Químico se inspira em Breaking Bad, cria droga e está foragido

Você já ouviu falar da série “Breaking Bad”, na qual um professor de química dos Estados Unidos elabora uma nova fórmula para produzir meta-anfetamina mais concentrada e potente e, com a ajuda de um aluno, lucra com o comércio ilegal? A história de ficção inspirou o químico Lincon Castro da Rocha Filho, 60 anos, que criou um esquema para fabricar e vender cápsulas emagrecedoras.

Uma megaoperação da Polícia Civil do Distrito Federal desmantelou a ação da quadrilha nesta terça-feira (14/6). O remédio, chamado de New Life, era fabricado clandestinamente no Jardim Atlântico, em Goiânia, e vendido para todo o Brasil por meio de páginas na internet. Como o grupo também comercializava o produto no Distrito Federal, uma das denúncias partiu daqui.

A promessa do remédio era reduzir medidas com base em uma fórmula supostamente natural. Cada pote, com 45 cápsulas, era comercializado por cerca de R$ 110. A investigação durou um ano e foi conduzida pela Coordenação de Repressão a Crimes contra o Consumidor, Ordem Tributária e Fraudes (Corf).

Dois dos distribuidores foram presos na segunda-feira (13), no município de Cezarina, em Goiás, mas Lincon (foto abaixo), que mora na capital do estado, está foragido. Buscas também foram realizadas na cidade de Bom Jesus. Na manhã desta terça (14), os investigadores da PCDF foram até o laboratório da marca, em Goiânia, mas encontraram apenas a lista de revendedores, os medicamentos usados na mistura do New Life e objetos pessoais.

Analisando o produto, foi encontrada a substância clobenzorex, relacionada como droga pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e conhecida como produto anoréxico. No local, também foi encontrado um livro que fala sobre a filosofia da série “Breaking Bad”.

Também foi apreendido um caderno com nomes de clientes e números. A Polícia Civil acredita que após periciar o material, conseguirá estimar o lucro da quadrilha.

Fabricação ilegal
Não é a primeira vez que a Polícia Civil do DF desmantela uma organização especializada na fabricação de medicamentos. Em dezembro do ano passado, a corporação prendeu dois homens acusados de liderarem uma quadrilha que vendia medicamentos a base de fosfoetanolamina, conhecido como pílula do câncer, composto em fase de testes e ainda não aprovado pela Anvisa.

Jonas Lutzer, o líder da quadrilha, foi preso em sua casa, em Sobradinho. Ele era responsável pela comercialização do produto e pelo contato com possíveis clientes. O irmão dele, Sérgio Lutzer, era o químico responsável pela produção dos remédios e foi preso na cidade de Conchal (SP), onde ficava a fábrica do grupo.

Outras três pessoas da mesma família ainda são procuradas. Sérgio Alexandre Lutzer e Ana Hileia Lutzer eram os responsáveis pela embalagem do produto. Maria Madalena Lutzer fazia o envio dos medicamentos. A polícia estima que a quadrilha faturava cerca de R$ 900 mil por mês.

Segundo a PCDF, os medicamentos eram vendidos principalmente a pessoas que desejavam o remédio, mas não conseguiam participar dos testes realizados pela Universidade de São Paulo (USP) e, por isso, procuravam meios ilícitos.