O motorista nem sempre sabe quem é o passageiro e está vulnerável”, continuou.

Chaves afirma que uma forma de reduzir as ocorrências seria obrigar os usuários a fornecerem uma foto pessoal para identificação. “Uma selfie seria a alternativa. O motorista precisa tirar uma foto dele para correr, por que a mesma medida não pode valer para o passageiro? Assim, o colaborador poderia ver, no ato da corrida, se o passageiro é, de fato, quem solicitou e isso inibiria a ação de criminosos com medo de mostrar o rosto.”

Medidas de segurança

Em resposta aos episódios de violência envolvendo os colaboradores, as empresas que gerem os aplicativos asseguram que estão adotando alternativas para resguardar os motoristas. Em nota enviada ao Metrópoles, a Uber afirmou ter a “segurança como prioridade”.

De acordo com a empresa, uma medida recente adotada pela plataforma foi a cobrança do CPF e da data de nascimento do usuário que deseja pagar corridas em dinheiro. A verificação entrou em vigor no meio do ano passado. Em outros locais do país, motoristas já podem se recusar a fazer corridas com pagamento em espécie.

O rastreamento por GPS, as avaliações pessoais entre usuários e recursos que permitam acionar as autoridades também estão entre as medidas de segurança da empresa. “Além disso, desde o ano passado, a Uber vem utilizando no Brasil uma ferramenta que bloqueia as viagens consideradas potencialmente mais arriscadas, a menos que o usuário forneça detalhes adicionais de identificação”, disse.

Já a 99 afirmou à reportagem que está “apurando os casos” dos dois motoristas mortos no DF. Sobre as alternativas de segurança oferecidas aos colaboradores, a companhia respondeu que já permite ao motorista ter acesso a informações sobre o destino final da corrida.

Ainda de acordo com o informado pela 99, as corridas do app são monitoradas por câmeras embarcadas nos carros e conectadas à central de segurança da empresa. Os equipamentos possuem um botão de emergência para casos de necessidade.

Por fim, afirmou ter uma central telefônica de emergência funcionando 24h durante toda a semana. “A 99 conta com um botão em formato de escudo na tela do app que permite aos usuários, motoristas e passageiros compartilharem rotas em tempo real e adicionar até cinco contatos de confiança”, explicou.

 

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