Sem reajuste, 100 delegados da Polícia Civil prometem entregar cargos
A pressão sobre o Palácio do Buriti deve aumentar ainda mais com a assembleia dos bombeiros e policiais militares marcada para quarta (17). A pauta dos militares também é a recomposição salarial
atualizado
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Sob a ameaça de entrega de centenas de cargos, o chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio, se reuniu na manhã desta segunda-feira (15/8) com representantes dos sindicatos da Polícia Civil para discutir o reajuste salarial e a paridade com a Polícia Federal. A categoria, entretanto, saiu insatisfeita, já que o Palácio do Buriti não apresentou proposta. Segundo o Sindicato dos Delegados de Polícia do DF (Sindepo), nesta terça (16) cerca de 100 delegados vão entregar os cargos. Entre eles, estaria o atual diretor-geral da Polícia Civil, Eric Seba, conforme informou o vice-presidente do sindicato, Rafael Sampaio.
“Entendemos que o governo encerrou as negociações com a Polícia Civil. Não fez propostas e, inclusive, retirou a que tinha feito anteriormente. Sequer agendou outra reunião. Falar que não tem um centavo para garantir o reajuste é uma falta de sensibilidade com o momento que estamos vivendo”, disse Rafael Sampaio. “Nunca vivemos uma situação como essa, paralisação de delegados, discussão do Fundo Constitucional e entrega de cargos. O diretor Eric Seba nos prometeu fazer isso e vamos cobrá-lo”, disse. “A instituição vai viver o caos”, completou.
A remoção de corpos decorrentes de morte natural foi suspensa por tempo indeterminado. Os policiais civis também alegam que a função é da Secretaria de Saúde. Os peritos criminais também prometeram entregar os cargos durante o ato de amanhã, a exemplo dos papiloscopistas e médicos-legistas. Com isso, todas as perícias e investigações serão prejudicadas. Uma nova greve não está descartada.
Caso a categoria entre em greve, o Palácio do Buriti não descarta acionar o Ministério Público para que o Núcleo de Controle da Atividade Policial (NCAP) entre com novo pedido de ilegalidade do movimento na Justiça.
A situação que o governo se encontra não permite conceder reajustes. Estamos em diálogo com o governo federal para encontrar uma alternativa. Por enquanto, estamos de mãos atadas
Sérgio Sampaio, chefe da Casa Civil
Ele acrescentou que, mesmo sem qualquer reajuste, o governo ainda não tem como sair do vermelho em 2016. “Precisamos arrumar recursos na ordem de R$ 1 bilhão para conseguir fechar o ano. Passamos o fim de semana reunidos, estudando profundamente qual esforço financeiro poderíamos fazer. Olhamos projeções e vimos que a nossa atual situação não nos permite aumento de despesas sem que tenhamos novas receitas”, completou.
Recursos
Na última semana, Rollemberg argumentou que o DF não tem caixa para bancar o aumento. “Nós reconhecemos que a isonomia é justa, mas precisamos apresentar uma proposta concreta. Nós tivemos dois anos de recessão, de redução da arrecadação e é claro que isso cria dificuldade para qualquer tipo de aumento. Nós estamos examinando com a maior boa vontade, para ver qual a proposta que podemos fazer para a Polícia Civil. Não adianta de nada eu fazer uma promessa se não puder honrar esse compromisso”, declarou o governador ao Metrópoles.
Após a reunião, o chefe da Casa Civil repetiu o discurso. Pediu paciência aos policiais, Explicou que o governador esteve reunido até com o presidente em exercício Michel Temer (PMDB), semana passada, para tentar viabilizar o aumento.
Em reunião no último dia 2, o GDF ofereceu aumento escalonado: 7% em outubro de 2017; 10% em outubro de 2018; e 10% no mesmo mês de 2019. Já no fim da tarde do mesmo dia, durante um novo encontro, surgiram outras duas propostas.
A primeira estipulava 23% em agosto de 2017; 4,75% em janeiro de 2018 e 4,5% em janeiro 2019. Na outra sugestão, os percentuais são de 10% em janeiro de 2017; 13% em agosto de 2017; 4,75% em janeiro de 2018 e 4,50% em janeiro de 2019. As duas propostas foram rejeitadas.
Polícia Militar
A pressão no Buriti deve aumentar ainda mais com a assembleia dos bombeiros e policiais militares marcada para quarta (17). A pauta dos militares também é a recomposição salarial.
“Queremos o mesmo reajuste que a Polícia Civil conseguir. As duas instituições são fundamentais e se complementam. Não há motivo para se criar uma hierarquia. Entendemos as necessidades da PCDF, apoiamos o movimento, mas queremos um tratamento igualitário”, explicou o presidente da Associação dos Oficiais da Reserva Remunerada e Reformados da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros (Assor), coronel Wellington Nascimento.
Nascimento descartou a deflagração da operação tartaruga caso o governo não atenda a revindicação. “Temos outros meios de pressionar o governo sem infringir a lei. vamos recorrer aos deputados federais, a Câmara Legislativa e, até mesmo, a população do DF que conhece o nosso trabalho. Vamos fazer uma análise das finanças do governo e decidir os próximos passos em assembleia”, concluiu.