Seis meses após matar vigilante no Gama, PM segue na corporação
Yuri Rodrigues da Silva Miranda cumpre funções administrativas em Goiás enquanto aguarda processo. Viúva da vítima reclama de impunidade
atualizado
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No dia 23 de outubro do ano passado, uma discussão em uma boate no Gama acabou com a morte do vigilante Kássio Enrique Ribeiro de Souza, 26 anos, que trabalhava no local. Kadu, como era conhecido, foi baleado por Yuri Rafael Rodrigues da Silva Miranda, policial militar de Goiás.
Porém, seis meses após o crime, o policial segue na corporação. Segundo a Polícia Militar de Goiás, um processo foi aberto na corregedoria. Mas enquanto não há uma decisão sobre o caso, Yuri cumpre funções administrativas, sem outras sanções.
A situação causa indignação na família da vítima. “Parece que o caso caiu no esquecimento da Justiça. Tem sido muito difícil esses seis meses sem o Kadu”, conta a viúva Erica Carvalho. Grávida na época do crime, ela deu à luz a segunda filha há duas semanas e depende da ajuda da mãe para sustentar a casa onde mora, em Luziânia (GO).A mãe da vítima, Iberenice Ribeiro dos Santos, também revolta-se. “Ele (Yuri) não foi preso, mesmo com todas as provas. Sequer foi condenado a pagar pensão para meus netos, que dependiam do pai. Trabalho como doméstica, não é sempre que consigo dar assistência”, relata. Além das duas filhas com Erica, Kadu tinha outra filha, de seis anos, de um relacionamento anterior. “Se fosse o contrário, se meu filho tivesse matado um policial, seria muito diferente”.
A ação criminal contra Yuri chegou ao Tribunal do Juri do Gama em dezembro do ano passado e segue em tramitação até o momento. No dia do crime, o acusado conseguiu o direito de responder ao processo em liberdade. Uma decisão preliminar estabeleceu apenas que o réu deve manter-se distante 200m da família da vítima ou de testemunhas, além de apresentar-se mensalmente a um cartório.
No processo, disponível no site do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, consta que a primeira audiência está marcada para o dia 8 de junho. O PM é acusado de homicídio com as qualificadoras de motivo fútil e sem possibilidade de defesa da vítima. De antemão, o advogado do policial, Divaldo Theophilo de Oliveira Netto, alega que recorrerá ao Superior Tribunal de Justiça caso o réu seja condenado.
Relembre o caso
Segundo testemunhas, Yuri estava à paisana, dentro de um carro que estaria estacionado em local proibido ao chegar à festa onde o crime ocorreu. Ele e o motorista teriam sido questionados por Kássio. De acordo com o relato, o segurança pediu a retirada do veículo.
Em seguida, ainda segundo a testemunha, o PM, que estaria bêbado no momento, chamou o vigilante para uma briga, sacou a arma e disparou cinco vezes contra a vítima. Um dos tiros acertou o rosto do rapaz.
No momento do homicídio, a mãe de Kadu estava no local. Iberenice também trabalhava no dia como vigilante e era responsável por fazer revistas femininas na festa. Ela viu o momento em que o filho foi atingido e entrou em desespero.