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Preso que dividia cela com 35 é espancado e morto dentro da Papuda

Detento que aguardava julgamento no Bloco 6, do Centro de Detenção Provisória (CDP), foi espancado e enforcado por rivais

atualizado

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complexo da pauda
1 de 1 complexo da pauda - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Um homem preso na Papuda foi assassinado na noite desta quarta-feira (15/3) depois de ser espancado pelos colegas de cela. Leonardo Filipe Dias, de 21 anos, morreu ainda na prisão, mas seu corpo chegou a ser levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São Sebastião.

O preso, que aguardava julgamento no Bloco 6, do Centro de Detenção Provisória (CDP), foi enforcado por outros internos. Ao todo, 36 homens ocupavam a cela no momento do crime.

Embora tivesse gritado por socorro, as autoridades não chegaram a tempo de salvar o detento, que respondia por crimes como os de tentativa de latrocínio (quando ainda era adolescente), roubo a pedestre, porte ilegal de arma de fogo e receptação.

Os investigadores da 30ª Delegacia de Polícia (São Sebastião) autuaram, em flagrante, 11 internos pelo homicídio.

A morte de Leonardo foi o desfecho de uma briga entre facções. De acordo com fontes policiais ouvidas pelo Metrópoles, a vítima pertencia a uma das gangues de Planaltina. Teria sido atacado por rivais que o “julgaram” e o “condenaram” a passar pelo suplício do chamado “tribunal do crime”, um jargão usado pelos próprios bandidos. No caso, o “veredicto” teria sido o de espancamento coletivo. No entanto, a vítima não resistiu aos socos, chutes e, por fim, enforcamento.

Ele morreu ainda dentro da cadeia, mas em vez de chamar o Samu, como manda o protocolo, Leonardo foi conduzido à UPA de São Sebastião, onde sua morte foi atestada. Em seguida, o corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), que fica no Departamento de Polícia Especializada, ao lado do Parque da Cidade.

Leonardo e os outros presos envolvidos no assassinato pertenceriam a gangues como a do Pombal e do Jardim Roriz. Os grupos travam, há anos, uma sangrenta disputa por pontos de venda de drogas em Planaltina. Em 16 de junho do ano passado, o Metrópoles já havia publicado uma reportagem sobre a disputa entre as facções que agem na cidade.

Guerra sangrenta
Os investigadores da 31ª DP (Planaltina) mapearam os territórios ocupados pelas gangues, verificaram o nível de organização dos criminosos e descobriram as engrenagens que movimentam a máquina criminosa das quadrilhas. Todos os detalhes fazem parte de relatórios produzidos pelos investigadores.

De acordo com as apurações, três gangues de Planaltina — a Pombal, a Pé de Rôdo (que age no Arapoanga) e a que domina a área Buritis IV — se juntaram em uma. A facção deu origem a um grupo criminoso que passou a se chamar Crime, Morte e Maldição (CMM). O bando faz questão de deixar sua marcas nos muros das quadras que dividem seus territórios.

A CMM é inimiga da gangue que age no Jardim Roriz, que se uniu a outras facções do Arapoanga, como as quadrilhas do Triunfo, Bola 10, Morrinho e Dona América. Essa guerra matou, somente entre janeiro e agosto do ano passado, 38 jovens em Planaltina.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social disse que a 30ª DP abriu inquérito para investigar as circunstâncias da morte do detento que estava sob custódia.

O Complexo Penitenciário da Papuda abriga cerca de 14 mil presos. O CDP, onde ocorreu a execução, é uma das unidades mais superlotadas do sistema. Tem cerca de 4,5 mil internos. Na unidade, ficam os homens que ainda não foram julgados.

Em maio do ano passado, um outro preso foi encontrado morto no local. Ioseph Willian Rodrigues Maciel, 20, estava no interior de uma cela quando teria levado várias facadas de um outro detento. O caso foi registrado na 30ª DP.

 

 

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