Secretário quer barrar a transferência de líderes de facções para o DF
Titular da Segurança Pública, Anderson Torres se reunirá com a cúpula do Depen para evitar a chegada de criminosos como Marcola e Beira-Mar
atualizado
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Líderes de duas das facções criminosas mais perigosas do país podem desembarcar no Distrito Federal para cumprir pena no recém-inaugurado presídio federal (foto em destaque). No entanto, preocupado com os bandidos que ocupam altos escalões do Primeiro Comando da Capital (PCC) e do Comando Vermelho (CV), o secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, se reunirá, nas próximas semanas, com integrantes da cúpula do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) a fun de tentar evitar a vinda desses detentos.
Em entrevista ao Metrópoles, o chefe da pasta afirmou pretender impedir que criminosos como o líder do PCC, Marcos Herbas Camacho, o Marcola, que cumpre pena no presídio federal de Presidente Venceslau (SP); e Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, do CV, encarcerado no presídio federal de Porto Velho (RO), venham para Brasília. “Vamos participar de reuniões no Depen e expor nosso posicionamento quanto à vinda desses presos”, disse Torres.
Torres ressaltou que a crise no sistema penitenciário de todo o país se agravou com a recente explosão de violência no Ceará, o que provoca ainda mais tensão dentro das cadeias. “Sabemos que todas as ordens de ataques orquestrados por essas facções criminosas partem de dentro dos presídios. Aconteceu dessa forma no Rio Grande do Norte, durante a rebelião de Alcaçuz, e ocorreu o mesmo com os ataques no Ceará”, disse.
Célula criminosa
A chegada de figurões das facções criminosas costuma movimentar a criminalidade nos estados para onde eles são transferidos. De acordo com o subsecretário do Sistema Penitenciário do DF (Sesipe), delegado Adval Cardoso de Matos, existem células criminosas que acompanham os líderes das organizações onde quer que eles estejam.
São advogados, parentes e comparsas que costumam trabalhar em favor das facções. “Existem crimes que são praticados nas ruas a mando dos líderes que estão presos. Há todo um esquema montado para garantir a perpetuação do esquema criminoso, e isso envolve ataques contra autoridades e roubos de grande porte contra bancos e carros-fortes, por exemplo”, ressaltou o policial.
O serviço de inteligência da Secretaria de Segurança Pública, que opera dentro das cadeias, já identificou que existe uma expectativa a respeito da presença de líderes das facções criminosa em Brasília. “De certa forma, isso mexe com o temperamento dos internos, que, muitas vezes, querem se mostrar importantes e que reúnem condições de participar das facções. Esses líderes costumam ser vistos como ‘heróis’ pelos outros presos, e isso queremos evitar”, explicou o secretário de Segurança Pública, Anderson Torres.
Primeiros internos
A nova penitenciária federal de segurança máxima, inaugurada em 16 de outubro do ano passado, já conta com seus três primeiros detentos. São criminosos que integram o PCC e que foram presos pela PF no mesmo mês de transferência para o DF. O trio estava encarcerado em uma cadeia federal na cidade de Porto Velho, em Rondônia, onde ainda está Fernandinho Beira-Mar.
De acordo com investigações da Polícia Federal, Roberto Soriano, Wanderson Lima e Abel de Andrade são suspeitos de organizarem uma série de ataques contra forças de segurança em pelo menos seis estados do país. O plano foi descoberto, e as prisões foram feitas antes que os atentados ocorressem. Eles são apontados como membros do alto escalão da organização criminosa.
Segundo informações do Depen, responsável pela gestão dos presídios federais, os detentos foram colocados sob Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), no qual o apenado permanece 22 horas por dia dentro da cela e não tem contato com outros internos. Os três foram alocados na única ala inaugurada até agora – o local conta com 50 celas individuais, erguidas em uma estrutura de concreto armado e monitorada 24 horas por dia.
No Entorno
Recentemente, as forças policiais da capital do país passaram a ter uma preocupação a mais em relação a duas cidades goianas próximas ao Distrito Federal: Formosa e Anápolis. Em fevereiro de 2018, o governo de Goiás inaugurou dois presídios nessas localidades, que passaram a abrigar detentos de alta periculosidade.
A fim de evitar confrontos entre presos integrantes das duas maiores facções criminosas do Brasil, a administração penitenciária do estado vizinho optou por segregá-las. Para a unidade de Formosa, são mandados os detentos identificados como membros do Comando Vermelho. Já os presos fiéis ao Primeiro Comando da Capital são mantidos em Anápolis.
O agrupamento de encarcerados extremamente organizados e violentos em unidades distintas fez a Polícia Militar do Distrito Federal alterar a forma de patrulhar as regiões mais próximas às saídas para essas duas cidades, conforme o Metrópoles noticiou em agosto passado. Segundo o comando da corporação, houve orientação para os batalhões de área e as unidades especializadas da PMDF (Rotam e Patamo) reforçarem o efetivo em Planaltina – que faz divisa com Formosa – e nas redondezas de Alexânia, cidade vizinha do DF que está na rota para Anápolis.