Preso envolvido na venda de comida podre tinha R$ 2 mi em selos falsos
Com um dos detidos por receptação e comercialização, em supermercados, de produtos roubados, PCDF encontrou selos dos Correios falsificados
atualizado
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Um dos presos da Operação Latrinariam (papel higiênico, em latim), deflagrada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) na última quarta-feira (7/11), responderá por crime contra o serviço postal, além das acusações imputadas aos outros 12 investigados. Ele integra um grupo detido por, entre outros delitos, vender comida podre em supermercados Alvorada em Valparaíso (GO) e Santa Maria.
Durante o cumprimento do mandado de prisão na casa do suspeito, em Valparaíso de Goiás, investigadores da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri) encontraram cerca de 1,3 milhão de selos dos Correios – todos falsificados. Segundo estimativa dos investigadores, o prejuízo à União poderia chegar a R$ 2 milhões. A identidade do criminoso é mantida em sigilo para não atrapalhar as apurações.
O material estava dentro de caixas, acondicionado em envelopes de papel pardo, em um dos cômodos da casa. Ainda, para dar a impressão de que as peças eram oficiais, o falsificador estampou a logomarca da Casa da Moeda em plástico-filme.
À polícia, o suspeito confessou a posse dos selos, mas defendeu-se dizendo apenas manter a guarda do material. Quanto aos produtos gráficos, ele alegou não saber do que se tratava.
De acordo com o delegado da Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF) da Corpatri, Tiago Carvalho, os selos apreendidos foram submetidos à análise da área de segurança da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), que imediatamente identificou as impressões falsas.
O papel usado era bastante similar, mas sinais identificadores e de segurança, como o corte e a textura, mostraram que era falsificado
Tiago Carvalho, delegado da Corpatri
Prejuízo
O custo unitário estampado em cada selo variava de R$ 1,25 a R$ 1,85. “A gente estima que um prejuízo de mais de R$ 2 milhões foi evitado com essa apreensão”, avalia o delegado.
“Se você, por exemplo, tem uma empresa que precisa enviar cartas ou mesmo tenha vencido uma licitação que prevê esse tipo de serviço, tem o custo do selo. O que os fraudadores fazem? Fabricam ou compram itens falsos como forma de não ter gastos para superfaturar os lucros”, explicou Tiago Carvalho.
Polícia Federal
Como o crime foi cometido contra uma empresa pública da União, o caso descoberto pela Polícia Civil do DF será remetido à Polícia Federal. Amostras das falsificações serão encaminhadas tanto para os Correios como para a Casa da Moeda, para avaliação.
O responsável por guardar os selos não apontou quem seria o fabricante ou o distribuidor do material. Conforme informou ao Metrópoles o agente envolvido no flagrante, a simples guarda de produtos postais fraudados implica em pena de até 8 anos de prisão.
Operação Latrinariam
A Polícia Civil deflagrou a operação na manhã do dia 7 de novembro, para desarticular uma organização criminosa suspeita de furto e receptação de cargas.
De acordo com as investigações da Corpatri, os produtos eram desviados das fornecedoras e revendidos em supermercados nas regiões de Santa Maria e Valparaíso de Goiás, no Entorno do DF. O prejuízo ultrapassa R$ 1,5 milhão, segundo a polícia.
A ação tinha como alvos donos e funcionários da rede de supermercados Alvorada, além de motoristas de caminhões fretados.
“Esse mercado [Alvorada] mistura a venda de produtos lícitos com ilícitos. Acreditamos que grande parte das mercadorias é ilícita, advinda do furto de cargas. A função do supermercado era revender esses produtos e adquirir lucro para a organização criminosa”, explicou o delegado Luiz Fernando, da Corpatri.
Durante as buscas, os policiais flagraram carnes armazenadas em locais inapropriados, comida podre e até mesmo a presença de gatos e insetos na área do açougue.